Rondônia: celebrando a luta na terra conquistada em Corumbiara
Mártires da luta camponesa foram homenageados
No dia 9 de agosto foram celebrados os 17 anos da heroica resistência camponesa de Corumbiara.
Foi com grande entusiasmo que noticiamos, em meados de 2010, a retomada das terras pelos camponeses organizados no Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina — Codevise, bem como o corte popular dessas terras, que efetivou a sua posse por cerca de trezentas famílias.
Noticiamos também a resistência contra os ataques do velho Estado, do latifúndio e dos oportunistas. Denunciamos a criminalização da luta camponesa e a perseguição de ativistas e lideranças da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) na área. Tiago, como é conhecido um dos membros da LCP, morador da Área Zé Bentão, parte retomada da fazenda Santa Elina, encontra-se arbitrariamente preso desde o mês de fevereiro, injustamente acusado de “porte ilegal de armas”. Velhas espingardas que, segundo perícia policial, sequer funcionam.
Apesar de todos esses ataques e perseguições, narramos nas páginas de AND os frutos da luta pela produção, a construção de casas e o progresso alcançado pelos camponeses já após poucos meses de retomada.
Recentemente, 30 famílias que haviam ficado fora das terras também conquistaram seus lotes em uma parte da área que não havia sido incluída no projeto do Incra, chamada 99-A. Após muita luta e negociações, essa porção da Santa Elina pertencerá aos camponeses, que recobram novo ânimo. Eles decidiram batizá-la como área Renato Nathan Gonçalves Pereira, em homenagem ao professor e apoiador da luta camponesa covardemente assassinado em abril desse ano. Os lotes já foram demarcados e o corte da terra já foi planejado pelos próprios camponeses.
De posse das terras, já modificaram o curso de uma estrada que dá acesso a área, muito utilizada por todos, que há anos atravessava o lote de um sitiante vizinho. Hoje, ela passa em um lugar adequado, na divisa entre dois lotes. Tudo isso foi realizado graças à mobilização dos camponeses, que mudaram as cercas, conseguiram máquinas com a prefeitura e executam todo o trabalho.
Nesse 9 de agosto, as famílias, organizadas pelo Codevise e pela Liga dos Camponeses Pobres, tomaram, mais uma vez, as ruas de Corumbiara celebrando a sua conquista, a sua organização, convocando o povo da região a lutar, a destruir o latifúndio e a fazer avançar a Revolução Agrária.
Alagoas: o Corte Popular e o exemplo de um mártir
Em 13 de agosto, recebemos correspondência da Liga dos Camponeses Pobres nos informando sobre a realização de um seminário sobre o Corte Popular em uma área camponesa no município de Messias.
Os camponeses comemoram a realização do Corte Popular das terras no final de julho e comunicam que, a partir de então, a área passou a se chamar Área Revolucionária Professor Renato Nathan, em homenagem ao professor assassinado em Rondônia.
” Os inimigos do povo tentam derrotar nossa luta por terra, por moradia, pão e nova democracia. Tentam nos enganar com falácia e falsas promessas, como agora no período da farsa eleitoral. Promovem ações covardes nos despejos, ameaçam e assassinam companheiros comprometidos com o povo, como fizeram com o companheiro Renato Nathan, assassinado no inicio do ano.
Mas isso não impede o avanço das lutas populares. Porque exemplos como o Professor Renato de dedicação, sacrifício e amor às massas populares não podem ser apagados pelos atos covardes desses algozes do povo ” — dizia o comunicado dos camponeses.
Pernambuco: destruindo o latifúndio
Nota enviada pela LCP
A destruição do latifúndio não se resume em dividir lotes e distribuir posse. Está necessariamente ligada à fixação do camponês com a terra, para constituir sua moradia, seu trabalho e, passo por passo, construir as bases de seu poder numa nova cultura e nova economia, com a Nova Democracia. E a Área Revolucionária José Ricardo, situada em Lagoa dos Gatos — PE, segue firme com sua tarefa dando continuidade na luta e organização.
Com o Corte Popular, realizado a mais de três anos, foram feitas as divisões das parcelas e, deste então, a produção só tem aumentado. Exemplo do mês de junho: enquanto em diversas localidades do país se noticiava a baixa produção de milho, devido a variações inesperadas do clima, na Área José Ricardo foi preciso um caminhão para transportar a colheita. A Revolução Agrária mais uma vez garante a janta da cidade.
Conseguimos colocar em prática a construção da nossa barragem, tarefa que outros assentamentos mais antigos na região ainda não realizaram.
O projeto de construção da escola técnica agrícola na área está pronto. Os acampados estão animados e mobilizados para o mutirão que está marcado para setembro próximo e contará com a presença de companheiros operários da construção civil, organizados pelo sindicato Marreta de Belo Horizonte, para a condução das obras.
Área Os cabanos do porto
“O nome da área faz referência às lutas contra a escravidão travadas entre o sul de Pernambuco e o norte de Alagoas. Os negros rebelados viviam em pequenas casas na mata e ficaram conhecidos como cabanos. Nomeou-se assim a revolta do século XIX e hoje designa a nossa luta na cidade de Porto da Pedra – PE, novamente palco de lutas por liberdade, pela destruição do latifúndio, por uma nova e verdadeira democracia.
Na cidade de Porto da Pedra as casas são construídas, em sua maioria, sem planejamento urbano. Diferente disso, na Área Os cabanos do porto, o projeto ali feito foi o Corte Popular, realizado pelos próprios moradores, com o apoio da LCP, sem nenhum equipamento sofisticado, apenas com cordas, mas muito bem planejado e já conta com três ruas.
Em setembro, será realizado o mutirão para construirmos a Escola Popular da área. As mobilizações já se iniciaram com os apoiadores, com carnês de contribuição voluntária, realização de bingo, etc.
No começo, os moradores da área eram chamados de sem-teto, mas hoje são conhecidos na cidade como moradores dos cabanos. A organização chama a atenção de quem passa pela AL 101 e a área já é até mesmo tratada pela população como Vila dos Cabanos ou Bairro dos Cabanos”.