Entre os dias 12 e 15 de novembro, o povo boliviano homenageou o líder camponês e indígena Tupac Katari (Julián Apaza), fazendo o grande guerreiro reviver após 229 anos de seu assassinato pelo governo colonial espanhol, ocorrido em 14 de novembro de 1781.
Katari e sua companheira Bartolina Sisa comandaram, em seu país, uma rebelião popular que sacudiu os Andes e que começou tempos antes no Peru, com Tupac Amaru.
A partir de 1720/1730 passou a crescer na região andina um sentimento de revolta contra a exploração, os desmandos e os maus tratos ao povo, impostos pelas autoridades espanholas. Uma série de rebeliões finalmente eclodiu no Peru e em seguida na Bolívia, por volta de 1780.
No ano seguinte Tupac Katari e suas tropas camponesas-indígenas conseguiram sitiar a cidade de La Paz. Depois de diversas vitórias, Katari foi capturado e condenado à morte.
Em novembro último, o líder foi relembrado e homenageado em vários pontos da Bolívia. Um deles foi a praça da comunidade de Peñas, no distrito de Batallas, em La Paz, justamente onde o líder teve as quatro extremidades de seu corpo amarradas a cavalos, pelos verdugos castelhanos, para ser esquartejado.
Na cidade de Ayo Ayo, comunidade de Lacaya, lugar onde nasceu Katari, as homenagens duraram quatro dias. Delas participaram moradores, lideranças indígenas locais e representantes de camponeses-índios de 20 províncias de La Paz.
Foram realizadas danças ancestrais, passeatas (marchas) e rituais de agradecimento a Tupac Katari, por ter comandado a luta pela liberdade.
Guaranis de 4 países exigem terra e respeito
Representantes da nação guarani da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai reuniram-se em Assunção entre 15 e 19 de novembro no seu III Encontro Continental. Ao fim, num documento, denunciaram as ações das gerências desses países, do Judiciário, e de empresas nacionais e transnacionais contra seu povo.
E exigiram as seguintes providências:
1 Das gerências da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai o reconhecimento dos guaranis como nação e sua condição de povo transterritorial e transfronteiriço, que por este motivo deve ter os mesmos direitos de saúde, educação e trabalho nos 4 países.
2 Das mesmas gerências, o reconhecimento constitucional da Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas e da Convenção 169 da OIT.
3 Das mesmas gerências, que deixem de entregar às empresas transnacionais/ multinacionais e nacionais territórios da nação guarani para sua exploração e devastação.
4 Da gerência da província de Misiones (Argentina), a não autorização da venda do Lote 8 da reserva da biosfera Yaboti, que é território guarani.
5 A demarcação imediata de todas as terras e territórios guaranis. Cumprimento da lei 26.160 da Argentina. No Brasil, que o Supremo Tribunal Federal julgue imediatamente todos os processos de demarcação no estado do Mato Grosso do Sul, respeitando o artigo 231 da Constituição Federal (Obs: Como AND vem denunciando constantemente, naquele estado o latifúndio vem cometendo assassinatos e ações terroristas contra os índios).
6 A não instalação de novas megarrepresas comprometendo territórios guaranis. E que tanto a binacional de Itaipu quanto a de Yaciretá reconheçam o dano causado às comunidades, restituindo seus territórios.
7 Da gerência boliviana, o cumprimento das exigências de maiores extensões de terra à nação guarani.
8 De instituições políticas internacionais, que impeçam a criminalização das exigências guaranis. (Obs: Hoje, muitas das reivindicações indígenas nos 4 países são encaradas como crime pelas gerências e açuladas pelo monopólio da imprensa.)
9 Punição aos que cometeram crimes que atingiram indígenas na luta pelos seus direitos.
10 Que sejam respeitados os avanços conquistados pela nação guarani nos espaços políticos nacionais e internacionais.
11 Que as empresas transnacionais do imperialismo respeitem as normas ambientais, que não prossigam a destruição massiva e constante de recursos naturais.
12 Que todos os países sobre os quais incide o território da nação guarani compreendam e tomem consciência de que os direitos sobre a terra e o território são inalienáveis e imprescritíveis.