No início da noite do último dia 08 fevereiro parou de bater o coração de José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca. O Brasil perdeu assim um de seus grandes filhos. Pena Branca e seu irmão Xavantinho, falecido em 1999, formaram umas das principais duplas de música regional do país.
Em dezembro de 2008 tive a oportunidade de entrevistar José Ramiro para o jornal A Nova Democracia. A entrevista ocorreu em um hotel em Uberlândia e foi um momento especial, foram cerca de duas horas de uma prosa agradável e rica em detalhes sobre a verdadeira música brasileira. Pude perceber um Pena Branca saudável, forte, alegre e ao mesmo tempo dono de uma humildade ímpar e radiante de otimismo em relação ao futuro do povo brasileiro.
De origem camponesa, Pena Branca viveu na pele as contradições provocadas pela colossal injustiça social presenciada no campo brasileiro. Sempre foi um lutador, um exemplo para seus companheiros.
Orgulho-me muito de ter me tornado seu amigo e vibrava de alegria ao receber uma resposta de correio eletrônico ou um telefonema. Sempre muito simpático, ele dizia:
— Professor Rômulo, como vai a nossa luta? Espero que esteja avançando!
Pena Branca estava otimista com o surgimento de novos grupos de música de raiz no triângulo mineiro e mantínhamos contato para desenvolvermos um projeto de organização de uma frente cultural junto ao movimento camponês combativo da região.
No tempo certo, daremos continuidade a essa tarefa que Pena Branca foi um grande entusiasta e apoiador.
Recebi a notícia do seu falecimento pelo rádio ao dirigir-me ao trabalho. Confesso que os olhos marejaram, a emoção foi enorme. No mesmo instante me veio à cabeça parte da letra da canção Cuitelinho, imortalizada na voz de Pena:
a tua saudade corta
como aço de naváia
o coração fica aflito
bate uma, a outra faia
e os óio se enche d’água
que até a vista se atrapáia, ai