Os monopólios reivindicam junto às administrações dos Estados imperialistas e junto às gerências das semicolônias carta branca para aumentar a exploração dos trabalhadores, a fim de manterem suas taxas de lucro, no que seus lacaios se apressam a expedir salvo-condutos para o achacamento das massas proletárias por parte dos capitalistas em apuros.
No Brasil, por exemplo, onde a gerência petista insiste em afirmar que não há crise, o processo de desindustrialização se agrava e a produção está estagnada desde o ano passado. Só neste início de 2012 já foram mais de 1.700 operários mandados embora das fábricas das principais zonas industriais do país, como o ABC paulista e a Zona Franca de Manaus, segundo levantamentos preliminares de organizações sindicais.
Só a transnacional ianque General Motors colocou 800 trabalhadores no olho da rua nos últimos três meses.
Os operários denunciam uma reestruturação à fórceps, passando por cima dos direitos dos trabalhadores, enquanto a empresa alega que a maior parte dos demitidos saiu por meio de mais uma versão desses chantagistas “programas de demissão voluntária”, nos quais só falta o patrão colocar um saco na cabeça do funcionário e gritar: “pede pra sair!”, e que a burguesia e o governo tanto gostam de ostentar para esconder um pouco os acordos entre si em favor do livre direito de demitir.
E se nos principais centros industriais brasileiros a luta proletária mais consequente sofre permanentemente com a sabotagem e o divisionismo levados a cabo pela direção oportunista dos sindicatos, minando, por exemplo, a realização de retumbantes movimentos grevistas, a greve vem sendo honrada em várias outras partes do mundo – e também no Brasil, com outras categorias profissionais – como expressão da autoridade do proletariado ante o que se dizem os poderosos do mundo. Tem sido assim da Grécia rebelde ao Chile em ebulição; de Portugal governado pelo FMI à Nigéria governada pela Shell (ver matéria nesta edição de AND), passando por Egito, Bélgica, França e Espanha.
Europeus em greve contra arrochos
Na Bélgica, as massas trabalhadoras realizaram uma greve geral no dia 30 de janeiro, a primeira no país em duas décadas, contra as medidas de arrocho requisitadas pela União Europeia ao governo “socialista” recém-empossado. A retumbante greve do proletariado belga aconteceu no mesmo dia em que os gerentes da Europa do capital monopolista se reuniam em Bruxelas, capital do país e sede executiva da UE, para tramarem mais medidas antipovo a serem impostas de uma ponta a outra da Europa.
No dia 6 de fevereiro os aeronautas e aeroportuários da França desencadearam uma greve de quatro dias em protesto contra a disposição do governo Sarkozy de levar adiante um projeto de lei que obriga os trabalhadores dos setores de transporte a declararem adesão a uma greve pelo menos 48 horas antes de iniciado o movimento de paralisação e que prevê também a obrigatoriedade de os grevistas manterem um serviço mínimo. Os sindicatos de pilotos, comissários, mecânicos e bagagistas, claro, veem na proposta um claro atentado ao direito de greve.
Em Portugal, sucessivos movimentos grevistas e outras ações do proletariado organizado obrigaram a gerência títere do FMI e do Banco Central Europeu a retroceder em sua contra-ofensiva para aumentar a carga de trabalho no país em meia-hora diária. Não obstante, o governo português prossegue com um infame “plano de austeridade” contra o povo e em favor das transnacionais, que inclui a redução do tempo de férias e corte de feriados. Por isso as massas trabalhadoras do pequeno Portugal não passam uma semana sequer sem convocar e realizar greves, como foi a dos transportes públicos que paralisou o país no dia 6 de fevereiro, com a interrupção dos serviços de trens, barcos e ônibus. Nem uma única composição do metrô de Lisboa circulou naquele dia.
A Grécia foi palco de mais uma greve geral no dia 7 de fevereiro. Na Espanha e Itália as greves também não cessam.
As greves, como diz Lenin, representam o começa da luta da classe operária contra a estrutura da sociedade capitalista, e ensinam os operários a compreenderem onde está a força dos patrões e onde está a sua própria força. Por isso a burguesia tanto as teme e por isso os governos dos países imperialistas e das semicolônias tanto tentam criminalizá-las, estigmatizá-las e deslegitimá-las, nutrindo o sonho maior de cassar de vez o direito de fazê-las!