Juventude insurreta na Grã-Bretanha

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Juventude insurreta na Grã-Bretanha

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Na Europa, a juventude já entendeu que seu lugar é na linha de frente das trincheiras das lutas das classes populares contra a onda de políticas anti-povo desencadeada pelas classes dirigentes, ora acossadas pelas ruas e pela infindável crise dos monopólios. No dia 10 de novembro, uma quarta-feira, a cidade de Londres amanheceu estremecida por uma vigorosa marcha que reuniu 50 mil pessoas, a maioria delas estudantes, para protestar contra o aumento do preço das taxas anuais de matrícula das universidades, golpe intentado pelo chefe David Cameron, que quer triplicar o valor teto para a cobrança.

A juventude britânica coroou aquela gloriosa manhã invadindo e ocupando o prédio onde fica a sede do Partido Conservador, o edifício Millbank. Cameron açulou a polícia contra os estudantes. Dezenas foram presos, outros foram espancados, mas os jovens enfrentaram o Estado e suas forças da ordem com tamanha altivez que no final daquele dia as lideranças mais consequentes do movimento estudantil no Reino Unido conclamavam os seus a não abandonarem a luta após tão formidável demonstração de força.

Uma vez cientes de sua autoridade, os estudantes britânicos já não falavam mais apenas em barrar os aumentos das taxas de matrícula nas universidades, mas sim em fazer Cameron retroceder em seu plano de colocar mais de meio milhão de funcionários públicos no olho da rua e de realizar cortes orçamentários em geral da ordem de quase 100 bilhões de euros, levando mais precariedade à vida dos trabalhadores.

“Nós não fazemos parte do roteiro. Aquele roteiro segundo o qual alguns milhares de pessoas iriam se revoltar, queixarem-se um pouco, e depois que fossem para casa os cortes seriam levados a cabo tranquilamente, como o planejado. Isso mudou. Agora os estudantes sentem que podem parar isso [as reformas de Cameron]”, avisou o jovem Michael Chessum, de apenas 21 anos de idade, aluno da University College London.

Cameron exige ‘Força total da lei’

Apenas um dia depois da retumbante marcha em Londres e da corajosa invasão da sede do Partido Conservador, na quinta-feira 11 de novembro, estudantes da Universidade de Manchester, cidade que fica 400 quilômetros ao norte da capital britânica, ocuparam o prédio da reitoria a fim de realizarem, eles próprios, uma auditoria nas contas da instituição para ver como os cortes orçamentais pretendidos pela administração Cameron poderiam afetar alunos e funcionários.

Grupos de estudantes de toda a Grã-Bretanha já se organizavam para um dia nacional de ações contra as políticas de Cameron, a princípio marcado para o dia 24 de novembro, com greves e ocupações de instituições de ensino superior.

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Cameron, por sua vez, tentou colar nos jovens em rebelião a pecha de “vândalos” e disse que a “força da lei”, a lei burguesa, deveria ser usada contra os responsáveis pela invasão do edifício Millbank. Além da reação de Cameron, os aguerridos estudantes britânicos tiveram que enfrentar o oportunismo da NUS (uma espécie de UNE do Reino Unido), que se pôs ao lado da reação para “condenar a violência” na invasão da sede do Partido Conservador, preferindo cobrar do vice-primeiro-ministro Nick Clegg sua promessa de campanha de não aumentar o valor das taxas de matrícula.

“Rejeitamos qualquer tentativa de caracterizar o protesto do edifício Millbank como pequeno, ‘extremista’ ou não representativo do nosso movimento. Nós comemoramos o fato de que milhares de estudantes estavam dispostos a mandar aos conservadores a mensagem de que vamos lutar para vencer. Ocupações são uma longa e estabelecida tradição do movimento estudantil, que deve ser defendida”, afirmou um comunicado assinado pela presidente do sindicato da Universidade de Londres e pelo presidente do sindicato dos estudantes da universidade de Sussex.

Na França, onde Sarkozy insistiu e promulgou a reforma da previdência que lhe foi requisitada pela burguesia, sindicatos convocaram uma nova jornada de protestos para o dia 23 de novembro, a fim de desmentir a conversa da direita de que o ânimo do povo arrefeceu. Em Portugal, três milhões de trabalhadores aderiram à maior greve das últimas duas décadas no país, que está prestes a sofrer uma interveção na Europa do capital na sua administração pública. Na Itália, cerca de 200 mil estudantes ocuparam o centro de Roma no dia 17 de novembro para protestar contra as contra-reformas que o fascista Berlusconi quer fazer na educação pública.

Na Grécia, também no dia 17 de novembro, dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Athenas e Tessalônica em um dos maiores protestos anti-imperialistas no país nos últimos anos e para marcar também o 37º aniversário do massacre promovido pelo exército grego contra estudantes que protestavam contra o governo fascista em 1973.

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