Polícia francesa declara guerra a imigrantes de etnia cigana
Uma das nuances do sistema de exploração do homem pelo homem é a maneira especialmente brutal com que as administrações das potências imperialistas, e mesmo das semicolônias que recebem grande fluxo migratório, tratam os trabalhadores que deixam seus países de origem em busca de melhor sorte no exterior, particularmente nas nações que vendem a ideia da “oportunidade” e da prosperidade. Em tempos como os que correm, de crise geral dos monopólios, esta nuance aflora com força ainda maior, como uma veia sobressaltada denunciando a verdadeira cara da selvageria capitalista.
Assim, por exemplo, a França administrada pelo “socialista” François Hollande declarou guerra aos imigrantes de etnia cigana que vivem no país. Desde o ano passado as forças de repressão francesas vêm se empenhando com especial esmero no desmantelamento de acampamentos de ciganos e na sua deportação para países como Romênia e Bulgária.
Assim a Grã-Bretanha adotou recentemente um infame sistema de pontuação para peneirar os estrangeiros que batem às suas fronteiras, selecionando alguns estrangeiros mais estudados para ajudar a impulsionar o capitalismo britânico e descartando outros milhares como se fossem a escória do mundo. Londres já estuda colocar nas ruas uma campanha dirigida justamente a romenos e búlgaros, os mais novos cidadãos da União Europeia, com o slogan: “Não venham, o Reino Unido não é, como se pensa, um bom destino para viver e trabalhar” (querem que os romenos e búlgaros permaneçam onde estão para serem explorados, digamos, in loco, pelas transnacionais britânicas no âmbito da adesão de Romênia e Bulgária à UE).
Um aspecto cada dia mais notório deste fascismo explícito na Europa do capital em crise é o fato de que alguns países europeus mais ricos – ou até agora menos castigados pela crise geral – estão à beira de adotarem políticas migratórias xenófobas dirigidas a nações da própria Europa Ocidental, pelo menos àqueles paióis em forma de Estados onde o rastilho de pólvora da crise já mandou tudo pelos ares.
A administração da Suíça, país da Europa central que já adota políticas anti-imigração direcionadas a oito povos do Leste Europeu, a parte mais pobre do continente, já estuda limitar a entrada de imigrantes de nacionalidade portuguesa, espanhola e italiana, ou seja, de trabalhadores de três nações cada vez mais na periferia no seio da Europa ocidental, ainda que a Itália, por exemplo, ainda integre o grupo dos países mais ricos do mundo.
Por outro lado, as inflexões do capitalismo internacional por vezes criam cenários que podem até reforçar a ilusão de que alguns países imperialistas são amigos dos imigrantes, como é o caso do que ocorre agora na Alemanha, onde ora se precisa de enfermeiros, eletricistas, motoristas, pessoal hoteleiro e outros trabalhadores para manter ritmo de crescimento da economia capitalista germânica.
Também por precisar deles ante a conjuntura – e por razões eleitoreiras – a administração de turno do imperialismo ianque, com Obama à frente, acena com um pacote de ditas “bondades” para os imigrantes “ilegais” que vivem no USA.
Mas que não se iludam! Assim como agora mesmo os jovens estrangeiros são os últimos da fila para conseguir trabalho na Europa devastada pelo desemprego, são eles, os imigrantes, os trabalhadores mais vulneráveis, os que mais estão a mercê dos humores do capital e de sua demanda por mão-de-obra barata e das políticas repressivas dos Estados capitalistas.