O exército e a polícia do Nepal continuam perseguindo os lutadores sociais daquele país, sendo que estão também seqüestrando jornalistas e defensores de direitos humanos. Desde que teve início o chamado "período de emergência", a prática de arbitrariedades vem crescendo a cada dia mais. Denúncias dão conta de que os militares estão atirando em civis, estuprando mulheres, prendendo e torturando, principalmente os maoístas do Nepal, em luta revolucionária desde o ano de 1996.
A propalada democracia nepalesa foi desmascarada, quando os jornalistas presos antes da declaração de emergência foram acusados de acordo com um plano do governo para fazer valer sua versão distorcida sobre os fatos que ocorrem atualmente no Nepal. Os jornalistas progressistas, assim como os jornais independentes, tornaram-se um problema para o governo, já que não aceitam divulgar as mentiras oficiais. E, principalmente depois do assassinato da família real, o governo insiste em calar aqueles que denunciaram o complô montado para o massacre, cujo objetivo foi o de levar ao poder um novo e dócil rei, para servir aos interesses do imperialismo norte-americano e do expansionismo indiano no Nepal e região. Desde então, mais de cem jornalistas já foram presos e muitos deles ainda estão na prisão, devido às duras críticas que fizeram sobre os crimes contra a humanidade cometidos pelo Estado nepalês e as classes dominantes que ele representa. Jornalistas de outros países também foram atacados pelo exército, embora a mídia internacional, venha trabalhando no sentido de promover e apoiar os crimes do Estado contra o povo.
No dia 3 de março foi seqüestrado o redator do semanário Sanghu, Gopal Budhathoki, que é membro da Federação de Jornalistas nepaleses e ex-presidente da entidade. Ele vinha denunciando, com freqüência, o assassinato de civis pelo exército, assim como a corrupção que envolvia a compra de armas e helicópteros. Durante algum tempo, o governo negou a prisão de Budhathoki, mas depois do protesto feito pela oposição no parlamento e da pressão exercida pelos profissionais de imprensa, que exigiam sua libertação, o Primeiro Ministro anunciou que o exército havia detido o jornalista por causa de sua reportagem, na qual, supostamente ele "encorajava e levantava a moral dos combatentes maoístas".
Outro ato arbitrário do Estado foi a prisão do conselheiro jurídico do semanário Janadesh, que é, também, membro do conselho do Fórum de Proteção dos Direitos Humanos, Ramnath Mainali. Mainali foi seqüestrado em casa, no dia 14 de março passado, por soldados do exército. Por outro lado, a esposa de Govinda Acharya, redator do mesmo semanário foi raptada sob a acusação de ter entrado com habeas corpus no Supremo Tribunal para libertar o marido, também preso. As famílias dos jornalistas e seus advogados estão sendo perseguidos pelo Estado, que além de tentar pôr um fim à liberdade de imprensa no Nepal, quer estabelecer, de vez, um regime militar feudal bárbaro no país.
As últimas vítimas da perseguição do Estado foram o conhecido jornalista do jornal Mulyankan e defensor dos direitos humanos, Dr. Mahesh Maskey e Pramod Kafle. Ambos foram seqüestrados no Aeroporto Internacional de Tribhuvan, antes que o avião no qual estavam levantasse vôo para Nova Delhi, na Índia, onde iriam participar de um seminário promovido por jornalistas e intelectuais, entre eles, Anada Swarup Burna, intelectual conhecido internacionalmente.
Segundo os jornalistas nepaleses, uma das maneiras de impedir a continuidade destes crimes do Estado é divulgar informações verdadeiras sobre os acontecimentos no país, inclusive sobre a luta revolucionária. E denunciar as mentiras e manipulações do governo, que assim tenta impedir o apoio e solidariedade do povo nepalês aos que lutam contra o Estado, o imperialismo norte-americano e o expansionismo indiano no país.
Ataques da guerrilha matam 118 no Nepal
Em Katmandu, na noite do dia14 de novembro, ataques da guerrilha maoísta a postos policiais mataram, pelo menos, 118 pessoas no Nepal. A cidade de Khalanga, capital do distrito de Jumla, a 600 quilômetros de Katmandu, foi a mais atacada, tendo sido invadida por cerca de três mil rebeldes. Segundo testemunhas, os moradores foram usados como escudos humanos pelos guerrilheiros. Morreram 55 rebeldes e 37 policiais no combate.
Desde de 1996 os rebeldes lutam para derrubar a monarquia e estabelecer uma república comunista na região. Agora, exigem a convocação de uma assembléia constituinte para elaborar uma nova Constituição e abolir a monarquia. Mais de sete mil mortos já foram contabilizados nesse período.