Luta classista

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Luta classista

Greves e resistência nos trilhos nas obras

Greve operária arrepia patrões em Fortaleza

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Operários da construção em Fortaleza conduzem combativa greve

Os operários da construção de Fortaleza estão em greve desde o dia 7 de maio.

As reivindicações dos grevistas são: 17% de reajuste salarial, aumento para cesta, plano de saúde e segurança nas obras, entre outras demandas.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria na Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF) convocou uma assembleia da categoria no dia 11 de maio e os trabalhadores presentes rechaçaram a proposta patronal de 6,5% de reajuste, decidindo manter os piquetes e mobilizações.

A categoria aderiu maciçamente e estima-se que cerca de 60 mil operários cruzaram os braços nas principais obras da capital cearense. Grandes manifestações percorreram as ruas da cidade esclarecendo a população sobre os motivos da paralisação. Os operários enfrentaram a repressão policial e mantiveram os piquetes. Nos protestos, os trabalhadores carregavam pacotes feijão e agitavam palavras de ordem denunciando que a proposta patronal de R$ 5 de reajuste não permitia comprar sequer um quilo de feijão.

A Praça Portugal, no bairro da Aldeota, é o ponto de concentrações, assembléias e debates dos operários.

Com o avançar da greve e a intransigência dos patrões, a paciência da categoria se esgota e os canteiros das grandes obras começam a ser alvo da ira da classe operária. Algumas instalações de grandes empreiteiras foram atacadas por protestos de trabalhadores e o monopólio da imprensa não poupa ataques aos grevistas. O Tribunal Regional do Trabalho do Ceará determinou que as assembléias operárias devam ocorrer a mais de 200 metros de distância dos canteiros de obras.

No dia 30 de maio o Tribunal Regional do Trabalho – TRT expediu uma ordem judicial determinando ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza a suspensão do movimento grevista e o retorno imediato de “todos os trabalhadores nele envolvidos a seus postos de trabalho, sob pena de multa diária no valor de R$ 50.000,00 imposta ao sindicato”.

Não há acordo entre operários e patrões. Os trabalhadores exigem o cumprimento de suas reivindicações e o pagamento dos dias parados.

Até o fechamento dessa edição (30 de maio) os operários da construção de Fortaleza mantinham-se firmes e sustentavam a sua combativa greve.

Mais de 20 mil operários cruzam os braços em Cubatão – SP

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Assembleia operária deflagra greve em Cubatão,SP

Os operários contratados pelas empreiteiras que atuam no polo industrial de Cubatão, no Litoral Paulista, deflagraram uma massiva greve em 14 de maio. O movimento contou com a adesão de mais de 20 mil trabalhadores, que paralisaram as atividades na Refinaria Presidente Bernardes e Transpetro (ambas da Petrobras), Vale Fertilizantes, Ultracargo, Intercement, Copebras e Carbocloro, entre outras obras.

Os grevistas reivindicavam reajuste salarial de 10%, Participação nos Lucros e Resultados – PLR no valor de R$ 5 mil, plano odontológico e equiparação dos salários para aqueles que exercem a mesma função, entre outras demandas.

Após uma semana de paralisação, uma parte das empreiteiras: Queiroz Galvão, M Roscoe, Somag, Blaspint e SMA atenderam à maior parte das reivindicações dos grevistas e tiveram o trabalho reiniciado em suas obras.

Em 23 de maio, apesar dos ataques dos patrões e de o Tribunal Regional do Trabalho haver imposto uma multa de R$ 50.000 reais ao Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial por cada dia parado, a greve foi mantida, até que no dia 25, após acordo que atendeu parcialmente as reivindicações dos operários, a greve foi encerrada.

Metalúrgicos também param

Mal terminara a greve dos trabalhadores da construção em Cubatão, em 29 de maio os operários metalúrgicos da Usiminas que atuam no mesmo pólo industrial deflagraram greve.

Eles reivindicam reajuste salarial de 16,21%, vale-alimentação de R$ 600,00, auxílio-creche para os filhos dos trabalhadores de 0 a 6 anos de idade, entre outras demandas.

Antes da deflagração da greve os trabalhadores já haviam realizado uma combativa manifestação repudiando a proposta patronal que era de 4% de reajuste mais R$ 300 de abono.

Até o fechamento dessa edição a greve era sustentada pelos metalúrgicos do pólo industrial de Cubatão.

