No dia 16 de agosto, após 15 dias de greve, os cerca de 50 mil operários do Complexo Industrial Petroquímico de Suape – PE começaram a retomar o trabalho, mas muitos ainda permaneciam parados.
O Sinicon, sindicato patronal, chegou a tentar impor o desconto dos dias parados do salário dos operários mas, diante de uma nova revolta, recuou. No acordo selado entre o sindicato patronal e o Sintepav, sindicato ligado à Força Sindical, contrário à greve, cujos dirigentes haviam sido apedrejados pelos grevistas por fazer acordos lesivos aos operários, ficou previsto que os operários receberiam 70% dos dias parados, os 30% restantes deveriam ser compensados. Essa proposta também foi alvo de protesto dos trabalhadores, que não concordam com o desconto dos dias.
Policiais militares ocupam as obras, ostensivamente armados, intimidando os trabalhadores.
A imensa revolta operária termina sem conquistas.
Mas bastou que os operários começassem a voltar ao trabalho para iniciarem as retaliações e perseguições. No dia 20 de agosto, cerca de cem trabalhadores de Suape foram demitidos por “justa causa”, com a justificativa de “vandalismo”. Os operários eram barrados na catraca ao passarem seus cartões magnéticos de identificação, bloqueados pelas empresas. Vídeos feitos pelos próprios trabalhadores disponíveis na internet mostram trabalhadores sendo barrados e inícios de protestos na entrada das obras. A tropa de choque da PM, com apoio de helicópteros, estava de prontidão para reprimir qualquer protesto. Até o fechamento da edição o vídeo com protestos dos trabalhadores demitidos podia ser acessado através do link: http://mais.uol.com.br/view/13216968
Com a notícia das demissões, operários que já haviam retomado o trabalho paralisaram o serviço e há denúncias de que alguns desses também foram demitidos. A portaria nº 2 do complexo foi bloqueada pelos operários impedidos de entrar na obra e a tropa de choque da PM os reprimiu desocupando a portaria.
No dia 22 ocorreram novas demissões de operários do consórcio Conest. Os trabalhadores denunciam que a empresa os convoca para “fazer a reintegração” e, no ato, os demitem por “justa causa”. Vários trabalhadores protestaram e exibiram as folhas com as suas demissões assinadas.
Segundo relatam os operários, o número de demitidos pode chegar a mil e as empreiteiras já divulgaram nota anunciando que “as novas contratações ocorrerão de acordo com a necessidade de cada empresa”.