Após 50 anos sem greves, enfrentando as piores condições de trabalho, o arrocho salarial e as políticas antioperárias de uma prefeitura contaminada até a medula pela corrupção e envolvida em uma série de escândalos, os operários da construção de Juiz de Fora, cidade da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, realizaram uma combativa greve, paralisando todo o setor.
Foram nove dias de vitoriosa greve. Milhares de operários, adesão de mais de 90% da categoria nas paralisações e manifestações.
Os grandes empresários do setor da construção que duvidavam da capacidade e decisão dos operários de Juiz de Fora, não se impressionaram quando a greve foi deflagrada. Mas bastaram três dias de greve para que praticamente todo o setor da construção de Juiz de Fora estivesse paralisado.
De acordo com os diretores do Sindicato da Construção Civil e Imobiliário de Juiz de Fora, a última greve geral no setor ocorreu em 1958. De lá para cá, os operários passaram a enfrentar uma das piores condições de trabalho do país. O salário de um servente, com os descontos, não atingia sequer um salário mínimo.
Deflagrada a greve, o movimento que estava concentrado nas grandes obras como a da fábrica da Votorantin Metais, estendeu-se para toda a cidade. Os operários tomaram as ruas em grandes e combativas manifestações. Trabalhadores de outros setores e a população prestaram apoio e solidariedade ao movimento.
Após mais de uma semana de mobilizações, manifestações de rua, assembléias massivas e paralisações nos canteiros de obra, o sindicato patronal teve que ceder às reivindicações dos operários que conquistaram um reajuste salarial de 14%, além da cesta básica e vários outros itens da pauta de reivindicações como: auxílio escolar para os filhos dos operários até completarem os 17 anos de idade; seguro de vida em grupo; entre outras.