O Pong, primeiro jogo eletrônico da história, teve como seu criador um dos cientistas envolvidos na criação da bomba atômica. Desde então, acompanhando os avanços tecnológicos, estes jogos eletrônicos tiveram um grande salto, tanto em se tratando da tecnologia quanto da sua venda, ultrapassando mesmo os monopólios do cinema e da música. Uma pesquisa da Entertainment Software Association, instituição que reúne as empresas de jogos eletrônicos, estima que até 2011 o comércio de produtos dessa área representará mais que o dobro das outras.
Com o incremento dos recursos digitais, os jogos eletrônicos são feitos para dar a impressão de corresponderem a uma realidade, quando de fato cumprem o papel de afastar as pessoas, particularmente os jovens, do mundo real. Além disso, eles incorporam toda a contrapropaganda do imperialismo, se aproveitando para colocar os heróis do povo como vilões e os ianques como salvadores do mundo. E para penetrar cada vez mais fundo na consciência das pessoas, os jogos eletrônicos são produzidos e vendidos para os mais diversos meios, como celulares, consoles (aparelhos de videogame), portáteis (aparelhos compactos "de bolso"), entre outros.
Jogos de consumismo e rapinagem
Existem jogos para todos os gostos como esportes, raciocínio, guerras, etc.. Mas a característica mais marcante é a defesa evidente (ou velada) do modo de vida capitalista, particularmente ianque. Os jogos mais popularizados são aqueles que simulam a construção de impérios com o objetivo de oprimir outros povos. Eles são mascarados e suavizados, não jorram sangue, mas são veículo para a penetração da ideologia do imperialismo. Eles são indicados para as crianças, vendendo a promessa de "estímulo ao raciocínio" para armar estratégias e tomar áreas inimigas.
Há ainda jogos que simulam o modo de produção capitalista, com construções de parques e cidades, em que o jogador parte de um terreno vazio e deve contratar operários, vendedores, lixeiros…e conforme o estabelecimento aumente seus lucros, pode-se descartar facilmente os trabalhadores. Por fim, há também aqueles em que o jogador constitui uma família virtual, simula uma vida de mentira, porém reproduzindo toda a ideologia do imperialismo: consumismo, individualismo, etc..
Quem são os inimigos
O monopólio dos jogos eletrônicos encontra uma das suas maiores fontes de lucro nos jogos de guerra (claro, guerras injustas, de rapina, bem ao modo ianque). Assim, procuram através da tensão e da dor, lucrar ainda mais. Já foram retratados diversos jogos cujos cenários eram as invasões do Vietnã, a versão das potências imperialistas nas guerras mundiais, as invasões do Iraque e Afeganistão, entre outros.
Estes jogos tem como o objetivo exterminar principalmente comunistas, árabes, países dominados, índios, pobres, negros. A ideia é justificar o extermínio de quem quer que seja uma "ameaça à terra", ou seja, uma ameaça ao imperialismo.
Assim, o mercado de jogos digitais vai tentando fazer a cabeça da juventude que muitas vezes passa mais horas diante das telas do que debatendo seus problemas concretos, política, relacionamento com outras pessoas, participação na produção, na luta de classes, organização, etc.
Muitos desses jogos têm sido criticados por psiquiatras e estudiosos do comportamento humano por interferir diretamente na mentalidade das pessoas. O reflexo causado pela relação doentia entre os jogadores compulsivos e estes jogos já resultaram em atos extremos como no caso do massacre de Columbine no USA. Nesse triste episódio, ocorrido em 20 de abril de 1999, os estudantes Eric Harris , 18 anos, e Dylan Klebold , 17 anos, atiraram em vários alunos do colégio Columbine deixando 13 mortos.
Favelado Game: preconceituoso e fascista
Mas foi o tema "favela" o que gerou maior polêmica nos últimos meses. Um jogo extremamente fascista, criado por uma dupla de alemães, Marius Follert e Niels Wildung, em abril deste ano, o Favelado Game, é a interpretação do imperialismo, da grande burguesia e de toda a reação sobre as populações mais empobrecidas. Neste jogo repugnante, o jogador assume o papel de um suposto "morador de favela". Mas esse morador de favela, não é um trabalhador, um homem ou uma mulher roubado e explorado de todas as formas pelos patrões. O "favelado" do jogo é o estereótipo do bandido, a mesma cartilha da política de criminalização da pobreza ditada por Luiz Inácio, Paes e Cabral no Rio e das gerências de turno contra os pobres em todo o país, seja no campo ou na cidade.
Neste Favelado Game, o jogador precisa cometer crimes e formar gangues nas ruas do Rio de Janeiro, com o objetivo final de comprar o estádio do Maracanã como se isso fosse esperado por algum morador de favela. E ainda há outras versões desse jogo fascista em outras cidades do mundo com outros nomes como Istambul, Varsóvia, etc..
Na página do jogo na internet, a empresa Farbflut Entertainment GmbH diz que o jogo "não se propõe a retratar a realidade" sendo importante notar os elementos "satíricos" como "duplo sentido, exagero, ironia e contradições". Pisotear na dignidade do povo: é isso o que conseguiram os criadores com seu jogo.
Protestos e repúdio
Ataque contra favelas é distorcido como ‘diversão’ em jogo repudiado nas lan houses
O Favelado Game, com seu conteúdo e propósito preconceituoso, tem encontrado repúdio nas lan houses (como são chamados os estabelecimentos onde se paga para acessar internet e computadores para jogos) das favelas cariocas.
Em entrevista ao jornal Extra do dia 24 de junho de 2010 a estudante Naylane Gonçalves, de 17 anos, moradora do Morro Santa Marta no Rio de Janeiro protestou: "Que horror! Eu jamais jogaria isso. É uma falta de respeito!".
Já o dono de uma lan house do Pavão-Pavãozinho, também no Rio de Janeiro, João Pedro Filho, de 39 anos, defende a retirada do página do ar. "Isso só ensina o que não presta. É preconceituoso" – denuncia.