Para cada luta de resistência econômica que se encerra, um novo movimento se levanta com novos milhares de trabalhadores em greve. Desde o início do ano mais de um milhão de trabalhadores já participaram de greves em todo o país. Nesse momento, trabalhadores do correio realizam paralisação nacional.
Bancários: mais de 1/3 das agências paradas
Agência do Itaú na Praça Sete em Belo Horizonte
A greve nacional dos bancários iniciou no dia 18 de setembro com 5.132 agências paradas. Segundo dados do Banco Central, em todo o país existem, ao todo, 21.713 agências.
Três dias após a deflagração da greve, o movimento já havia se estendido a 9.092 agências e, passada uma semana, ultrapassou as 9.400.
As reivindicações dos bancários eram: reajuste de 10,25% nos salários (aumento real de 5%), participação nos lucros e resultados equivalente a três salários mais R$ 4.961,25 fixos, piso salarial de R$ 2.416,38, criação do 13º auxílio-refeição, o fim da rotatividade e das metas abusivas impostas pelas instituições, melhores condições de saúde e trabalho e mais segurança nas agências.
A federação dos bancos apresentou a proposta de 6% de reajuste no dia 28 de agosto.
No dia 26, após nove dias de paralisação, em longa negociação, os bancários aceitaram proposta de reajuste de 7,5%. Os demais itens da pauta foram atendidos em percentuais muito inferiores aos reivindicados pela categoria.
Pontos exclusivos dos trabalhadores da Caixa e do Banco do Brasil foram apresentados separadamente e apenas os funcionários da Caixa decidiram permanecer parados. Até o fechamento desta edição de AND eles ainda não tinham voltado ao trabalho.
Correios: trabalhadores enfrentam oportunismo e ganância patronal
Trabalhadores dos Correios conseguiram 6,5% de aumento, após greve
Os trabalhadores dos Correios estão em greve desde o dia 19 de setembro. Na assembleia realizada no dia 21, eles rechaçaram as propostas patronais, inicialmente de 3%, depois de 5,2% de reajuste e aumento linear de R$ 80.
Os trabalhadores mobilizaram-se em 23 capitais, realizando protestos massivos e interrompendo total ou parcialmente os trabalhos.
Nas assembleias da categoria, há luta e resistência dos trabalhadores de base contra grupos oportunistas que, desde o Comando Nacional de Negociação e Mobilização da campanha salarial, manipulam, por um lado orientando suas bases sindicais a furarem a greve e, por outro, rebaixando a pauta de reivindicações para fechar acordos lesivos aos trabalhadores com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ETC.
Os trabalhadores também denunciam a proposta elaborada pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), ligada à CUT, que apresentou uma proposta de aumento linear de R$ 200, reposição da inflação de 7,16%, como manobra para impedir que as reivindicações da categoria sejam debatidas e para que a proposta patronal seja aceita.
Em 21 de setembro, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, seguindo a linha que o gerenciamento petista já vem aplicando contra greves anteriores, atacou a greve dos trabalhadores dos correios.
Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, ela afirmou que o direito de reivindicar não pode ferir o direito do cidadão de ter acesso a serviços essenciais. Mais uma vez, um ministro da gerência Rousseff ataca uma greve alegando haver “limites orçamentários”. E mais, não se contentando em atacar a greve dos Correios, ela abre fogo contra o direito constitucional à greve:
— Nós já temos projetos de lei sobre o direito de greve em tramitação no Congresso Nacional com o propósito de regular o direito de greve. Acho que esse debate o congresso deve a sociedade brasileira, deve o debate, deve uma definição [fonte: r7.com em 21 de setembro de 2012].
No dia 25, aconteceu uma audiência oficial de conciliação entre Fentect e ECT. Nela, a ministra do Tribunal Superior do Trabalho sequer abriu discussão até mesmo para as propostas rebaixadas apresentadas pela CUT/PT/CTB/pecedobê, alegando que as assembleias em que elas foram apresentadas não deveriam sequer ter votado índices já “rejeitados pela ECT”.
