Taxistas protestam por acesso à área dos jogos
Taxista pula de ponte
No dia 23 de julho um taxista se jogou no rio Tâmisa do alto da ponte de Tower Bridge, durante um protesto de motoristas. Eles manifestavam contra a proibição aos taxistas de trabalharem no perímetro dos locais onde ocorreriam as competições. Uma semana antes, os taxistas já haviam paralisado os arredores da Trafalgar Square, ponto turístico da capital.
Nesse novo protesto, eles provocaram um grande congestionamento na região central de Londres.
O taxista sobreviveu à queda, mas foi detido por “perturbação da ordem pública” devido ao fato de se jogar da ponte utilizada como marco onde estão pendurados os anéis olímpicos.
Os funcionários do metrô e os motoristas de ônibus também fizeram protestos ao longo dos jogos olímpicos. Os motoristas de ônibus também protestavam contra a proibição da circulação nas faixas próximas aos locais das competições. Após ameaçarem uma paralisação geral, eles conquistaram um adicional aos seus salários por trabalharem durante o evento. Mas deixaram claro: “Ninguém aqui quer dinheiro do governo. Só queremos trabalhar” — declarou um trabalhador a um correspondente do portal Terra em 23 de julho.
Escoceses não cantam hino do colonizador
Atletas não britânicos das seleções de futebol do chamado “Reino Unido” se recusaram a entoar o “God Save the Queen” (Deus salve a Rainha), como é chamado o hino britânico. Apesar de competirem na equipe do “Reino Unido”, as jogadoras escocesas Kim Little e Ifeoma Dieke, não cantaram o hino antes da partida contra a Nova Zelândia. O mesmo ocorreu com os galeses Giggs e Bellamy, que mantiveram-se em silêncio enquanto tocava o hino antes da partida da seleção do “Reino Unido” contra Senegal.
Esse fato teve alguma repercussão na imprensa internacional.
— Estou emocionada em representar a Escócia no time do Reino Unido. Porém não cantei o hino por uma escolha pessoal — afirmou a meio-campista de 22 anos à rede BBC.
Líbaneses se recusam a treinar com israelenses
Nos últimos dias de julho, foi amplamente divulgado na internet que o nadador Tunisiano, Taki Mrabet, teria se recusado a competir com um nadador israelense na prova dos 400 metros livres. Nos dias que seguiram, foi esclarecido que o atleta havia, de fato, sido eliminado em uma prova anterior e por isso não competiria.
Se fosse verdadeiro, esse acontecimento nos remeteria à atitude dos atletas negros estadunidenses Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros rasos nas olimpíadas de Cidade do México, em 1968, que ao serem premiados, ergueram o punho fazendo a saudação dos Panteras Negras, organização revolucionária atuante no USA nos anos de 1960.
Enfim, a notícia do nadador Tunisiano não é verídica. Mas esses jogos de Londres não passaram sem protestos verdadeiros.
Em 28 de julho, judocas do Líbano se recusaram a treinar no mesmo espaço que os lutadores de Israel no Complexo Excel. A organização do evento teve de erguer uma divisória na área dos treinos, caso contrário os libaneses não tomariam parte na competição.
Patrocinador é fabricante do “agente laranja”
Na abertura dos jogos, ocorreram protestos contra a empresa Dow Chemical, que entre outros produtos, fabricou o “agente laranja”* para agressão do Vietnã nos anos de 1960/70. A empresa é uma das patrocinadoras dos jogos olímpicos e destinou 7 milhões de libras esterlinas (cerca de 21 milhões de reais) para o evento.
Segundo o contrato com o Comitê Olímpico Internacional, a Dow Chemical também patrocinará os jogos olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Proibido circular e pedalar
No dia 27 de julho, data da cerimônia de abertura dos jogos olímpicos, cerca de 500 ciclistas se reuniram com o objetivo de cruzar a ponte Waterloo. Mas o acesso à margem norte do rio Tâmisa estava impedido por forças policiais.
Os ciclistas insistiram em prosseguir e 182 pessoas foram presas pelas forças policiais que lançaram spray de pimenta e agrediram aqueles que resistiram. Dos detidos, 178 saíram no dia seguinte e quatro foram acusados de diversos crimes, como “perturbação da ordem”.
Equipamentos produzidos por trabalho escravo
Dois jornais ingleses: o Daily Telegraph e o The Independent, produziram, no período dos jogos olímpicos, matérias denunciando que a Adidas, marca estampada em vários uniformes e equipamentos, inclusive nos uniformes britânicos, fabricou os materiais esportivos utilizados nos jogos olímpicos à custa de trabalhadores em regimes desumanos, pagando salários baixíssimos e com carga horária de até 65 horas por semana.
A equipe do Daily Telegraph foi até o Camboja e a do The Independent até a Indonésia para comprovar in loco as denúncias de exploração de trabalho escravo pela Adidas.
Durante os jogos, ocorreu um protesto diante de uma loja da marca, em Oxford Street. Um grande letreiro foi projetado diante da loja rebatendo o slogan da marca com os dizeres: “Exploração. Não é OK aqui nem em qualquer outro lugar”.
Artista protesta nos muros
Um dos três murais do grafiteiro Banksy criticando os Jogos de Londres
Com a aproximação dos jogos olímpicos, várias imagens foram banidas e proibidas em Londres. Vários desenhos de grafiteiros foram apagados e cartazes arrancados na capital e até mesmo estampas consideradas “políticas” em roupas foram proibidas nos estádios.
Mas isso não foi obstáculo para que o artista anônimo conhecido como “Banksy” produzisse pelo menos três grandes murais com grafites nas ruas de Londres criticando, de maneira bastante politizada, os jogos olímpicos.
Militar britânico é chamado de “assassino de bebês”
Segundo o jornal The Sun de 30 de julho, um guarda contratado pela empresa G4S para fazer a segurança dos estádios durante os jogos olímpicos se desentendeu com um membro das forças armadas britânicas e o chamou de “assassino de bebês”, numa referência a atuação das forças invasoras britânicas na agressão ao Afeganistão.
O fato ocorreu no dia 28 de julho, no Campo de Cricket Lord, local das disputas de tiro.
Milhares de membros das Forças Armadas britânicas, recém-chegados da ação de agressão e invasão do Afeganistão, foram mobilizados para os jogos olímpicos.
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* Nome utilizado para herbicidas e desfolhantes empregados pelas Forças Armadas ianques durante a agressão do Vietnã (1964-1975). Esse produto letal destruiu o habitat de inúmeras espécies, e contaminou mais de 5 milhões de pessoas que sofrem de enfermidades irreversíveis, sobretudo malformações congênitas, câncer e síndromes neurológicas em adultos e crianças.