Prosseguindo nas maquinações para assegurar a reestruturação do Estado burocrático sírio após a provável queda de Bashar Al-Assad, em 11 de agosto Hilary Clinton, a secretária de Estado ianque, visitou a Turquia e cometeu discursos, prometeu apoio aos opositores do regime sírio, e aproveitou a oportunidade para criminalizar ainda mais a legítima luta de libertação do povo curdo.
Numa de suas falas de apoio aos Exército Sírio de libertação (ESL-um dos grupos armados pela oposição) Hillary disse que estaria preocupada “que terroristas do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão], da al-Qaeda ou outros aproveitem a luta legítima do povo sírio pela liberdade para promover seus próprios interesses”.
Até parece! O que Hillary teria a dizer sobre os “próprios interesses” ianques na configuração política do Oriente Médio, tratando de pavimentar o caminho das tropas imperialistas até o Irão, um dos objetivos estratégicos ianques.
Os curdos, por sua vez, ainda hão de dar intensas dores de cabeça em quem pretenda dominá-los. Com seu território pertencendo Iraque, Irã, Armênia, Síria e Turquia, os curdos desenvolvem há décadas uma luta armada de libertação nacional, principalmente na Turquia. Se no Iraque alguns clãs se venderam aos ianques em troca de uma certa região “autônoma” do Curdistão do Norte, há ainda o perigo de que os curdos na Síria se ergam, num claro reforço à luta pela independência, o que daria mais problemas ao imperialismo e aos Estados burocráticos que tentam dominá-los.
O governo desmorona
Enquanto isso, Assad continua a bombardear Aleppo, a capital econômica do país, e outras cidades, numa guerra que já chegou às portas do palácio do governo.
Além das deserções no exército, tanto maiores quanto mais longa se torna a guerra, o governo de Assad segue recebendo golpes de pessoas tidas como “de confiança” do regime. Em 6 de agosto, o primeiro-ministro sírio, Riad Hijab, deixou o governo e se refugiou na Jordânia. Outros três ministros seguiram seus passos, mas o ex-ministro da fazenda acabou preso antes de cruzar a fronteira.
No dia 3 de agosto, a assembléia geral da ONU já havia aprovado uma proposta de resolução contra Assad elaborada pela Arábia Saudita. A resolução condena o governo sírio e “exige” uma transição política. Rússia e China, além de outros 10 países foram os votos contra a resolução, alegando que ela seria um apoio explícito à oposição.