Vem causando rebuliço entre os monopólios agonizantes, espasmódicos, ávidos por um sopro de ar em meio à crise geral que os assola, um certo mega-relatório produzido pela Economist Intelligence Unit, consultoria ligada à revista britânica The Economist, intitulado “Para dentro da África: Oportunidades de negócio emergentes”. Trata-se de uma espécie de caminho das pedras para a exploração dos povos e dos recursos das nações africanas no âmbito de um iminente novo impulso na corrida pela repartilha do continente pelo imperialismo.
De acordo com a sua própria apresentação oficial, a Economist Intelligence Unit diz que “ajuda líderes empresariais a se prepararem para as oportunidades, capacitando-os a agir com segurança na tomada de decisões estratégicas” – declaração de princípios que tem como substrato a patranha de que o que é bom para as empresas capitalistas é bom para todos, como reza, por exemplo, no Brasil, uma peça publicitária picareta do Banco do Brasil veiculada incansavelmente nas emissoras do monopólio dos meios de comunicação.
Em suma, a Economist Intelligence Unit informa que as economias de pelo menos 28 nações do continente africano deverão crescer a uma média anual superior a 5% nos próximos cinco anos, o que significa carniça para os abutres depenados e moribundos por causa da crise de superprodução relativa. O relatório da consultoria identifica e classifica os dez mercados que deverão oferecer as melhores condições para a exploração dos monopólios na próxima década em quatro categorias: menor risco político, maiores reformistas, os países com maior investimento e os maiores em território.
Feitas as contas, a Economist Intelligence Unit bate o martelo: o imperialismo poderá fazer uma festa especialmente boa em Angola, nação que ficou no topo da lista. O relatório deixa saber:
“As reformas estão acontecendo depressa, encabeçadas pela Etiópia, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Uganda, enquanto as economias gigantes de Angola e Nigéria, que deverão ultrapassar a África do Sul em 2016, oferecem vantagens significativas aos investidores”.
Mercado ideal para monopólios
O léxico e a lógica infame são os mesmos usados nas cartilhas já produzidas pelos órgãos oficiais ou semi-oficiais de apoio ao imperialismo para orientar as transnacionais das potências capitalistas em sua devastação de praxe em outras regiões do mundo exploradas até a medula pela rapina neocolonial.
Assim, o relatório da Economist Intelligence Unit recomenda às transnacionais o investimento na África em setores como a agricultura e a agroindústria, as infraestruturas, os serviços e os bens de consumo, apontados como os de maior potencial de crescimento, e já se adianta na listagem das “dificuldades” que o capital encontrará na corrida pela repartilha do continente, enumerando a corrupção, a “ineficiência dos serviços públicos”, o “risco político” e a “falta de mão de obra qualificada”, por certo fazendo isso para que os gerentes títeres regionais acelerem as contra-reformas requisitadas pelo capital.
As transnacionais “brasileiras”, impulsionadas externamente pela gerência petista – como estava previsto nos acordos que possibilitaram a ascensão desta corja oportunista ao topo do velho Estado -, também querem o seu pedaço nesse bolo, mesmo que o naco reservado a elas nessa corrida esteja fadado a ser muito menor daquele que as transnacionais da Europa e do USA irão abocanhar. São companhias como a Vale e a Odebrecht, que já estão tocando projetos de engenharia, mineração e petróleo na África.
“Os africanos sempre compraram muito de suas ex-metrópoles europeias, por tradição e facilidades, como acordos. Mas isso começa a mudar. É claro que não é um mercado fácil, precisa ser conquistado, precisamos nos aproximar, criar laços. E precisamos saber que, apesar do ganho de estabilidade que a região vem conquistando, ainda é um mercado considerado mais arriscado, ideal para empresas maiores”, disse recentemente à imprensa brasileira o diretor de Operações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi.
Em outras palavras, nas palavras que interessam para os povos oprimidos do mundo, é o processo de repartilha da África pelos grandes monopólios internacionais prestes a entrar em pleno vapor.