Luta pela terra

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Luta pela terra

RO: despejo e repressão da PM contra camponeses

Nos dias 1º e 2 de junho, dezenas de camponeses dos Acampamentos Monte Cristo e Jaú, em Rondônia, foram despejados pela Polícia Militar da gerência estadual de Confúcio Moura (PMDB), comandada por Ênedy Dias de Araújo. Vários acampados ainda foram autuados por crime ambiental. Os acampamentos, localizados nas linhas 202 e 205 respectivamente, no município de Vale do Paraíso e distrito de Rondominas (pertencente ao município de Ouro Preto do Oeste), estavam na Fazenda Trianon, ocupada pelos trabalhadores há 3 meses.

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Acampamento Monte Cristo e Jaú despejados pela PM de Confúcio Moura e Ênedy Dias

Reproduzimos abaixo trechos da nota da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) de Rondônia e Amazônia Ocidental enviada à redação do AND, que elucida esse crime do velho Estado burguês-latifundiário.

Foi mais um despejo realizado por um verdadeiro aparato de guerra com cerca de 100 policiais fortemente armados, um helicóptero e várias viaturas da PM, GOE, Polícia Militar Ambiental e Corpo de Bombeiros.

Em matéria veiculada na internet, lê-se: “2º Batalhão retira invasores de fazenda na região de Vale do Paraíso e Rondominas. Para manter a ordem pública, a PM continuará patrulhando toda a área para evitar novas invasões”. Assim tem sido a PM em Rondônia: segurança privada de latifundiários. A ordem pública no Brasil tem sido: paralisação da já falida reforma agrária do governo, aumento da concentração de terras, aumento da repressão contra camponesas em luta pela terra. A ordem pública em Rondônia tem sido: latifundiários grilando terras públicas, desmatando grandes extensões, contratando bandos de pistoleiros para reprimir e assassinar lideranças, com a conivência e o apoio de todo o aparato do velho Estado.

Esta operação absurda foi comandada pelo 2º Batalhão da PM, de Ji Paraná, o mesmo que em maio último despejou várias famílias do Acampamento vizinho, o Jhone Santos de Oliveira, e prendeu 4 estudantes e um professor por panfletarem denunciando a repressão aos camponeses em luta pelo sagrado direito à terra [fato relatado em AND 170].

Por que a Justiça, o INCRA, o governador Confúcio Moura e a PM do coronel Ênedy nunca sequer intimaram para depor o latifundiário Miguel Martins Feitosa, morador dos Estados Unidos, que explora 16.000 alqueires tendo documento de apenas 5% da área? Ao contrário, despejaram o Acampamento Jhone Santos que estava fazendo a verdadeira justiça tomando as terras do latifundiário Feitosa.

Os camponeses sem terra ou com pouca terra não aguentam mais o desemprego que assola o país e faz crescer a criminalidade, não aguentam mais ouvir falar em tanta corrupção, enquanto vivem na miséria, veem seus filhos se perdendo nas drogas e prostituição. A saída para estes trabalhadores, para os pequenos e médios comerciantes da cidade e para salvar o país da ruína é os camponeses se organizarem e tomarem todos os latifúndios, cortar as terras em pequenos lotes e entregar para as famílias trabalharem e viverem de seu próprio suor.

Conclamamos a todos camponeses sem terra ou com pouca terra a se organizarem e tomarem todas as terras do latifúndio! Conclamamos a todos trabalhadores da cidade e do campo, professores, estudantes, pequenos comerciantes, intelectuais honestos e a todos verdadeiros democratas a se levantarem contra os crimes do latifúndio e do velho Estado e em defesa dos camponeses pobres e sua sagrada luta pela terra.


AL e BA: reocupação de terras

Com informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Cerca de 73 famílias ligadas ao MST reocuparam as terras da fazenda São Sebastião, localizada no município de Atalaia (AL), no dia 30/05. Os camponeses haviam sido removidos violentamente pelas forças policiais no dia 23/05.

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Camponeses ocupam a fazenda São Sebastião em Atalaia, Alagoas

As terras da Fazenda São Sebastião pertencem à massa falida da antiga Usina Ouricuri, que está em litigio judicial há anos. O latifúndio vem sendo ocupado e reocupado por camponeses há décadas e, desde 2004, foi constituído o Acampamento São José vinculado ao movimento citado acima.

No processo de tomada e retomada das terras, três lideranças camponesas já foram assassinadas, sendo a última em 2005, com a execução de Jaelson Melquíades, dirigente estadual do MST.

 Na região sul da Bahia, no dia 29/05, cerca de 100 famílias retomaram as terras da Fazenda Changrilá, com cerca de 1.400 hectares, localizada no município de Jucuruçu. Os camponeses haviam sido despejados pela quinta vez nos últimos anos, no dia 17/05, como denunciado em AND 170.


AC: bloqueio de estrada contra remoção

No dia 31/5, cerca de 250 famílias camponesas bloquearam por cinco horas, com pneus e pedaços de madeira, um trecho do km 114 da rodovia BR-317, na altura do município de Senador Guiomard, no Aestado docre.

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Camponeses bloqueiam a BR-317 contra reintegração

O protesto foi motivado por uma ação de reintegração de posse que ia ser cumprida nessa data, mas foi temporariamente suspensa.

Os camponeses ocupam as terras há 9 anos, chegando a construir uma ponte e duas escolas, que atendem a 150 alunos. As terras ocupadas integram um complexo com mais de 44 mil hectares, que estão sob a disputa judicial, visto que parte das terras seria da União, mas é reivindicada por latifundiários e camponeses.


SC: terras de latifúndio monocultor ocupadas

Com informações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Camponeses vinculados ao MST ocuparam, no dia 04 de junho, um latifúndio situado dentro da Floresta Nacional de Chapecó, localizada entre Chapecó e Guatambu, em Santa Catarina.

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Ocupação de terras do latifúndio próximo à SC-283

As cerca de 500 famílias provenientes de vários municípios do oeste do estado, que participaram da tomada de terras, reivindicam que os cerca de 800 hectares cobertos por pinus – um tipo de pinheiro – sejam destinados a “reforma agrária”.

A Floresta Nacional de Chapecó, com cerca de 1.600 hectares, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), conta com uma área de preservação permanente e uma área de reflorestamento com pinus.

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