Greves e luta classista

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Greves e luta classista

Usina Hidrelétrica Belo Monte – Pará

Operários seguem se revoltando no PAC

Entre os dias 3 e 6 de março, estourou nova rebelião em Belo Monte. Em uma série de protestos, alojamentos foram incendiados nos canteiros “Canais/Diques” e “Belo Monte”. Mais uma vez policiais da Ronda Tática Metropolitana – PA e soldados da Força Nacional de Segurança ocuparam o canteiro de obras da usina, em Altamira, para reprimir a luta dos operários por melhores condições de trabalho e salários.

Em novembro do ano passado, cerca de 8 mil operários já haviam realizado um protesto radicalizado no período que antecedeu a campanha salarial. Galpões, alojamentos e máquinas pesadas foram incendiados. As forças de repressão invadiram o canteiro de obras e reprimiram brutalmente os trabalhadores. Operários foram presos e mantidos encarcerados até o dia 28 de janeiro desse ano. As péssimas condições de trabalho e os baixos salários, motivos que levaram à revolta, se mantiveram a ferro e fogo.

Mais repressão e prisões

No dia 6, pelo menos oito operários foram presos e indiciados por “dano ao patrimônio”.

O comando do destacamento da Força Nacional negociou com os operários para que uma pauta de reivindicações fosse entregue. A Norte Energia/Consórcio Construtor Belo Monte – CCBM, que detém a concessão para a construção da usina, disse “ignorar” o motivo da revolta dos trabalhadores. Isso, quando, segundo a própria polícia de Altamira, o protesto teria sido motivado “por questões trabalhistas, referentes aos alojamentos e condições de trabalho”. [fonte: http://g1.globo.com em 6 de março de 2013].

Também no dia 6 de março, outro operário foi preso no canteiro de obras de Belo Monte e acusado de ter participado do incêndio dos alojamentos no sítio Belo Monte, localizado no município de Vitória do Xingu. Mensagens no celular desse trabalhador com comentários sobre o incêndio foram utilizadas para incriminá-lo.

Arapongagem no canteiro

Com informações de Repórter Brasil

O Ministério Público Federal recebeu denúncia de que o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) organizou esquema de espionagem na Hidrelétrica de Belo Monte com pessoas infiltradas e participação da Abin – Agência Brasileira de Inteligência.

O Movimento Xingu Vivo para Sempre, que tem realizado ampla cobertura da luta dos operários, populações ribeirinhas e povos indígenas do Xingu, denunciou que um empregado do CCBM foi flagrado infiltrado em uma reunião do movimento com uma caneta espiã. Questionado, ele revelou em depoimento gravado em vídeo detalhes de sua atuação que já durava um semestre, apresentando crachá e carteira profissional que comprovam sua ligação com o CCBM.

O agente citou o envolvimento da Agência Brasileira de Inteligência no esquema de espionagem, contou que se infiltrou nos alojamentos e tinha acesso irrestrito às instalações da obra, que fotografou e denunciou trabalhadores que julgava estarem envolvidos em greves e mobilizações e delatou vários desses operários ao CCBM que os demitiu prontamente. Ele acrescentou que seu trabalho foi “decisivo para a prisão dos cinco acusados de terem comandado a última revolta de trabalhadores nos canteiros de Belo Monte, ocorrida em novembro do ano passado, e na demissão de cerca de 80 trabalhadores”.

O agente infiltrado teria concordado em prestar depoimento no Ministério Público Federal, mas mudou subitamente de opinião e fez ameaças ao Xingu Vivo dizendo ter sido ameaçado e forçado a dar as declarações.

O Movimento Xingu Vivo para Sempre divulgou nota declarando que “entende que o maior criminoso neste caso é o Consórcio Construtor Belo Monte, que usou de seu poder coercitivo e financeiro para transformar um de seus funcionários em alcaguete”, e exigiu a responsabilização da empresa e do governo federal, devido à participação da Abin no esquema de espionagem e repressão aos operários de Belo Monte.

O vídeo com a declaração do agente infiltrado em Belo Monte está disponível na internet no link: www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FX8QYKTrCzE

A toque de caixa

Segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo em 11 de março, o CCBM pretende contratar outros 5 mil operários, chegando a 28 mil trabalhadores, o que corresponderá a cerca de 20% da população de Altamira, onde estão localizadas as principais instalações da usina.

