Piauí
Greve geral na construção em Teresina
Teresina: mais de cem obras paradas contra ganância patronal
Milhares de trabalhadores da construção de Teresina aderiram à greve geral deflagrada em 15 de janeiro. Os operários reivindicam reajuste salarial, plano de saúde, vale transporte, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) das empresas contratantes, entre outras demandas. A greve paralisa uma série de obras residenciais, sendo duas delas do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário do Médio Parnaíba – Sitricom decidiu pela paralisação após uma série de infrutíferas rodadas de negociações com os representantes do sindicato patronal. Uma massiva assembléia realizada no dia 10 de janeiro decidiu pela greve.
Os operários repudiaram o reajuste de 6,67% oferecido pelos patrões e reivindicam 19%. De acordo com o blog do Sitricom [sitricom.blogspot.com] os salários dos trabalhadores da construção no Piauí, de acordo com a CCT 2010/2011, eram:
NÃO OFICIAL
R$ 557,00 30 dias
R$ 18,57 Diária
R$ 2,57 Hora Normal
R$ 3,81 Hora Extra 50%
R$ 5,08 Hora Extra 100%
MEIO OFICIAL
R$ 624,00 30 dias
R$ 20,80 Diária
R$ 2,84 Hora Normal
R$ 4,26 Hora Extra 50%
R$ 5,68 Hora Extra 100%
OFICIAL (11,10%)
R$ 800,00 30 dias
R$ 26,67 Diária
R$ 3,64 Hora Normal
R$ 5,46 Hora Extra 50%
R$ 7,28 Hora Extra 100%
OFICIAIS GRADUADOS
R$ 1.290,00 30 dias
R$ 43,00 Diária
R$ 5,87 Hora Normal
R$ 8,81 Hora Extra 50%
R$ 11,74 Hora Extra 100%
Diante da intransigência patronal, no dia 16 de janeiro os operários bloquearam a Avenida Frei Serafim, no Centro de Teresina. Agentes do batalhão de trânsito da Polícia Militar tentaram, em vão, desbloquear as vias. Os operários mantiveram o bloqueio agitando palavras de ordem. Na manhã do dia 17 a Avenida Frei Serafim foi novamente bloqueada. Centenas de operários participaram da mobilização e fizeram agitação para a população esclarecendo os motivos da greve.
Durante os protestos, seguranças da Universidade Federal do Piauí (UFPI) tentaram obrigar os operários de uma obra no local a permanecerem no posto de trabalho. Segundo relatos dos grevistas, os seguranças chegaram a atirar para cima tentando intimidar, mas os membros do piquete da greve intervieram e a obra da universidade parou.
No segundo dia de greve mais de cem obras encontravam-se paralisadas. Os operários asseguram que, enquanto suas reivindicações não forem atendidas, não retornarão ao trabalho.
Pernambuco
Moradores de Porto de Galinhas enfrentam polícia
Do blog da redação de AND
Protesto responde a agressão policial com pedras e obstrução da via
Os moradores da comunidade Alto da Bela Vista, em Porto de Galinhas – PE, bloquearam a estrada PE-60 na manhã de 3 de janeiro, em protesto contra as obras de construção de quatro aterros particulares que, segundo eles, causam alagamentos no local em períodos de chuvas fortes.
Além disso, os manifestantes reclamam que as obras quebraram um cano, deixando a comunidade sem fornecimento de água.
O protesto ocorreu na PE-60, encontro com a PE-38, que é uma via de acesso às praias do Litoral Sul do estado.
O batalhão de choque da PM reprimiu o protesto com brutalidade, disparando bombas e lançando gás de pimenta contra a população. Os manifestantes responderam a agressão policial com pedras, paus e obstruindo a via. Dois moradores foram detidos.
Comprovado trabalho escravo nas obras do PAC
Com informações de Repórter Brasil
A Construtora BS Ltda., contratada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil para a construção da Usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, a 150 km de Porto Velho – RO, foi flagrada explorando 38 trabalhadores como escravos nessa obra e foi incluída na “lista suja” do trabalho escravo de 2011.
A construtora responde por 53 trabalhadores que, segundo denúncias, foram abandonados à própria sorte após a empresa declarar falência no ano passado.
Além de enfrentarem graves problemas relacionados aos alojamentos, segurança no trabalho, alimentação e saúde, os trabalhadores ainda eram submetidos a escravidão por dívidas que eram cobradas através de talões bancários. [foto]
Outras empresas que atuam no estado de Rondônia também fazem parte da “lista”:
- Construtora BS Ltda. – Rodovia BR-364, s/n, km 816, distrito de Jaci Paraná – Construção civil.
- Francisco Silva Cavalcante – Fazenda São Francisco – Margem Esquerda do Igarapé Preto, Linha 101, estrada do Núcleo Bandeirante, distrito de Jaci Paraná: Criação de bovinos para corte.
- José Carlos de Souza Barbeiro – Fazenda Tapyiratynga – Gleba Corumbiara, Linha 135, Setor 09, Lotes 51, 52, 61, 63A, 64B – Zona Rural – Corumbiara: Criação de bovinos
- Manoel Marchetti Ind. e Com. Ltda. – Rodovia BR-364, km 110, distrito de Jaci Paraná: Extração de madeira
- Manoel Roberto de Almeida Prado – Fazenda Novo Horizonte – Rodovia BR-364, km76/77, à direita, Patrimônio São Lourenço – Vilhena: Latifundiário.
