Nos últimos meses tem vindo à tona relatos de execuções de imigrantes afegãos pela República Islâmica do Irã sob a acusação de tráfico de drogas. Agências de notícias anunciam que mais de 40 cidadãos afegãos foram mortos no país. Embora o regime islâmico só confirme a execução de três, alguns relatos dizem que seis corpos foram entregues às suas famílias em troca de grandes quantias em dinheiro.
Execução pública de afegãos no Irã em maio de 2010
Tais relatórios têm enfurecido o povo afegão que vem fazendo massivas manifestações no Afeganistão, duas delas em frente ao consulado iraniano em Cabul, uma em Jalalabad e outra na província ocidental de Herat. Os protestos foram reprimidos pelo governo lacaio do Afeganistão, igualmente um inimigo declarado do povo afegão, que tem cooperado com o Irã. Uma manifestante declarou a um repórter da BBC:
– Isso significa que temos sido eliminados no Paquistão, que temos sido eliminados no Afeganistão e também temos sido eliminados no Irã.
O regime teocrático do Irã vem tratando os imigrantes afegãos com crueldade desde a fundação da República Islâmica, em 1979. Estima-se que mais de 1 milhão de imigrantes afegãos trabalhem no Irã, submetidos à duras condições de trabalho e sob o constante risco de serem despojados dos salários pela "Guarda Revolucionária" e pelos agentes de fronteira. Os agentes iranianos têm, além disso, cercado os imigrantes e os expulsa pela força. De acordo com funcionários do Afeganistão, somente entre março e maio deste ano, 80 mil imigrantes foram expulsos, quase sempre de forma brutal.
3.000 afegãos encarcerados: fila macabra para a morte
Fazendo um breve histórico dos genocídios cometidos pela reacionária República Islâmica do Irã contra milhares de árabes, curdos, "bloch", persas, turcos e "azeris", bem como o assassinato de milhares de comunistas logo após o regime islâmico ter chegado ao poder em 1979, não é de se estranhar tais práticas por parte da gerência do Irã contra os afegãos.
O regime iraniano afirma que os imigrantes teriam sido executados sob a acusação de tráfico de drogas. Mas, mesmo na hipótese de que isso seja verdade, é de se questionar o fato do Irã ser o principal corredor por onde passam toneladas de drogas vindas do Afeganistão para abastecer o mercado da Europa e do Oriente Médio. Portanto, é difícil acreditar no fato de que as toneladas de narcóticos que entram no país sejam escondidas nas bolsas dos imigrantes afegãos.
É de se perguntar também se os assassinatos praticados pela República Islâmica desde sua fundação contra milhares de iranianos dependentes químicos ajudou a diminuir o consumo de drogas no país. Não, muito pelo contrário. Mesmo após depois de três décadas de prisões e assassinatos contra dependentes, o número deles foi multiplicado, chegando hoje em dia a 1,2 milhões e mais de 2 milhões de consumidores, sendo que o uso de heroína e ópio atingiu níveis alarmantes. Sobre essas conclusões, podemos crer que as execuções tinham outros objetivos políticos e não o tão alardeado tráfico de narcóticos.
Tradicionalmente, a República Islâmica do Irã tem excelentes relações com o regime afegão que detém o monopólio do tráfico de drogas. É de conhecimento público também que Vali Ahmad Karzai, irmão do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai (gerente nomeado pelos invasores ianques), percorre a região recolhendo e produzindo ópio no sul do país, principalmente em Kandahar, bem como o envolvimento do vice-presidente Ghasim Fahim e outros funcionários do governo. A relação entre os chefes do regime islâmico iraniano com o presidente Karzai é uma simples prova da cooperação benéfica para ambos no tráfico de drogas, bem como demonstra o interesse dos dois regimes em reprimir os povos de seus respectivos países. Na realidade o que pretendem é controlar o território, as massas e a resistência anti-imperialista, principalmente a do Afeganistão que, desde 2001, vem impondo duras derrotas às tropas imperialistas.