Haiti: três anos de ocupação direta do USA

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Haiti: três anos de ocupação direta do USA

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Haitianos protestam contra a disseminação da cólera no país

Após três anos do terremoto que arrasou o Haiti, o país continua à beira do caos. Com mais de um milhão de desabrigados, altos índices de mortalidade infantil e desnutrição, e os países fechando às fronteiras aos trabalhadores haitianos. Os únicos que comemoram a situação do país são as ONGs estrangeiras.

Já são nove anos de ocupação militar patrocinada pela Missão das Nacões Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, e três anos de devastação causada pelo terromoto. O desastre deixou mais de 200 mil mortos, 300 mil feridos e um milhão e meio de desabrigados. Hoje, mais de 300 mil continuam vivendo nos mais de 500 abrigos improvisados que se espalham pelo país.

Segundo informações da Minustah, pelo menos 81.600 pessoas sofrem de desnutrição alimentar grave, a maioria crianças. Os dados da ONU revelam ainda que a “insegurança alimentar” afeta mais de 2 milhões de pessoas.

O Brasil mantém mais de 1.900 soldados no Haiti desde 2004, ano da ocupação militar. Celso Amorim, Ministro da Defesa, em dezembro, durante uma missão na Rússia, afirmou que o governo brasileiro pretende diminuir o número de soldados no país, mas que “não temos por que nos preocupar com prazo”. O gasto militar do Brasil no Haiti é de mais de um bilhão de reais, sem considerar os salários. Mais de 25 mil soldados já passaram pelo país.

Barrados

Com as condições de vida difíceis no país, o número de haitianos que cruzam as fronteiras continua alto. Em AND 87(março de 2012) relatamos os problemas enfrentados pelos haitianos que tentavam entrar no Brasil.

Na primeira semana deste ano, mais de mil haitianos foram barrados na fronteira com a República Dominicana. Segundo os números oficiais, cerca de dois milhões de haitianos viveriam no país, sendo quase 10 mil deles ilegais.

Os haitianos estariam sem documentação para entrar na República Dominicana e o governo do país fechou a ponte sobre o rio Masacre, que une os dois países. Além de fechar a ponte, o governo enviou as Forças Armadas para “manter a segurança”. Cinco dias depois, o impasse foi resolvido, mas as restrições, a exemplo do Brasil, devem continuar.

Os trabalhadores haitianos na República Dominicana enfrentam situações parecidas com as do Brasil: recebem os piores postos e salários e muitas vezes trabalham em situações análogas à escravidão.

Um grupo de 112 haitianos permaneceu um mês acampado em frente ao Ministério de Trabalho dominicano, segundo a Agência Prensa Latina. Eles queriam ajuda para receber salários atrasados de uma empresa de extração de coco que havia falido. Os trabalhadores ficaram sem trabalho, sem salários e completamente desprotegidos.

ONGs e Corrupção

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Vítimas do terremoto estão abandonadas

Os únicos que comemoram a situação do Haiti são as ONGs estrangeiras que proliferam pelo país. Dados do Banco Mundial indicam que mais de doze mil “organizações não governamentais” estão em território haitiano, mas o governo de Porto Príncipe tem o registro de apenas pouco mais de 500 instituições.

As ONGs receberam a maioria do dinheiro enviado para a assistência humanitária no país: cerca de 3 bilhões de dólares, doados por pessoas físicas, empresas, governos e instituições humanitárias internacionais.

O governo haitiano recebeu apenas 10% desse valor e as ONGs locais cerca de 1%. Os dados são de um relatório publicado pelo escritório especial da ONU no Haiti. Mas o que a ONU não sabe ou não quer explicar é aonde foi parar o dinheiro da ajuda humanitária, já que os avanços na reconstrução do país ainda são quase nulos.

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