O aprofundamento das contradições no seio do capitalismo internacional se faz sentir também na gigantesca nação asiática, levando a um recrudescimento da combatividade histórica de um povo que, ao contrário das patranhas que os inimigos contam, não se rende à opressão.
Mesmo sob as condições severamente adversas da repressão especialmente brutal e das profundas dificuldades práticas para a organização proletária no sentido de levar a cabo ações conjuntas de classe, as massas trabalhadoras chinesas vêm protagonizando protestos agigantados e greves radicalizadas, sobretudo ao longo da última década.
Multiplicam-se os protestos e greves pelo pagamento de horas extras, pela compensação por causa do deslocamento de trabalhadores, contra a corrupção, por aumentos salariais, contra os cortes em salários e aposentadorias, por melhores condições de trabalho e reduções na jornada, por educação e benefícios à saúde, contra privatizações, enfim, por tudo o que lutam os trabalhadores do mundo arrochados pelos monopólios, pelo capital em geral sufocado pela crise e que atinge com truculência o proletariado com seus espasmos de moribundo.
A ação recente que alcançou maior repercussão foi a ameaça de suicídio coletivo no fim de abril em uma das fábricas de componentes eletrônicos da empresa Foxconn na China. Indignados com os baixos salários pagos pela maior fornecedora de peças para a montagem do famoso iPad e do iPhone, cerca de 200 operários ameaçaram se jogar do alto da fábrica.
Radicalizar a luta contra os maiores inimigos
Os suicídios têm sido, dramaticamente, uma forma de luta dos trabalhadores da Foxconn. Depois de uma série de casos de operários que tiraram a própria vida em protesto contra as péssimas condições de trabalho na maior empregadora privada do capitalismo chinês, em cujas fábricas trabalham 1,2 milhão de pessoas, a Foxconn anunciou em março deste ano um arremedo de “acordo” com o qual, disse, melhoraria as condições de trabalho em suas fábricas chinesas – uma verdadeira maquiagem na exploração sem limites avalizada pela administração revisionista da China.
Na mesma semana em que 200 trabalhadores mal pagos chegavam ao extremo de ameaçarem se atirar do alto da fábrica, tamanho é o drama das suas condições gerais de vida, a ianque Apple, fabricante do iPad, anunciou um aumento de 100% no seu lucro trimestral, impulsionado sobretudo pelas vendas exatamente dos iPads e iPhones fabricados na China sob um regime de extrema exploração da força de trabalho local.
Muitas das greves e demais ações de classe levadas a cabo nos últimos tempos pelo proletariado chinês terminam quando os patrões concedem tímidos aumentos salariais ou satisfazem um e outro pontos das pautas de reivindicações. Outras, por outro lado, assumem grandeza mais consequente e radicalizada. Como já foi dito, as condições para a organização e luta dos trabalhadores na China são especialmente adversas. Quando participam de greves, os operários costumam ser demitidos e até presos – mais do que em outras nações. Os minguados aumentos salariais conquistados a duras penas são muitas vezes diluídos pela alta inflação.
Além de tudo isso, com a crise geral dos monopólios, o desemprego na China vem crescendo. Informações da Federação de Indústrias de Hong Kong mostram que um terço das empresas da região autônoma vão fechar ou encolher, penalizando dezenas de milhares de trabalhadores que irão para o olho da rua.
Diante deste cenário, só resta mesmo ao proletariado chinês radicalizar suas lutas contra seus maiores inimigos: o capital estrangeiro, o patronato local e o Estado opressor.