Integrantes da LCP são presos em Rondônia

Integrantes da LCP são presos em Rondônia


Porto Velho
– João Maria Ferreira Domingos e Wenderson Francisco dos Santos, integrantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) estão presos incomunicáveis desde a semana passada, em Theobroma, sob acusação de terem participado de um assalto numa agência bancária daquela cidade, no dia 26 de setembro. Os militantes foram capturados quando voltavam do Acampamento Burareiro, onde realizaram uma assembléia para discutir a produção agrícola e a segurança de outras pessoas ameaçadas.

A direção da LCP refuta a versão e acusa fazendeiros de “trama, dissimulação e terrorismo”. No dia 24 de outubro, em Jarú, a entidade garantiu que na data em que ocorreu o assalto, João e Wenderson prestavam serviço em um hospital, assistindo doentes com malária. Diversos camponeses também testemunham isso e se oferecem para prestar declarações à polícia da capital e à justiça.

A polícia militar não permite, na prisão, a entrada de comida e roupas ofertadas por parentes dos presos e outros líderes dos camponeses. Segundo denuncia a LCP, João e Wenderson estão com as mesmas roupas do dia em que foram presos e vêm sendo espancados por soldados. A polícia não aceita diálogo e nega-se a receber os camponeses. Grávida de cinco meses, Alessandra, a mulher de João, foi barrada na porta da cadeia. O advogado da LCP, Ermógenes Jacinto de Souza, encontra-se desaparecido, aumentando o clima de apreensão entre as famílias dos acampados e a dificuldade em defender os ativistas.

“Essa prisão é mais uma injustiça contra o nosso movimento. É a manifestação da força dos latifundiários que nos ameaçam, acobertados pelo governo do estado”, declarou o líder da LCP, José Fonseca de Souza, o “Pelé”, que já escapou de diversas emboscadas na região e no dia 23 de outubro foi seguido por quatro homens armados. Sem meios de defesa, a LCP está pedindo garantias de vida para seus dirigentes e apela para a OAB de Rondônia, “para que investigue o fato e tome posição”. Quatro homens armados com revólveres e outras armas de grosso calibre, desembarcaram de um toyota, na casa de Pedro Mendonça, o “Bigode”, na linha C-19. Na casa, no dia 23, estavam apenas os filhos do camponês: Marcos Sandino, de 10 anos, Maxilena, 12, Gleidis Marisa, 15 e Regiane, 16. A LCP suspeita que esses homens estavam a serviço do fazendeiro conhecido como “Galo Velho”.

Em nota distribuída “a imprensa, a entidade acusa a PM de Rondônia de proteger fazendeiros que seriam encabeçados por Jorge Chaparin e o seu advogado Airam Fernandes Lages. “Foram eles que forjaram a prisão dos companheiros, armando uma verdadeira trama, uma montagem para incrimina-los”, diz a nota. E acrescenta: “Latifundiários tem gasto tubos de dinheiro, contratando pistoleiros, policiais e advogados. E agora tramam a prisão de companheiros, para tentar fazê-los passar por criminosos”.

Em setembro, a LCP denunciou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados o assassinato de alguns líderes em Rondônia. Reiterou ainda aos deputados que o Seringal 70, em Jarú, é uma das áreas de maior litígio. Durante os despejos ali ocorridos, eles relataram, “policiais e jagunços obrigaram as pessoas a se deitar ou ajoelhar-se no chão quente, debaixo de armas de grosso calibre”. O seringal tem 6277 hectares e foi desapropriado pelo ex-presidente João Figueiredo. Seus proprietários, que fazem parte do “Livro branco da grilagem de terras”, do Incra, e do relatório da CPI da Grilagem da Câmara dos Deputados, querem ser indenizados pelo governo federal. 

Mais denúncias

Em outra nota, datada de 23 de julho, a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia (LCP) relata que houve violência policial e abuso de autoridade em manifestação que ocorreu no mesmo dia, na BR-364, altura da cidade de Jaru. Os manifestantes protestavam “contra a situação de opressão generalizada direcionada aos sem-terras acampados, professores, detentos do Urso Branco e as 12 pessoas mortas na cidade de Buritis-RO, em razão da luta pela terra”, diz o documento. Acrescenta ainda que durante a manifestação “ houve agressão por parte dos PMs contra os manifestantes e abuso de autoridade ao prender e multar um veículo…, apenas por estar participando da manifestação naquele momento….

…agressão de um PM ao companheiro que estava filmando tais abusos, danificando a filmadora do povo. Ameaça de prisão e intimidação aos companheiros que exerciam o seu livre direito de se manifestar. Ameaça de morte feita pelo latifundiário Jorge Chaparin contra o advogado Ermógenes da LCP.”

Alem disso, houve também uma agressão a uma senhora idosa, que foi empurrada com cassetetes e caiu, batendo a cabeça e passando mal.

Como se vê, os latifundiários mostram cada vez mais as suas caras. À medida que cresce o movimento camponês, aqueles são obrigados a recorrer aos métodos mais perversos de repressão.

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