O mundialmente denunciado Massacre de Corumbiara, ocorrido em 9 de agosto de 1995 na fazenda Santa Elina, município de Corumbiara (Rondônia), que resultou na morte de 12 camponeses e deixou centenas deles feridos e barbaramente torturados, foi julgado pela justiça daquele Estado.
Como acontece nos julgamentos da justiça brasileira sobre os conflitos agrários, os policiais e latifundiários, responsáveis pelas mortes e torturas, são sempre inocentes e os camponeses, que lutam por um pedaço de terra, são sempre culpados. Cícero Pereira e Claudemir Ramos, trabalhadores e membros do acampamento, foram condenados. Seus advogados entraram com recurso contra a decisão. O recurso foi negado e mantida a condenação. Cícero Pereira foi preso no dia 11 de novembro do corrente ano em Ouro Preto d’Oeste (RO) e transferido para prisão em Colorado do Oeste (RO).
Enquanto prende Cícero, o Estado se nega a pagar as indenizações às vítimas do chamado Massacre de Corumbiara. O Comitê de Defese das Vítimas de Santa Elina — Codevise, denuncia que o ministro de "Direitos Humanos", Paulo Vanuchi, em recente visita a Rondônia disse "não ter nada a fazer" em relação às indenizações das vítimas do conflito de Santa Elina, ocorrido há mais de 12 anos em Corumbiara. A gerência Luiz Inácio, ignorando a decisão da Corte da OEA (Organização dos Estados Americanos) de punir o Estado brasileiro pelas atrocidades cometidas naquele conflito, ainda se nega a pagar as indenizações.
Polícia mata e diz que foi acidente de moto
Indignados com mais um crime cometido pela polícia a mando dos latifundiários do estado, camponeses pediram a abertura de inquérito pelo Ministério Público de Rondônia para apurar o assassinato do líder camponês Oziel por policiais à paisana quando cruzava em sua moto uma das ruas de Buritis, no dia 22 de novembro.
Numerosos integrantes da Liga, testemunhas do ato covarde, informaram que Oziel, que há mais de um ano estava acampado na região de Jacinópolis e preparava-se para a produção, fazia compras, em Buritis quando policiais civis à paisana,em carro particular, passaram a perseguilo em sua moto, exigindo que parasse. Por não dispor de carteira de habilitação, Oziel aumentou a velocidade, em vez de parar, e acabou caindo.
Era a oportunidade que os policiais bandidos esperavam. Em vez de socorrer o camponês, deram-lhe de imediato dois tiros à queima-roupa, na cabeça, levando o corpo para Porto Velho a fim de ser periciado. O laudo expedido pelo Instituto Médico Legal não faz qualquer referência aos tiros, atribuindo a morte de Oziel a um acidente de moto.
Durante o velório, em Theobroma, familiares, amigos e companheiros da Liga de Camponeses Pobres, após despedida emocionada a Oziel, resolveram entrar com ação no Ministério Público Estadual pedindo a exumação do corpo e abertura de inquérito para investigar as verdadeiras causas da morte do companheiro e exigir a punição dos culpados deste crime brutal.