Imprensa burguesa agoniza junto com o capital internacional

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Imprensa burguesa agoniza junto com o capital internacional

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Os monopólios dos meios de comunicação de todo o mundo estão com a corda no pescoço, e agonizam menos porque pertencem a grandes corporações que estão atoladas no lamaçal da crise econômica, e mais por causa da defesa incondicional que fazem das classes dominantes e do Estado burguês no momento em que ambos, em meio à crise, insistem em espremer os trabalhadores contra a parede para manter o nível das suas taxas de lucro. Isto acabou de dissolver o que restava da credibilidade que a chamada grande imprensa tem junto às massas.

No Brasil, vende-se apenas 53 jornais para cada mil habitantes, e a coisa só não está pior porque os jornalões nacionais, desesperados, cada vez mais se valem do sensacionalismo para segurar o leitor mais desatento às artimanhas dos barões da imprensa burguesa.

No USA, houve milhares de demissões tanto na parte editorial quando na de logística. No final do ano passado, a Tribune Company, empresa dona de dezenas de jornais e emissoras de TV, precisou pedir concordata. O dono do grupo era um magnata do setor imobiliário, justamente aquele cuja ganância desmedida expressada nos altos juros à população foi a gota d’água para o capitalismo mundial entrar no seu atual período de depressão. O Boston Globe está prestes a parar as máquinas, de vez.

O mais famoso dos jornalões ianques, o New York Times, está afundado em dívidas de mais de US$ 400 milhões. Isto não impediu os donos da empresa New York Times Company, de decidir pela construção de uma nova sede para o jornal, uma torre faraônica de 52 andares localizada no centro da cidade de Nova Iorque. Pois o prédio teve que ser hipotecado como garantia para um empréstimo de mais de US$ 200 milhões, tomado às pressas para evitar que o "Times" sucumbisse ao que os operadores do mercado financeiro chamam de "crise de liquidez".

No início deste ano, acossado pelas dívidas e pelo desprestígio, o New York Times pediu socorro ao empresário mexicano das telecomunicações Carlos Slim, um dos homens mais ricos do mundo, que no Brasil controla a empresa de telefonia celular Claro, e que pode dar um fôlego a mais para o "Times", caso se confirme seu investimento de US$ 4 bilhões no jornal.

Mentiras são castigadas

Desde julho do ano passado a média de demissões nas redações dos jornais britânicos é de 140 por mês. O Trinity Mirror, líder do monopólio britânico de jornais impressos, com cinco jornais de abrangência nacional e nada menos do que 150 diários regionais, anunciou queda de 46% da publicidade do mercado imobiliário, uma das principais fontes de receitas dos jornais burgueses. O grupo Daily Mail reduziu 38 milhões de euros em gastos, e uma das medidas foi colocar 300 pessoas no olho da rua.

Uma pesquisa recente comprovou o que já se podia concluir: três em cada quatro britânicos acreditam que os jornais ditos "de referência" mentem de forma deliberada.

No final de janeiro, o principal jornal vespertino do Reino Unido, o Evening Standard, foi vendido a um preço simbólico para Alexander Lebedev, um ex-espião da KGB que se tornou um legítimo representante da classe dos novos gângsters russos, aqueles que ganharam rios de dinheiro dilapidando o patrimônio do povo russo construído pela Revolução Soviética. Outro título, o ndependent – que já não é tão independente assim – cairá definitivamente nas mãos do grande capital: foi colocado à venda para quem pagar mais.

Coincidência ou não, Lebedev é amigo íntimo e sócio do entreguista Mikhail Gorbachev. E a sociedade entre ambos é exatamente no ramo da imprensa. Na Rússia, eles têm um jornal crítico ao primeiro-ministro Vladimir Putin e ao presidente Dimitri Medvedev, o que significa que não há nada de novo no front: é apenas mais um grupo político – e burguês – escondendo seus interesses particulares atrás de um veículo aparentemente independente e combativo.

Povo francês rejeita cartilha da burguesia

Na França, Há tempos o combativo povo do país já não confia minimamente em veículos como Le Monde e Le Figaro,, ambos porta-vozes incondicionais do grande capital industrial francês. A maior parte das publicações periódicas na França é controlada por grandes grupos econômicos, dois deles ligados à fabricação de armas.

A rejeição aos jornalões multiplicou, e a grande imprensa francesa está agora à beira do abismo. Foi quando entrou em ação o próprio Estado burguês. No dia 24 de janeiro deste ano o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou que seu governo injetaria cerca de US$ 780 milhões de dólares de dinheiro público no monopólio da imprensa.

Como justificativa para lançar a bóia aos jornalões franceses, Sarkozy aproveitou ainda para desfilar seu característico ódio de classe, alegando que o setor de imprensa na França, um dos menos lucrativos da Europa, estaria "asfixiado" pelo forte sindicato dos trabalhadores da indústria gráfica, "dominado pelos comunistas".

Por outro lado, tentando apresentar uma espécie de compensação, Sarkozy anunciou que todo jovem francês que completar 18 anos de idade receberá uma assinatura gratuita do jornal de sua preferência. Esta seria a "condição" imposta aos jornais beneficiados com a mãozinha milionária do Estado burguês. O objetivo seria o de estimular o hábito da leitura entre os jovens. Curioso: em um país tão rico em clássicos da literatura mundial, o presidente quer que as novas gerações leiam a cartilha diária da burguesia, repleta de falseamentos e jogos de esconder, ainda que escrita, editada e publicada diariamente na forma clássica da mais pura verdade dada em primeira mão.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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