Tráfico de pessoas

A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o caso de exploração sexual e tráfico de pessoas em Vitória do Xingu, aprovou a convocação do presidente do CCBM para dar explicações sobre a boate que funcionava dentro do canteiro de obras e mantinha mulheres sequestradas e traficadas de estados do Sul do país, mantidas em cárcere privado, no interior do canteiro de obras da usina Belo Monte.

“Esse prostíbulo fica na beira da única estrada dentro do canteiro. Nós não podemos aceitar esse tipo de cumplicidade. Dependendo do que for as razões apresentadas, as defesas apresentadas ou a defesa apresentada pelo consórcio, vamos avaliar as possibilidades”, declarou o deputado Arnaldo Jordy ao camara.leg.br em 6 de março.

Arnaldo Jordy, que preside a Comissão, foi acompanhado de uma comitiva a Altamira para averiguar as denúncias e fez as seguintes declarações:

“Eu fui até a boate. Você sabe como é lá? Eu cheguei ao local com a Polícia Federal e fui barrado ao tentar entrar no lugar em que está o estabelecimento por um segurança do CCBM, que pediu a nossa identificação, mesmo vendo que estávamos em um carro da polícia”. E acrescentou: “Depois de termos conseguido passar, encontramos um galpão feito com o mesmo material em que são construídos os barracos para suporte da obra (onde ficam os trabalhadores, por exemplo). Essa era a boate” [fonte: altamirahoje.com].

E ainda: “É impossível a empresa não ter nenhum tipo de culpa. Tem que passar por duas guaritas da empresa para chegar no local. É uma situação inadmissível”. “Dependendo das explicações, vamos avaliar que procedimentos tomar, dentre eles, inclusive, a paralisação da obra até que as condicionantes possam ser observadas” [fonte: g1.globo.com em 6 de março de 2013].


Usina Hidrelétrica de Jirau – Rondônia

Rumores de greve e aumento da repressão

Extraído de ligaoperaria.org.br

Devido às péssimas condições de trabalho e a opressão existente no canteiro de obras, no dia 28 de fevereiro houve um início de paralisação na margem esquerda da obra de Jirau. No dia seguinte, 1º de março, houve uma reunião da Secretaria de Segurança Pública de Rondônia, Força Nacional e outros aparatos repressivos com dirigentes dos consórcios e empreiteiras das UHE de Jirau e Santo Antônio (Camargo Corrêa e Odebrecht) para discutir o aumento do policiamento das obras e repressão aos operários. Neste mesmo dia, conforme denúncias dos operários, chegaram na obra de Jirau 5 caminhões do exército com soldados e 2 viaturas da PM. Também a tropa da Força Nacional ocupa o canteiro desde a greve de março/abril de 2012 e foi reforçada com mais elementos.

Sticcero/CUT pede cabeça de “destoantes”

Em 3 de março o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil do Estado de Rondônia-Sticcero, filiado à CUT, realizou uma assembleia para debater a pauta de reivindicações da categoria cuja data-base é 1º de maio.

Durante a assembleia, Claudio da Silva Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom), também filiada à CUT, atacou o que chama de “grupos destoantes” e “pessoas infiltradas” que discordam das posições conciliadoras e oportunistas do Sticcero. Em sua intervenção, repetindo atitude pérfida do Sticcero durante a greve de março/abril de 2012, que reconheceu haver apontado operários grevistas às forças de repressão, o presidente da Conticom “pediu para que quem souber de pessoas que estão prejudicando as negociações, que procurem os representantes do Sticcero, ou a Comissão de Negociação para que denunciem as pessoas nocivas ao movimento reivindicatório dos trabalhadores” [fonte: rondonoticias.com.br, em 3 de março de 2013].


Usina Termelétrica Presidente Médici – Rio Grande do Sul

Greve após atrasos nos pagamentos

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No dia 10 de março, parte dos cerca de 600 funcionários da empresa Eletromecânica Silvestrini – EMS, responsável por serviços de manutenção na Fase C da Usina Termelétrica Presidente Médici – UTPM, em Candiota – RS, paralisaram suas atividades. Assim como Belo Monte e Jirau, a UTPM – Candiota II é uma obra do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do governo federal.

Os operários paralisaram os trabalhos em protesto contra o não pagamento dos salários no dia acordado: o 5º dia útil do mês. Os trabalhadores denunciam que os atrasos ocorrem já três meses. “No mês passado alguns operários se manifestaram publicamente e foram demitidos”, denunciou um trabalhador ao jornalfolhadosul.com.br em 12 de março.

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