No último dia 28 de novembro um engenheiro chamado Karim Obaid Bardan foi morto covardemente nas proximidades do aeroporto internacional de Bagdá, onde trabalhava, fuzilado por soldados ianques. Segundo um porta-voz do exército invasor, os soldados se sentiram “ameaçados” pelo carro que era conduzido por Karim, que, segundo a versão dos assassinos, circulava de faróis apagados e não teria obedecido à ordem de parar quando passou por um posto de controle.
Ao saberem da notícia sobre a morte de Karim, os funcionários do aeroporto imediatamente iniciaram uma greve para protestar contra o assassinato. É mais um fato que confirma a farsa da “retirada” do exército invasor do Iraque, desmentindo que os 40 mil ianques fardados que Obama deixou no país invadido sejam “não-combatentes”, como o léxico difundido pelo imperialismo vem tentando fazer crer.
Uma outra nuance da farsa da retirada dos invasores do Iraque é a proliferação de “empresas de segurança” estrangeiras atuando em solo iraquiano, o que significa a pá de cal na já muito desmoralizada Convenção Internacional Contra o Recrutamento, Utilização, Financiamento e Treinamento de Mercenários, dispositivo para inglês ver aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989 e ratificado por 32 países.
Mercenários, Estado e monopólios
A França, depois de sete anos de demagogia verborrágica contra a guerra do Iraque, com direito a discursos empavoados de seus chefes na ONU contra a invasão, agora acaba de autorizar “empresas de segurança” do país a se instalarem em Bagdá para oferecerem seus préstimos aos gerentes dos monopólios que circulam pelo território invadido para organizar a espoliação das riquezas alheias, sacramentando assim a contribuição gaulesa para a farsa do fim da ocupação do Iraque.
Veja quem está à frente das firmas francesas de mercenários que ajudarão a recompôr a ocupação imperialista do Iraque, e perceba a intrínseca relação dessas empresas com os órgãos dos Estados imperialistas e os monopólios. As informações foram levantadas pelo jornalista Gilles Munier:
— Presidindo a empresa de mercenários francesa Geos está o general Jean Heinrich, antigo chefe da Direção de Informação Militar da França. A Geos foi fundada por Stéphane Gérardin, ex-agente de uma divisão da Direção Geral de Segurança Externa do Estado encarregada de operações clandestinas do exército francês no exterior.
— A firma Gallice é chefiada atualmente por Frédéric Gallois, antigo comandante da GIGN, a “tropa de elite” da Gendarmeria Nacional da França, uma força militar “anti-distúrbios”.
— Já a Anticip SAS é chefiada por Richard Terzan, ex-diretor de “riscos especiais” da Lloyd’s, a maior empresa mundial de seguros e resseguros, e um dos cabeças históricos das empresas deste ramo da economia capitalista.
Blackwater muda de nome e se oferece para matar ‘piratas’
Todas estas “empresas de segurança” aguardam ansiosas o abrandamento da lei francesa de 14 de abril de 2003 sobre a repressão à atividade mercenária, considerada uma das mais rigorosas do mundo nessa matéria. O afrouxamento da proibição da organização legal de firmas mercenárias é um compromisso de Sarkozy com os chefes deste lucrativo “setor”.
O símbolo máximo dessa “terceirização” das invasões, a firma ianque de mercenários Blackwater, a mais bem-sucedida e bem paga da sua estirpe, foi blindada pelo Pentágono e pelo Congresso do USA após uma enxurrada de denúncias sobre atrocidades que estes “Rambos” cometeram no Iraque a serviço de Bush e Obama. Sabe-se que os assassinos de aluguel da Blackwater já desembarcaram no Paquistão e no Líbano. Agora, um documento diplomático publicado pelo site Wikileaks revelou que no início de 2009 a Blackwater — hoje rebatizada de Xe Services para disfarçar a má fama — chegou a pleitear um contrato com a administração ianque para caçar os membros da Guarda Costeira Voluntária da Somália, organização popular daquele país criada para defender o mar territorial somaliano da circulação ilegal de navios das potências que ali jogam até mesmo lixo nuclear, e que são sistematicamente denegridos pela contrapropaganda imperialista como “piratas”.