A crise geral do imperialismo se aprofunda. Acirram-se as contradições de classe e crescem as tensões oriundas de uma realidade típica desta crise geral: os dirigentes políticos dos Estados burgueses avançados e das semicolônias do mundo reforçam e açulam os aparatos repressivos sob seu comando contra as multidões cada vez mais numerosas. Sinal claro de que os inimigos do povo estão cada vez mais acuados ante as afirmações retumbantes da autoridade das massas trabalhadoras nas ruas, fazendo o chão das grandes cidades tremer sob agigantados protestos, marchas e demais ações em defesa dos direitos dos povos.
Portugueses ocupam praça, em Lisboa, em protesto às medidas antipovo
Exemplos disso aconteceram durante os massivos protestos que varreram vários países do mundo no último dia 12 de maio. Na Espanha, por exemplo, o Estado enviou cerca de dois mil policiais da tropa de choque para tentar intimidar as dezenas de milhares de populares que foram até a praça Puerta del Sol, na capital Madri, para protestar contra o gigantesco arrocho imposto às massas trabalhadoras espanholas pelas gerências títeres do país que se sucedem no poder sempre sob a ordens do FMI e da potência Alemanha.
No último dia 12 de maio o proletariado ocupou as ruas de Atenas, na Grécia, Frankfurt, na Alemanha, Lisboa, em Portugal, Moscou, na Rússia, e Nova Iorque, no USA, entre outras metrópoles do planeta, em grandes manifestações contra as medidas antipovo adotadas pelos “governos” para tentar garantir alguma sobrevida aos monopólios em agonia.
O capital em crise, agonizando e com seus espasmos de moribundo, recorre sem parar às demissões em massa para tentar ganhar algum fôlego. Os monopólios requisitam, e as administrações dos Estados burgueses e dos Estados burocráticos esmeram-se para dar-lhes cada vez maiores liberdades para demitir. Em maio chamou a atenção, por exemplo, as decisões patronais que penalizam os trabalhadores das companhias de aviação civil na Europa e no Brasil.
Demissões e xenofobia
A companhia aérea Lufthansa, da Alemanha, anunciou a demissão de três mil trabalhadores, sendo que metade desse total só em sua sede, na cidade de Frankfurt. Os funcionários que serão colocados na rua são do setor administrativo, como o pessoal da área de reservas de voos. A empresa tentou justificar as milhares de demissões dizendo que elas são “essenciais” para a companhia se manter “competitiva”.
Em Londres, a polícia tenta intimidar os milhares de manifestantes nas ruas
Já os patrões de uma outra companhia aérea, a espanhola Iberia, querem enxugar sua estrutura – e, logo, seu pessoal – para transformar a empresa em Iberia Express, uma empresa de voos de baixo custo. Os trabalhadores da Iberia vinham em firme enfrentamento com a direção da companhia, com vários meses de luta, até que o governo reacionário espanhol interveio obrigando a “arbitragem obrigatória” do Estado para solucionar o conflito, enfraquecendo o movimento.
Já a Gol, companhia aérea brasileira, anunciou que irá demitir cerca de 500 funcionários no intervalo de poucas semanas. Estes trabalhadores que irão para a rua se juntarão a outros 500 funcionários da companhia que já foram demitidos desde o início do ano.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou em maio a estimativa dos seus técnicos de que haverá no final de 2012 nada menos do que 202 milhões de trabalhadores desempregados em todo o mundo, seis milhões a mais do que a contabilidade oficial da OIT deu conta no fim de 2011. No fim de 2013, diz a organização, o total de desempregados será de pelo menos de 207 milhões.
Da mesma estirpe antipovo das medidas contra o mundo do trabalho são as medidas racistas e xenófobas que vêm sendo adotadas por vários governos da Europa a fim de tentar convencer o “eleitorado” que a culpa da falta de empregos é dos trabalhadores que chegam de outros países para roubar o emprego que os locais – que ironia! – já não têm.
A mais recente dessas medidas partiu da administração da Suíça, que divulgou um sistema de cotas racistas que entrou em vigor no dia 1º de maio impondo um limite máximo de vistos de trabalho para cidadãos de oito países do Leste Europeu: República Checa, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, Eslováquia e Eslovênia.