O Secretário de defesa do USA anunciou que a internet passa a ser considerada cenário de guerra e que códigos maliciosos, como vírus, ataques de degeneração de serviços e hackeamento integram a lista de armas de guerra.
O motivo de tal histeria é que, como não poderia deixar de ser, o profundo repúdio dos povos às redes de intrigas e opressão imperialistas emana também da internet. Milhares de páginas em todo o mundo atacam o imperialismo, defendem revoluções, apoiam a luta dos povos, resistindo tenazmente ao monopólio dos meios de comunicação e fazendo a informação circular.
A ofensiva belicista ianque, no entanto, precisa de um bode expiatório, um 11 de setembro, ou “armas de destruição em massa” virtuais que, embora sejam meras patranhas, justifiquem a truculência imperialista.
Da mesma forma que a resistência dos povos os expulsou do Vietnã e hoje os empantana no Afeganistão, no Iraque e na Líbia, no mundo virtual sofrem ataques de hackers que disponibilizam as informações secretas sobre seus desmandos ao redor do mundo, para isso penetrando redes de computadores pretensamente seguras como a da própria CIA. Estes são justamente os bodes expiatórios utilizados pelos ianques.
Primeiramente o vazamento de informações e documentos divulgados pelo WikiLeaks foi reprimido com o fechamento da página na internet (o que não impediu que os documentos fossem reproduzidos por inúmeras outras páginas) e a prisão de seu editor Julian Assange, baseada em calúnias. Uma vigorosa campanha de solidariedade se formou para a defesa de Assange e megacorporações como Visa, Mastercard e Amazon (esta através de seu sistema de pagamento e doações via internet: o PayPal) iniciaram um boicote a dita campanha, impedindo o WikiLeaks de arrecadar fundos por esses meios.
Grupos de ativistas hackers como o Anonymous (Anônimo) responderam a estes ataques com ações que causaram prejuízos a estas instituições, além de recuperarem informações da OTAN, ainda não publicadas. Isto é suficiente para transformá-los em “ameaças a segurança nacional” e transformar a internet em teatro de operações guerreiras. Seriam estes hackers agentes de algum governo estrangeiro em guerra, ou ainda membros de organizações em luta armada com o USA? Estariam eles querendo assaltar o poder ianque ou desestabilizar seu governo? A resposta é negativa para as duas perguntas. Trata-se de cidadãos espalhados pelo mundo, em sua maioria jovens e em grande parte estadunidenses que, revoltados com o cerceamento das liberdades, particularmente no que se refere à circulação de informações, resolveram protestar. Vale ressaltar que embora tenham causado prejuízos a instituições que cerceiam a livre circulação de informação, não embolsaram um tostão.
Mas nada disso importa. Qualquer página na internet que defenda uma revolução, por exemplo, pode ser acusada de ser fonte de ataques contra os interesses do USA e tirada do ar pelos mais diferentes meios. Provas? Serão reunidas às famosas armas químicas do Iraque.