Os trabalhadores dos Correios seguem em greve e, em muitas localidades, organizam-se de forma independente das direções pelegas. Eles lutam por 43% de reajuste (33% de reposição e 10% de aumento real), aumento linear de R$ 200, benefícios, pela manutenção e não retirada de itens do plano de saúde empresarial, pagamento de bonificação no final de ano, melhorias das condições de trabalho e pela imediata contratação dos candidatos aprovados no último concurso para os Correios.
Universidades: greve nacional termina após 110 dias
A greve nas universidades federais, deflagrada no dia 17 de maio, foi encerrada após assembleia do Comando Nacional de Greve dirigido pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes – SN) em 16 de setembro. As últimas universidades ainda paralisadas decidiram encerrar a greve de forma unificada.
A paralisação nacional chegou a ter adesão de 57 das 59 universidades federais.
O movimento grevista dos docentes pela reestruturação da carreira docente e melhores condições de trabalho ganhou a adesão da greve estudantil contra o Reuni e contra a destruição da universidade pública. Com a deflagração da greve dos servidores, as universidades e institutos técnicos federais vivenciaram uma das maiores mobilizações da história da universidade pública brasileira, com uma greve nacional unificada e, em vários setores, radicalizada.
A greve nacional terminou sem conquistas ou com pouquíssimas conquistas após 110 dias de intransigência do governo, que se recusou a negociar as reivindicações dos trabalhadores e estudantes e impôs o que na prática significou o achatamento salarial para docentes e servidores.
Balanços seguem sendo realizados pelos comandos locais de greve, que saúdam o ganho político com a luta, que contou com grande adesão dos setores democráticos da universidade e apontam para a necessidade de maior mobilização, luta e radicalização das ações, maior capacidade e decisão da sua organização para fazer frente aos inimigos da universidade púbica.
Pará: greve operária arranca conquistas
A greve dos operários da construção de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, durou 17 dias e foi encerrada em 20 de setembro com importantes conquistas para a categoria.
Já no dia 14, a grande mobilização que paralisou a maioria dos canteiros de obras da região obrigou os empresários do setor a pagarem os dias parados durante a greve. Ainda assim a categoria decidiu manter a paralisação até a conquista de suas reivindicações.
No dia 19, dois mil operários lotaram a Rua 9 de Janeiro, em frente ao sindicato da categoria. Os operários protestaram contra a intransigência patronal, que se recusou a atender as reivindicações dos grevistas.
A decisão sobre a greve foi tomada através de dissídio coletivo.
Os oficiais (pedreiros, carpinteiros, pintores, ferreiros etc.) e ajudantes conquistaram 9,23% de reajuste salarial. Os encarregados, mestres-de-obras e meio-oficiais conquistaram um índice de reajuste de 8,5%. O sindicato manteve garantido o acesso diário de seus diretores nos canteiros de obras, direito que o Sinduscon (sindicato patronal) tentava retirar.
Também foi mantido o pagamento de salários aos trabalhadores acidentados até que saia a primeira parcela do beneficio do INSS, conquista arrancada na greve anterior e que era alvo de ataque dos empresários.
Na pauta específica das mulheres operárias, as empresas se prontificaram a promover a sua qualificação profissional.
Rio Grande do Sul: quatro mil operários paralisam refinaria da Petrobras
Trabalhadores da Refap decidiram pela greve em assembleia no dia 14/09
Os cerca de 4 mil funcionários das oito empresas que atuam na obra de ampliação da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas – RS, entraram em greve por tempo indeterminado. Os trabalhadores são prestadores de serviços de empreiteiras terceirizadas pela Petrobras.
Antes da paralisação, foram realizadas reuniões entre os trabalhadores e as oito empreiteiras envolvidas, porém não houve acordo. A decisão pela greve foi tomada durante assembleia geral do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Porto Alegre realizada no dia 14 de setembro.
A pauta de reivindicações dos operários inclui:
- Reajuste de 10% nos salários.
- Participação nos lucros e resultados no valor de 3 mil reais, divididos em duas parcelas semestrais.
- Vale alimentação de 150 reais.
- Vale Rancho de 225 reais.
- Adicional de 100% nas horas extras.
- Redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais.
- Um delegado sindical a cada 200 trabalhadores
- Vale assiduidade de R$ 150 com desconto de apenas R$ 1 no contracheque.