Luta das nações indígenas

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Luta das nações indígenas

Cerâmicas confirmam terra indígena

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/75/08-2a-3ed.jpgEm janeiro, restos de cerâmica foram achados na Bahia, em território que os pataxós reivindicam como seu, o que é negado por latifundiários interessados em tirá-los de lá.

Um integrante da tribo relatou o acontecimento na internet, no sítio indiosonline, da seguinte forma:

“Encontradas cerâmicas antigas na aldeia Pataxó Hãhãhãe

No início de janeiro do corrente ano, a família do Sr. Siorinho José dos Santos (apelido popular Ló, filho de Sr. Disidério, que foi um dos mentores da luta Pataxó Hãhãhãe) estava fazendo uma roça próximo da sua casa, um lugar plano próximo ao leito do rio de Água Vermelha, uma área de aproximadamente cinco tarefas, terra fértil.
Sr. Siorinho, juntamente com seus genros, estão preparando a terra para o plantio de cereais. E, quando começaram a arar a terra, começaram a aparecer vários pedaços (cacos) de cerâmicas, algumas com detalhes.
Depois de muitas atividades, foi encontrado um pote enterrado na terra. Só foi percebido quando um índio escutou a zoada de algo trincando, ao se aproximar do objeto, veio a surpresa: era um pote grande que estava enterrado aproximadamente 1,5 m no solo.
Ao observar mais de perto, perceberam que dentro do pote tinha ossos. Então, decidiram reservar esse local para estudo com especialista. Continuando o trabalho em outro local próximo, foram encontrados mais dois potes.
Nós, índios online de Água Vermelha, decidimos ir lá à localidade de Sr. Siorinho conferir de perto. Saímos em uma equipe de seis índios online.
Ao chegar ao local, percebemos que ali, provavelmente, é um cemitério indígena, que poderá ser confirmado quando uma equipe de antropólogos e arqueólogos venha ao local.
Mas, para nós, índios Pataxó, significa que os que os fazendeiros quiseram esconder da justiça veio a se revelar, após tomarmos posse de parte de nossa terra.
É uma grande prova que essa terra é realmente de nós índios. Era aqui que os nossos ancestrais viviam felizes e cuidavam de seus espíritos. Vimos muitos detalhes, mas, no momento, vamos revelar algumas fotos, compartilhar com o público essa emoção.
Em outras regiões da nossa aldeia, também foram encontrados desses cacos, o que nos faz compreender o quanto era grande a nossa tribo, e que foram exterminando grande parte de nosso povo e roubando a nossa terra. Achamos que, após a Justiça vir conferir esses fatos, não tem como julgar errada a ação de nossa terra que tramita no Supremo Tribunal Federal.”

Cacique Tupinambá é presa na Bahia

http://jornalzo.com.br/and/wp-content/uploads/75/08-2b-797.jpgNo dia 3 de Fevereiro a cacique Tupinambá Maria Valdelice de Jesus (Jamapoty), da aldeia Itapoãn, localizada no município de Ilhéus – BA, foi presa por agentes da Polícia Federal.

Valdelice é acusada de “liderar uma quadrilha” e de comandar uma série de invasões a propriedades rurais desde que os indígenas iniciaram a luta pela retomadas dos seus territórios.

Segundo o delegado da Polícia Federal, Fábio Muniz, a cacique prestou depoimento e foi transferida para a ala feminina do Presídio de Itabuna.

No dia 11 de fevereiro ela passou a cumprir prisão domiciliar em sua aldeia e é alvo de processo criminal.

Maria Valdelice é mais uma liderança Tupinambá alvo da política de criminalização do velho Estado. Outras lideranças Tupinambá como Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Babau, seu irmão Givaldo Jesus da Silva, sua irmã Glicéria Jesus da Silva e o filho desta ficaram aprisionados por cerca de quatro meses em presídios da Bahia e do Rio Grande do Norte sob as mesmas acusações.

“Hoje ser um líder de um Povo é ser criminoso. Retomar nosso Território Tradicional visto o Estado não cumprir com seu compromisso virou esbulho possessório, agir coletivamente (marco tradicional de todos os povos indígenas) virou formação de quadrilha e lutar por nossos direitos negados pelo Estado brasileiro virou exercício arbitrário das próprias razões… Somos um povo, um povo guerreiro… Temos nossa tradição e nossa forma diferenciada de ser e agir e queremos ser respeitados como tais.
O Estado brasileiro tem uma dívida histórica com os Povos Indígenas, é preciso mais que urgente que todos os cidadãos brasileiros somem forças para cobrar que esta dívida seja definitivamente paga com a demarcação dos Territórios Tradicionais. É por causa dessa inércia do Estado que somos obrigados a fazer por nossa conta e risco a autodemarcação de nossos Territórios Tradicionais.
Nós Indígenas não somos invasores de terras. Quando o Brasil foi invadido pelos Portugueses, aqui já existiam os hoje chamados indígenas. Nossos ancestrais já habitavam este território chamado Brasil.”
[manifesto do povo Tupinambá publicado e amplamente divulgado na internet]

 

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