MG: Honras à memória de Cleomar Rodrigues
Camponeses marcham em Pedras de Maria da Cruz
No dia 22/10, os camponeses da Área Revolucionária Cleomar Rodrigues, em Pedras de Maria da Cruz (MG), realizaram uma combativa marcha para marcar o repúdio aos dois anos do assassinato, a mando dos latifundiários, do dirigente da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) Cleomar Rodrigues.
A marcha foi marcada pela firmeza e o vigor dos camponeses, que levaram na frente do ato um banner com a foto do grande dirigente camponês e uma faixa com os dizeres: Cleomar Vive! Morte ao Latifúndio!
Ao longo do ato, dirigentes da LCP e do Comitê de Apoio à Luta pela Terra se revezavam ao megafone, onde exigiram a punição para os assassinos e mandantes da covarde execução de Cleomar, bem como frisaram a cumplicidade do velho Estado brasileiro com os crimes praticados por latifundiários, além de conclamarem o povo a apoiar a tomada de terras e a sua distribuição entre os camponeses. A população, admirada pelo combativo ato, demonstrou-se receptiva e saudou os participantes da manifestação.
Ao som de foguetes em honra e glória a Cleomar, ecoaram as palavras de ordem: “É morte, é morte, ao latifundiário, e viva o poder camponês e operário!” e “Companheiro Cleomar! Presente na luta!”.
Além disso, centenas de panfletos foram distribuídos durante o ato, que estampava a seguinte consigna: “Nem esquecimento, nem perdão: punição para os mandantes e assassinos do companheiro Cleomar”.
Por todo o trajeto do ato, que atravessou a cidade, percorrendo algumas ruas até o cemitério, a marcha foi acompanhada por uma guarda de honra, composta pela juventude camponesa, que uniformizada conduzia as bandeiras vermelhas da LCP e respondia com vigor ao decidido comando.
O ato encerrou-se no cemitério local, onde todos os presentes cantaram altivamente o hino “Conquistar a terra”, seguindo com as canções “O Risco” e “Bella Ciao”. Os familiares do dirigente camponês fizeram questão de comparecer e seu pai carregou com grande emoção uma coroa com rosas vermelhas que foi depositada sobre seu túmulo. Houve grande comoção com pronunciamentos que juraram vingar o sangue derramado de Cleomar Rodrigues, desenvolvendo e avançando a Revolução Agrária e aplicando cada vez mais a consigna: “Contra a crise: tomar todas as terras do latifúndio!”.
Acampamento Boa Vista:
exemplo de produção e luta
Organização dos camponeses gera farta produção
As famílias camponesas do Acampamento Boa Vista, no município de Campina Verde, anunciaram em nota que não pretendem sair das terras tomadas do latifúndio. Decisão da justiça estadual expediu em novembro um mandado de reintegração de posse.
Os camponeses lutam pela posse das terras da Fazenda Boa Vista há mais de seis anos, enfrentando a disputa entre a família proprietária do latifúndio e o Incra, além das falsas promessas dos representantes desse órgão do velho Estado. Em 13 de junho de 2014, as famílias, cansadas de embromação, ocuparam as terras e realizaram o corte popular.
As terras que antes se encontravam improdutivas, hoje, com a determinação, organização e árduo trabalho das famílias, conta com casas, cercas, energia elétrica, poços, além de plantações e criação de animais, incluindo a criação de peixe. Os camponeses ressaltam que a produção foi obtida através da sua luta e organização e “sem nenhum tostão do governo”.
AL e MG: Avançam as ocupações de terras
No município de Atalaia (AL), cerca de 73 famílias camponesas reocuparam a Fazenda São Sebastião, massa falida da antiga Usina Ouricuri, no dia 22/11, da qual haviam sido expulsas em maio deste ano.
“Reocupamos a Fazenda São Sebastião, pois aqui nessas terras corre sangue de Sem Terra assassinado pelo latifúndio”, frisou um camponês vinculado ao MST.
A região tem histórico de conflitos agrários e violências praticadas pelo conluio do latifúndio e seus bandos de pistoleiros com os órgãos do velho Estado, que se reflete em despejos e assassinatos de lideranças camponesas. Entretanto, os camponeses não se intimidam e avançam na ocupação de terras do latifúndio.
Na mesma data e estado, no município de Penedo, cerca de 250 famílias ocuparam a Fazenda Laranjeira como forma de cobrar da gerência estadual de José Renan Filho (PMDB) a criação de assentamentos para os camponeses da região.
No dia 13/11, cerca de 120 famílias vinculada ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam parte da Fazenda Buriti Pequeno, no município de Grão Mogol (MG).
Os camponeses reivindicam a regularização do Território Tradicional Geraizeiro de Vale das Cancelas, que engloba terras públicas do estado de Minas Gerais, nos municípios de Grão Mogol, Josenópolis e Padre Carvalho, que foram griladas. As famílias sofrem com a ação das empresas de monocultura de eucalipto, os impactos das barragens da Usina Hidrelétrica de Irapé e com projetos de mineração.
“Geraizeiro” é termo utilizado para se referir ao camponês ou camponesa que habita o bioma cerrado no norte de Minas Gerais, pois nessa região o cerrado é conhecido como “gerais”, daí geraizeiro. Os gerais são locais onde estes desenvolvem suas plantações, a coleta de frutos nativos ou a criação de gado.
PA: Pistoleiros da Vale atacam camponeses
No dia 17/11, cerca de 60 camponeses ocupavam Fazenda São Luís, no município de Canaã (PA), quando foram atacados covarde e brutalmente por pistoleiros da mineradora Vale, resultando em um confronto que deixou cinco “seguranças” e quatro camponeses feridos – incluindo um adolescente de 16 anos. Após o conflito, a polícia ainda deteve dez camponeses.
Em nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf) denunciou que 40 homens fortemente armados dispararam contra os camponeses. Além disso, os camponeses, vinculados a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), alegam que as terras são públicas, mas foram griladas.
As famílias que acampavam há seis meses em uma área próxima à fazenda, na ausência de qualquer suporte oferecido pelos órgãos do velho Estado, decidiram em assembleia ocupar uma parte da fazenda para fazer uma roça coletiva, onde pudessem cultivar hortaliças e alimentos para a sua sobrevivência e não passarem fome.