O mês de julho começou com diversas ações dos povos indígenas contra as medidas predatórias e violentas do velho Estado reacionário. Lutando contra o genocida projeto do governo de Jair Bolsonaro, dos generais e dos parasitas do latifúndio (agronegócio), várias etnias fizeram do espaço público um local de ocupação e reivindicação dos seus direitos.
Cátia Salles
Ocupação na sede da Sesai, em Brasília
Em Brasília, 115 etnias ocupam desde o dia 9 de julho a sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Eles pedem a saída da secretária Silvia Waiãpi, o restabelecimento da autonomia de gestão do órgão, a normalização dos repasses mensais, renovação de contratos emergenciais de transporte, o retorno da participação social, transparência no orçamento e a reativação dos conselhos que foram extintos arbitrariamente.
De acordo com as lideranças do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), o governo é um inimigo permanente da saúde dos povos indígenas. Desde que ele alterou o Sesai por decreto, a secretaria perdeu por completo o seu caráter social. “Depois que a Silvia entrou, a secretaria sofreu um verdadeiro desmonte. Hoje, os distritos não têm mais autonomia para poder fazer o trabalho. Eles não municipalizaram a saúde, mas desmancharam a secretaria. Se você não tem autonomia de gestão, você não toma decisão. A impressão é que a Sesai acabou”, afirma Kretã Kaingang, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil para a Região Sul, em entrevista para Agência Porantim.
Ocupações se espalham pelo Pará
No Pará, o povo Munduruku conseguiu impedir uma audiência pública que seria realizada no dia 2 de julho, na cidade de Itaituba, para discutir o licenciamento da estação de Transbordo de Carga no rio Tapajós. Além de não terem sido consultados sobre o empreendimento, o povo Mundukuru, assim como outras etnias e grupos sociais presentes no local, se mostrou frontalmente contra o projeto e inviabilizou a continuidade da audiência. Em carta divulgada à imprensa, o povo Munduruku denuncia a destruição que o governo de turno está trazendo para rio Tapajós.
“São seis empresas que estão afetando a vida de centenas de pessoas. Querem construir 22 portos no Tapajós. Como ficará a vida dos Ribeirinhos, pescadores e indígenas depois que todos esses grandes empreendimentos começarem a funcionar? Sabemos também que essas obras geram especulação da terra, grilagem e ainda mais invasão do nosso território”, afirmam os Mundukuru na carta.
Ainda no Pará, um grupo de mais de cem indígenas das etnias Kaiapó e Xikrin ocuparam durante dois dias a sede da prefeitura, de Parauapebas, no sudeste do estado, em protesto contra a morosidade das obras de recuperação das estradas vicinais que dão acesso às aldeias. Após negociações com a prefeitura, que prometeu começar as obras ainda este mês, os indígenas desocuparam a prefeitura e firmaram um convênio para realização de atividades sociais e culturais em quatro aldeias da região.