RO: Riscos de despejos
Com informações do Jornal Resistência Camponesa
No dia 09/03, em Porto Velho (RO), ocorreu uma reunião entre camponeses de mais de 30 acampamentos e áreas do estado e representantes dos órgãos do velho Estado como o Incra e o Terra Legal.
Nessa reunião, Cletho Muniz de Brito, superintendente do Incra, afirmou que o Exército despejaria a Área Canaã, que conta com mais de 100 famílias, em cumprimento de um mandado de reintegração de posse expedido por um colegiado em Brasília.
Um camponês da Associação do Canaã (Asprocan), em sua intervenção, destacou que apenas sairia de sua terra morto, sendo respondido imediatamente em tom agressivo e provocador por um delegado agrário, que disse: “Pois então o senhor sairá morto, porque o exército fará o despejo!”. A ameaça contra o camponês é flagrante do quanto as forças de repressão do velho Estado se colocam na defesa dos interesses do latifúndio.
As Áreas Canaã, Raio de Sol e Renato Nathan 2 ocupam as terras da fazenda Arrobas, também chamada de “Só Cacau”, reivindicada pela latifundiária Ângela Semeghini. Ambas as áreas estão sob o risco de serem despejadas pelos órgãos de repressão do velho Estado.
A PM tem intensificado o patrulhamento rural – com o discurso de combater a “criminalidade” no campo –, principalmente em locais com acampamentos e áreas camponesas, com ou sem mandados de reintegração de posse a serem cumpridos.
Os camponeses anunciaram em nota que não pretendem abandonar as terras em que vivem e trabalham, além de responsabilizar os gerenciamentos federal e estadual de Temer e Confúcio, respectivamente, ambos do PMDB, por qualquer ataque às famílias que lutam pelo direito à terra.
PA: Ativista é assassinado dentro de hospital
Com informações do mst.org
Na madrugada de 20/03, Waldomiro Costa Pereira foi assassinado dentro do Hospital Geral do município de Parauapebas (PA). Cinco homens armados e encapuzados invadiram o hospital, três deles se dirigiram a UTI onde se encontrava Waldomiro e efetuaram ao menos oito disparos contra ele, que faleceu no local.
Waldomiro era ativista do MST desde 1996, sendo considerado uma das principais lideranças do movimento na região. Ele exerceu papel de destaque na criação do Assentamento 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás, onde vivia e trabalhava no seu pedaço de terra.
Dois dias antes de ser morto, o ativista sofreu um ataque quando trabalhava em seu lote de terra. Dois homens encapuzados em uma moto se aproximaram do local e dispararam contra ele, ferindo-o na cabeça em uma das mãos.
O ativista, que também era servidor público do município de Parauapebas, deixa uma esposa e cinco filhos.
Em nota, a direção estadual do MST afirmou que “este é mais um assassinato de trabalhadores no estado do Pará, em que o governo é culpado pela sua incompetência em cuidar da segurança da população e praticado em função da negligência do estado em apurar e punir os crimes desta natureza”.
BA: Polícia despeja e prende camponeses
Com informações do mst.org
No dia 20/03, em Itajuípe (BA), cerca de 30 famílias foram despejadas de uma ocupação situada na fazenda Arco Íris há mais de dez anos. A ação foi cumprida pela Polícia Militar de Rui Costa/PT, que fortemente armada expulsou os camponeses da área.
Nesse período, as famílias já haviam desenvolvido plantações, que geravam produtos comercializados no município, além de garantirem água e luz para as casas do acampamento.
Em Serra Dourada, no dia 07/03, cinco camponeses da Comunidade de Fecho de Pasto de Porteira de Santa Cruz, foram presos de forma arbitrária e violenta pela Polícia Militar.
Os camponeses Sérgio Pereira de Jesus, Antônio de Jesus, José Pereira de Jesus, João José da Silva e Geneildo dos Santos Silva estão presos preventivamente na cadeia do município de Baianópolis e são acusados de roubo, porte de arma, dano qualificado, esbulho possessório e associação criminosa.
A prisão dos trabalhadores ocorreu em decorrência da defesa das terras, que cerca de 300 famílias de povoados dos municípios de Baianópolis, Serra Dourada e Tabocas do Brejo Velho vivem e trabalham há décadas contra a ação de latifundiários grileiros, em regime de “fundo de pasto”, no qual os camponeses fazem uso comum de terras públicas devolutas, utilizando-as para alimentar os animais em períodos de seca.
TO: Ataque criminoso da PM contra acampamento
Com informações do mst.org
Na tarde de 09/03, a Polícia Militar através do seu Grupo Tático atacou covarde e criminosamente o Acampamento Dom Celso, no município de Porto Nacional (TO). Na ação ilegal, sem qualquer mandado de reintegração de posse, os policiais para removerem os camponeses chegaram a efetuar disparos de arma de fogo, além de destruírem alguns barracos das famílias acampadas.
O ataque resultou na prisão de 4 camponeses, que foram levados para a Delegacia de Polícia Civil de Porto Nacional.
O Acampamento Dom Celso conta atualmente com cerca de 150 famílias, que ocupam desde maio de 2015 terras do Assentamento Retiro, criado em 1995 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os camponeses reivindicam receberem lotes neste assentamento.
MG: Vigoroso encontro do MFP
Com informações do Jornal Resistência Camponesa
MFP homenageia grande dirigente Sandra Lima, Manga (MG)
No dia 12/03, em Manga, norte de Minas Gerais, o Movimento Feminino Popular (MFP) realizou um importante e vigoroso encontro, que fez parte das celebrações do Dia Internacional da Mulher Proletária.
O encontro ficou a cargo do núcleo do MFP denominado Sandra Lima, que foi homenageada. Sandra Lima, falecida em julho de 2016, foi uma grande dirigente comunista e fundadora do MFP. O encontro também prestou homenagens a Elzita Rodrigues, fundadora do MFP e da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) na região.
Ao longo da atividade, as ativistas debateram as causas da opressão feminina, a história e o significado do 8 de março para as mulheres das classes trabalhadoras e as situações políticas do país e do mundo.
Também ocorreu uma breve exposição sobre as guerras populares na Índia e no Peru, destacando-se a participação ativa das mulheres nos exércitos guerrilheiros e na direção dos processos revolucionários nesses países.
As ativistas do MFP aprovaram no Encontro a participação de todas elas na campanha internacional em defesa da vida e saúde do Presidente Gonzalo – chefatura do Partido Comunista do Peru (PCP) e da Revolução Peruana – e na campanha internacional pela liberdade de G.N. Saibaba e todos os presos políticos da Índia (ver páginas 22 e 24).
Em nota de balanço, o MFP – Núcleo Sandra Lima – ressaltou “a necessidade de fortalecer o MFP como uma organização especial imprescindível para potencializar a participação das mulheres do povo na luta popular revolucionária”, além de afirmar que as ativistas saíram “mais decididas em seguir o caminho da luta combativa em defesa de todos os nossos direitos e com a certeza redobrada de que o Brasil precisa é de uma Grande Revolução!”.