Justiça mantém ‘Russo’ preso

Justiça mantém ‘Russo’ preso

 


Cartazes expostos no 4° Congresso da LCP, em agosto de 2005

Wenderson Francisco de Souza, o camponês conhecido como Russo, está preso desde o fim de 2003, em Rondônia, sob a injusta acusação de ter matado, junto com outros dois camponeses, um jagunço a serviço do latifundiário Antônio Martins Santos, conhecido grileiro de terras.

Depois de intensa campanha pela libertação, dois deles foram soltos: Edilberto Resende da Silva, o Caco, e Joel Gomes da Silva. No entanto, invocando uma briga de bar da qual Russo participou muito tempo antes, o Judiciário o manteve preso em Jaru, cidade mais próxima de onde o “crime” teria sido cometido.

O próprio Ministério Público entende que Russo já deveria estar solto e encaminhou pedido nesse sentido à 1.o Vara Criminal da cidade de Jaru. Em flagrante demonstração de que a prisão do camponês é política, a juíza Fabíola Cristina Inocêncio indeferiu o pedido do Ministério Público, mantendo Russo preso.

Não bastasse essa desfaçatez, a OAB-RO (Ordem dos Advogados do Brasil — seção Rondônia) passou a assediar Russo, tentando infundir desconfiança quanto ao seu defensor, o advogado Ermógenes de Souza. Ermógenes já foi ameaçado de morte pelos latifundiários da região e a mesma OAB nada fez para protegê-lo, o que mostra que a OAB está defendendo os interesses dos latifundiários do estado.

Mas a juíza Fabíola guardava ainda uma última cartada. No dia 29 de setembro, de madrugada, Russo foi transferido de Jaru para o presídio conhecido como Urso Branco, em Porto Velho. O que pode ser identificado como um sequestro é justificado assim pela juíza: “… sendo necessário destacar aqui, que o mesmo pertence à Liga dos Camponeses Pobres, a qual continua fazendo suas manifestações inclusive com o fechamento da ponte que liga esta Comarca ao sul do Estado, exigindo sua libertação, sendo propício que o recorrente, até o seu julgamento, esteja afastado destas, haja vista que a imputação criminosa que lhe é feita, ocorreu em uma destas manifestações, sendo assim, faz-se necessário a adoção de medidas para que a ordem pública não seja afetada. …”. Russo permaneceu sem receber comida durante cinco dias, sendo inclusive obrigado a se servir de água do banheiro para beber.

A Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e os familiares de Russo consideram esta mais uma tentativa de matar o camponês e intimidar o movimento camponês que vem destruindo o latifúndio em Rondônia. Estão ampliando a rede de denúncia dessa perseguição, conseguindo inclusive desencadear uma campanha internacional junto a Organização Mundial de Combate à Tortura — OMCT (veja nota).

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