Fazendo jus ao fascismo sionista que marcou sua fundação e que carateriza as políticas de ocupação e extermínio a partir de então colocadas em prática no Oriente Médio pelos artífices deste Estado ilegítimo e criminoso, Israel anunciou no final de janeiro que iniciará mais uma ofensiva contra os trabalhadores estrangeiros que vivem dentro das fronteiras coloniais estabelecidas pelos genocidas à base de sangue e sob a chancela da "comunidade internacional". E mais: a maioria dos que agora se quer expulsar são os mesmos que passaram anos a fio sob a exploração do latifúndio e do cartel sionista da construção civil, escravocratas que receberam dos senhores da guerra aquartelados em Jerusalém o rentável privilégio de levantar a infra-estrutura invasora à custa do mal pago suor não-judeu.
A meta inicial da gerência sionista, expressada ainda em agosto do ano passado pelo ministro israelense das Finanças, Yuval Steinitz, era de deportar 100 mil trabalhadores estrangeiros, mas o plano anunciado há pouco acabou estabelecendo diretrizes mais "modestas", por assim dizer. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a intenção agora é escorraçar entre 30 e 50 mil trabalhadores "ilegais". Quem ele chama assim são os trabalhadores cujos vistos de permanência expiraram sem que houvesse as mínimas condições para ir embora, ou que foram vítimas de fraudes e enganações por parte dos empregadores useiros e vezeiros de práticas ainda mais draconianas do que aquelas que já estão legalizadas, verdadeiros traficantes de mão-de-obra que, a bem da verdade, apenas esticam ao limite a lógica capitalista da exploração do homem pelo homem. Em síntese, é um público-alvo já muito fragilizado por estar desprovido da documentação necessária para trabalhar legalmente, vítima preferencial da chantagem patronal e clientela da achacante e inclemente polícia israelense de imigração.
Como justificativa para a deportação em massa que se avizinha, a gerência sionista diz que a infâmia se inscreve na verdade em uma luta contra o desemprego. Espelhando-se no fascismo europeu — cuja perseguição aos judeus serviu como álibi para a perseguição e a expulsão dos palestinos de sua própria terra — Netanyahu já destilou o velho veneno xenófobo, fazendo repercutir pela via do monopólio da imprensa que "a entrada de trabalhadores estrangeiros em massa nos últimos anos causou problemas de segurança, drogas e em particular, erosão de salários". O ministro das Finanças, aquele que queria deportar 100 mil, cacarejou que o novo plano visa criar 30 mil postos de trabalho para cidadãos israelenses dentro de um ano, prometendo que o enxotamento de não-israelenses fará com que o índice do desemprego em Israel se reduza aos níveis anteriores à crise econômica mundial.
Mas os chefes sionistas não gostam tanto assim dos trabalhadores, mesmo dos que têm cidadania como a deles. Na verdade, mesmo este plano de deportação em massa não obedece eminentemente a um esforço para garantir trabalho a quem quer que seja, mas sim ao objetivo maior da perseguição aos árabes que vivem em território palestino ocupado. A exemplo do que aconteceu em 2003, quando o sionismo organizou a primeira grande ofensiva contra os "ilegais", a esta nova onda de xenofobia deve se seguir a chegada de uma nova grande leva de imigrantes com contratos de trabalho novinhos em folha — ou na clandestinidade mesmo.
O detalhe é que estes que chegam não são árabes, mas sim asiáticos (a gerência da Tailândia chega a ter um acordo com a Organização Internacional para a Migração visando a supervisão do recrutamento que Israel pratica em seu território, e os asiáticos já representam a maioria dos 250 mil trabalhadores migrantes que vivem em Israel). Além de eles serem mais baratos para as classes dominantes sionistas e não representarem para o patronato uma ameaça iminente e maior do que o inevitável antagonismo de classe, trata-se de uma política deliberada de precarização e marginalização dos palestinos, intencionalmente empurrados para padecer no desemprego. O plano de expulsão de não-israelenses é assim, mais uma medida tomada no âmbito econômico do grande projeto sionista de limpeza étnica da palestina invadida.