No dia 5 de fevereiro de 2005, no município de Quipapá-PE, o líder camponês José Ricardo Rodrigues — conhecido por sua dedicação na luta pela terra no estado de Pernambuco — foi vítima de uma frustrada tentativa de assassinato. Mesmo escapando com vida, José Ricardo, foi preso arbitrariamente e até hoje não foi julgado. A ação foi mais uma manobra do latifúndio e de seus serviçais para desmobilizar o movimento camponês na região, protagonista de diversas conquistas fundamentais para a vida dos trabalhadores.
Desde o ocorrido, não cessaram os protestos dos camponeses de todos os assentamentos da região pela libertação imediata de José Ricardo. Apoiado, por trabalhadores da cidade, estudantes e democratas em geral, o movimento obteve uma importante conquista nos últimos dias. Na ocasião o Comitê de Apoio aos Camponeses de Quipapá realizou uma vigorosa Audiência Pública na Câmara Municipal como forma de denunciar para a toda a população as injustiças que José Ricardo vem sofrendo e arregimentar o seu decisivo apoio a esta luta.
Momentos antes da audiência, uma comissão formada por familiares e apoiadores de José Ricardo, seguida de duzentos camponeses, foi ao fórum com a finalidade de pressionar o juiz para que fosse marcada a data do júri, adiado por diversas vezes. Mesmo com a ausência do juiz, o promotor, impressionado com determinação e a firmeza da comissão, marcou para o dia 2 de abril, no Fórum de Quipapá, o julgamento de José Ricardo. Depois de três anos preso sem julgamento e sem o direito de aguardar em liberdade, o líder camponês, enfim, irá a júri popular.
A Liga dos Camponeses Pobres e o Movimento Estudantil Popular e Revolucionário prestaram sua solidariedade e reafirmaram que a campanha em defesa do líder camponês só terá fim no dia em que ele for solto. O Núcleo dos Advogados do Povo e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos também enviaram uma nota de apoio e incen tivo a luta dos companheiros pela libertação de José Ricardo.
A audiência pública realizada depois que a decisão do promotor foi anunciada, teve a participação de cerca de 180 pessoas. Grande parte dos presentes eram camponeses pobres da região, dos municípios de Lagoa dos Gatos, Catende e Jaqueira, que conhecem José Ricardo de perto e já travaram diversas lutas ao seu lado.
No final do dia, para consolidar o sucesso do movimento, uma passeata em duas colunas percorreu as ruas da cidade, erguendo cartazes e entoando palavras de ordem como, "O juiz, pode esperar, no dia 2 vamos voltar!".
O episódio é apenas uma amostra da disposição dos camponeses pobres pernambucanos em endurecer a luta pela terra e contra as atrocidades cometidas pelo latifúndio, com o total respaldo do Estado.