- Roberto Demario Caldas – Fazenda São Joaquim / Mequéns Zona Rural, Pimenteiras do Oeste: Criação de bovinos.
Lista contém 294 criminosos escravagistas
Atualizada, a “lista suja” do trabalho escravo chega a 294 nomes. A relação cresceu com a entrada de 52 novos nomes. Entre os que entraram estão alguns dos principais grupos usineiros do país, madeireiras, empreiteiras, etc. Após serem flagrados explorando força de trabalho escrava, todas as pessoas e empresas tiveram chance de defesa em processos administrativos. Somente depois de esgotados todos os recursos, foram incluídas no cadastro.
Chama a atenção na lista o elevado número de trabalhadores libertados de cativeiros em plantações de cana-de-açúcar. Somente na Usina Santa Clotilde S/A, uma das principais de Alagoas, no ano de 2008, 401 trabalhadores foram libertados.
Os dados completos da lista e suas atualizações podem ser encontrados no seguinte endereço na internet: www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1978
Luta dos povos indígenas
Paramilitareas peruanos matam índios no Acre
Rosana Bond
Grupos de paramilitares peruanos estão invadindo território brasileiro, no Acre, há vários meses, provavelmente para fazer “limpeza” na selva, aterrorizando e matando índios, para que produtores de cocaína e traficantes possam se instalar. Essa é a suspeita da Funai.
No entanto, não se pode descartar que estejam também “à caça” de combatentes do Partido Comunista do Peru (PCP, chamado pelo monopólio da imprensa de Sendero Luminoso), que atua na área amazônica daquele país.
Essa possibilidade existe, pois os ditos paramilitares quase sempre são soldados ou ex-soldados do exército peruano, que agem contra o PCP em operações ilegais e encobertas, a mando do governo/gerência do Peru. Não raro acabam se aliando ao bilionário negócio das drogas. Como se sabe, boa parte da produção da pasta base da cocaína ocorre na Amazônia peruana, fronteiriça com o Brasil.
A última incursão do grupo paramilitar, armado com fuzis e metralhadoras, ocorreu em agosto dentro do território do Acre e foi flagrada pela Funai.
O mais grave é que desta vez eles mataram índios brasileiros denominados de Isolados, tribos que optaram por não ter (ou ter pouco) contato com a sociedade branca, refugiando-se no interior das matas. Tais indígenas são tidos pelos estudiosos como um precioso patrimônio cultural-étnico da nação brasileira.
Carlos Travassos, chefe da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) da Funai, informou que “os mateiros Chicão e Marreta encontraram uma mala com cascas de cartuchos roubados (pelos paramilitares peruanos) da base da Funai. Dentro estava um pedaço de flecha dos Isolados. Esses caras fizeram correria (matança) de índios Isolados, como a gente estava suspeitando. Temos agora uma prova cabal”.
E complementou: “Estamos mais do que nunca preocupados com a situação dos Isolados. Esta situação pode ser um dos maiores golpes já visto nos trabalhos de proteção dos índios Isolados das últimas décadas. Uma catástrofe, um genocídio”.
Travassos só não esclareceu porque a gerência Dilma, ao que se saiba, sequer protestou junto ao colega gerente peruano pelo ataque de agosto e pelos anteriores. Conivência com os operativos ilegais dos milicos do país vizinho?
Conforme o Relatório da Violência contra os Povos Indígenas no Brasil 2011(relativo ao ano passado), elaborado pelo Cimi, as informações sobre a realidade dos povos Isolados revelam situações desesperadoras.
Afirmou o documento: “Os territórios destes povos estão cada vez mais invadidos, ocupados e explorados, deixando-os em situações de permanente ameaça. Ao longo da história, estes grupos têm sido forçados a fugir, ou melhor, a adotar uma vida de fuga. As informações indicam que, em 2010, essa situação persistiu e se agravou, aumentando o risco de extinção destes grupos extremamente vulneráveis. Nem mesmo os grupos indígenas Isolados que buscam refúgio em terras demarcadas de outros povos ou em unidades de conservação estão protegidos. Ao mesmo tempo, o governo, que tem a obrigação de proteger esses povos, em vez de aumentar esforços para protegê-los, diminuiu o orçamento para esse trabalho em 2010”.
De acordo com o sítio na internet Povos Indígenas do Brasil (pib.socioambiental .org) existem hoje no país pelo menos 46 referências de “índios Isolados”.
E complementou: “Não se sabe ao certo quem são, onde estão, quantos são e que línguas falam. O pouco que se sabe é que cerca de 26 dessas referências encontram-se em Terras Indígenas já demarcadas ou com algum grau de reconhecimento pelos órgãos federais. E, do total das 46, 12 já foram confirmadas pela Funai”.
Conforme ainda o sítio do PIB, “a idéia de que há índios que permaneceram isolados desde a chegada dos portugueses ou de que há sociedades mantidas à margem de todas as transformações ocorridas na face da terra, é enganadora. Os grupos considerados Isolados travam, muitas vezes, relações de longa data com segmentos da sociedade nacional”.
O isolamento, diz o sítio, “representa, em muitos casos, uma opção do grupo, que pode estar pautada por suas relações com outros grupos, pela história das frentes de atração na região e também pelos condicionantes geográficos que propiciam essa situação”.