Belo Monte:

Conluio pelego/patronal põe fim a greve

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Operários da Usiminas deflagram greve em Cubatão, SP

O canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a maior obra do PAC em andamento, foi palco de uma greve que durou 12 dias. Deflagrada em 23 de abril, a paralisação envolveu aproximadamente oito mil trabalhadores que protestavam contra as péssimas condições de trabalho e os baixos salários. Os grevistas também reivindicavam o aumento do valor da cesta básica e a redução do período da visita à família (para os trabalhadores oriundos de outros estados) de seis para três meses.

O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região declarou a ilegalidade do movimento grevista e aplicou uma multa de R$ 200 mil reais ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará – Sintrapav para cada dia parado.

Apesar da grande insatisfação e sob intenso protesto dos operários, o Sintepav fechou acordo com o Consórcio Construtor Belo Monte abortando o movimento reivindicativo sem qualquer conquista.

 “Fizemos a convocação dos trabalhadores e cumprimos nossa parte, mas agora não depende de nós se realmente irão comparecer ao trabalho” – declarou o vice-presidente do Sintrapav, Roginel Gobbo, ao jornal Folha de S. Paulo em 3 de maio de 2012. Assim o Sintrapav “lavou suas mãos”, abandonando mais uma vez os trabalhadores à sua própria sorte, submetidos às mesmas terríveis condições que os levaram à deflagração da greve.

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*Composto pelas empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrechet, Queiroz Galvão, OAS, Contern, Galvão, Serveng, J. Malucelli e Cetenco.

Escravidão na construção civil

Com informações do blog do Sakamoto e do Marreta

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Fogão improvisado e condições degradantes do alojamento do programa minha casa minha vida, em Fernandopolis, SP

Entre 13 de abril e 9 de maio, 167 trabalhadores foram libertados na situação chamada de “análoga à de escravos” em três obras no interior de São Paulo, sendo duas delas construções de casas populares por parte do Governo Federal e do Governo Estadual. Além das libertações, os fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego e os procuradores do Ministério Público do Trabalho registraram duas mortes recentes nas obras fiscalizadas.

Uma delas é a de um trabalhador do programa “minha casa minha vida” em Fernandópolis, interior de São Paulo. O operário de 39 anos morreu após cumprir 15 horas de jornada e caminhar duas horas para receber parte do salário.

A maior parte dos trabalhadores libertados é oriunda do Maranhão e Piauí. De acordo com as equipes de fiscalização, os resgatados estavam submetidos a condições degradantes de trabalho, tendo sido obrigados a conviver com ratos, em moradias precárias, superlotadas e improvisadas. Alguns não recebiam salários, apenas vales – ficando impossibilitados de retornar para casa e, portanto, tendo a liberdade restringida.

O maior resgate aconteceu na construção de 557 casas em Fernandópolis, obra do programa “minha casa minha vida” do gerenciamento Rousseff (PT), financiada pela Caixa Econômica Federal. Noventa migrantes maranhenses e piauienses estavam sem receber salários. Essa obra está sendo executada pela empreiteira Geccom Construtora Ltda

“senhores de escravos” no século XXI

  • Construção de 557 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, executada em Fernandópolis – SP, pela empreiteira Geccom: 90 trabalhadores libertados; uma denúncia de morte de operário após jornada extenuante e caminhada forçada para receber vale.
  • Fabricação de pré-moldados para construção civil da empresa Rockenbach em Campinas – SP: 27 trabalhadores libertados, uma denúncia de morte de operário eletrocutado.
  • Construção de casas pela CDHU do Governo Estadual em Bofete – SP, a cargo da a construtora Croma: 50 trabalhadores libertados.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH e Região – o Marreta -detectou e atuou diretamente na libertação de 26 operários aliciados na cidade de Serrinha, interior da Bahia, trabalhando em regime de escravidão na construção de luxuosas concessionárias de automóveis, na capital mineira e na cidade de Sete Lagoas.

A duas obras estão a cargo da Construtora Tempo que terceiriza seus serviços com as subempreiteiras “GRM Construtora Ltda.” e “Construtora Romeu e Silva”.

Além de não receberem salários e direitos trabalhistas, os operários, entre eles um menor de idade, eram obrigados a pagar pelo aluguel dos barracões precários onde estavam alojados.

O Marreta acionou a fiscalização do Ministério do Trabalho e no dia 22 de maio foi realizada reunião na Delegacia Regional do Trabalho que determinou os acertos trabalhistas com os operários, realizados no dia 29 de maio, na sede do sindicato.

Comperj:

Manobra do oportunismo põe fim à greve

Os operários do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj, em Itaboraí, obra do PAC e da Petrobrás, realizaram mais uma jornada de lutas. A greve de abril/maio último ultrapassou um mês.

Os mais de 13 mil operários lutam por 12% de reajuste no piso salarial (que é de R$ 860) além de reajuste no vale-alimentação e o pagamento dos 15 dias parados na greve anterior.

Os consórcios responsáveis pelas obras insistiram em não cumprir as reivindicações dos trabalhadores.

Nas assembléias realizadas pelos grevistas havia grande resistência dos trabalhadores em aceitar as propostas patronais, pois elas mantinham o corte dos dias parados nas greves de dezembro de 2011 e fevereiro desse ano, no entanto a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Construção Civil de São Gonçalo – Sinticom acordou com os patrões o fim da greve em 9 de maio.

Segundo denúncias dos trabalhadores, para aprovar o fim da greve, o sindicato antecipou a assembléia que ocorreria às 7 horas da manhã para as 6 horas, quando ainda não havia chegado grande parte dos trabalhadores. Assim, sem muito debate, foi determinado o fim da greve.

Metrôs parados no sudeste e nordeste

Os trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM deflagraram greve também no dia 23 de maio. Em uma massiva assembléia, eles rechaçaram a proposta da CPTM de 4,15% de reajuste salarial e paralisaram os trabalhos em vários ramais.

Em Itaquera, próximo à estação do metrô, centenas de pessoas se revoltaram e enfrentaram as tropas da PM enviadas para reprimir o protesto. Agitando palavras de ordem, os usuários do metrô e da linhas de ônibus protestaram contra os péssimos e caros meios de transporte coletivo de São Paulo e não se intimidaram com a truculência policial que descarregou bombas, disparos de armas de fogo e golpes de cassetete nos manifestantes. Uma mulher que denunciava a truculência policial foi arbitrariamente detida durante o protesto.

Após um dia de greve e protestos, a CPTM concedeu aos trabalhadores metroviários 6,17% de reajuste salarial, Vale Refeição no valor de R$ 23,00 ao dia, Vale Alimentação (para compras em supermercados) no valor de R$ 218 ao mês, reajuste de 15% no adicional de risco para os Agentes de Segurança e Agentes de Estação. Para os demais funcionários da CPTM foi concedido reajuste de 6,63% e Vale-Refeição de R$ 20,00 por dia. A empresa atendeu a uma série de outras reivindicações específicas da categoria.

Nesse mesmo período ocorreram greves de trabalhadores metroviários em Recife – PE, Belo Horizonte – MG, João Pessoa – PB, Maceió – AL e Natal – RN.

Crimes trabalhistas da Camargo Corrêa em Belo Horizonte

Os operários da obra da Camargo Corrêa na região dos bairros Estrela Dalva/Buritis, entraram em greve na manhã 1º de junho após o flagrante de trabalho escravo por uma equipe formada pela Procuradora do Ministério Público do Trabalho, seis Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho e Polícia Federal.

Trata-se da construção de um Crimes trabalhistas da Camargo Corrêa em Belo Horizonte luxuoso empreendimento denominado
“Acquaclube”. O Sindicato Marreta denuncia que grande parte dos operários foi aliciada no interior da Bahia por mais de 25 “gatos”.

Segundo apurou o Marreta, muitos trabalhadores não possuíam sequer a carteira assinada, não tinham as horas trabalhadas registradas, não recebiam os direitos como cesta básica, hora extra 100%, kit higiene, etc.

Foram detectados mais de quinze precários alojamentos onde os trabalhadores das empreiteiras Camargo Corrêa, Patrimar, Masb e Tecco se amontoavam em condições degradantes.

Cosme dos Santos Goes, 21 anos, estava jogado no alojamento, com o calcanhar muito inchado devido à queda da altura de mais de três metros 9 dias antes, sem qualquer cuidado médico.

Com a greve, vieram à tona outras graves denúncias: no dia 12 de fevereiro Marcelo Silveira da Silva, 37 anos, de Coité, na Bahia,
foi encontrado morto dentro da obra. O caso havia sido omitido pela empreiteira. Carteiras de trabalho de operários já demitidos
estavam retidas na casa do empreiteiro Marcos Romildo Oliveira (construtora Mudar), segundo denúncia do Marreta, “gato” da
Camargo Corrêa/Tecco Engenharia. Assim ficou comprovado o modo como vários operários são enganados com a promessa de que seus acertos serão depositados, mas terminam sem o dinheiro e sem documentos.

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