Rondônia
9 de agosto vermelho nas terras da Santa Elina
Pela primeira vez em Santa Elina o 9 de agosto é celebrado com as terras retomadas
Pela primeira vez a resistência camponesa de 9 de agosto de 1995 foi celebrada no local da luta histórica, nas terras da fazenda Santa Elina.
A Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental e o Codevise – Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina enviaram fotos e um vibrante relato à redação de AND compartilhando a felicidade de centenas de camponeses que retomaram as suas terras.
A celebração dos 16 anos da heroica resistência na área Zé Bentão, como foi rebatizada a terra conquistada, contou com atividades de divulgação, mobilização, arrecadação, construção e preparação para receber delegações de outras áreas e da região.
Mural relembra a luta histórica de 1995 até a retomada em 2010
Camponeses de Palmares (Theobroma) e Corumbiara, acampamento Cajueiro (em Parecis), das áreas Canaã e Raio do Sol (em Ariquemes), Rio Alto e Jacinópolis (em Buritis), bem como apoiadores da luta camponesa oriundos de Corumbiara, Cerejeiras, Rolim de Moura, Cacoal, Jaru, Ariquemes, Porto Velho e dos estados do Pará, Minas Gerais e Paraná, num total de 450 pessoas, participaram dos três dias de celebração.
Marabá – PA
Despejo policial criminoso contra acampamento
As aproximadamente 300 famílias do acampamento Darcy Ribeiro foram violentamente expulsas por cerca de 150 homens do efetivo da Polícia Militar de Marabá, na manhã de 11 de agosto.
Sob insultos e ameaça de armas, as famílias que estavam há três anos estabelecidas nas terras foram expulsas sem poder sequer organizar seus pertences. Os camponeses já haviam plantado sua roça e construído benfeitorias.
Em junho passado, o mesmo acampamento já havia sido alvo de pistoleiros. Um camponês foi atingido no rosto e ficou cego do olho esquerdo.
Mais um camponês é assassinado por pistoleiros
Mais um camponês foi assassinado na Amazônia. Valdemar Oliveira Barbosa, 54 anos, foi assassinado a tiros no dia 25 de agosto no bairro de São Félix, periferia de Marabá – PA.
Testemunhas do assassinato relatam que Valdemar se deslocava de bicicleta no bairro em que vivia quando foi interceptado por dois pistoleiros montados em uma moto.
No mês de maio Valdemar já havia registrado uma ocorrência na Delegacia de Conflitos Agrários em Marabá – DECA após receber ameaças de morte da parte do latifundiário Vicente Correa [fonte: correiodobrasil.com de 29 de agosto de 2011] dito proprietário da fazenda Califórnia, localizada na zona rural do município de Jacundá, área ocupada por camponeses com os quais Valdemar lutou pela conquista da terra.
O assassinato de Valdemar, conhecido por seus companheiros como ‘Piauí’, é o sexto caso registrado oficialmente de camponês assassinado por pistoleiros no ano de 2011 só na região amazônica.
Bandos de pistoleiros são presos na Amazônia
São Félix do Xingu – PA
Após inúmeras denúncias de camponeses sobre a ação de bandos de pistoleiros contra um acampamento situado nas terras do latifúndio Divino Pai Eterno, em São Félix do Xingu, a 694 km de Belém – PA, um desses bandos a serviço do latifúndio foi preso.
Os cinco pistoleiros detidos no final de julho são: Paulo Sérgio Silva Lima, Francisco Neto Pego dos Santos, Eloir Rosa da Silva, José Alves da Silva e José Adelino Pego dos Santos. Com eles foram apreendidas quatro espingardas calibre 12, uma carabina calibre 44 e uma arma de fabricação caseira, além de 90 gramas de entorpecentes e farta munição.
Os camponeses acampados na área já registraram inúmeras denúncias de ameaças e ataques de pistoleiros, que também já haviam ateado fogo em barracos de algumas famílias e praticado outros crimes.
Chupinguaia – RO
Com informações de resistenciacamponesa.com
No dia 2 de agosto, a polícia civil de Vilhena encontrou duas espingardas calibre 20, um rifle 22 com luneta, um revólver calibre 38 e grande quantidade de munições dos calibres 12, 20, 38 e 22 na sede de uma fazenda que fica no local conhecido como Barro Branco, município de Chupinguaia – RO. Na ocasião foram presos Osvaldo Chagas e Elson Martins de Souza, apontados por camponeses da região como pistoleiros do latifundiário Ilário Bodanese.
Ilário Bodanese, que é proprietário de postos de combustíveis em Vilhena e em Candeias do Jamari, e que já foi secretário do ex-governador e atual senador Ivo Cassol, se diz o dono das terras dessa fazenda. Porém o fato é que cerca de 100 famílias camponesas há mais de oito anos viviam e produziam nessa área.
Desde o ano passado denúncias das famílias e da CPT indicavam a existência de bandos de pistoleiros atuando na região, ameaçando as famílias que ocupavam as terras do Barro Branco. Na mesma época dessas denúncias, ocorreu na região um homicídio ainda não esclarecido. Já no início desse ano as famílias foram despejadas de suas terras, tendo seus barracos, roça e demais pertences completamente destruídos.
No fim do mês de junho desse ano, pistoleiros atacaram os camponeses Elias da Silva e José Roberto Rodrigues. Os dois foram alvejados enquanto pescavam e por sorte conseguiram escapar correndo para dentro da mata, mesmo com sérios ferimentos. Segundo relato dos moradores, após esse episódio a polícia militar do distrito de Boa Esperança se deslocou até o local, porém no caminho foram cercados e recebidos a tiros.
Bahia
Camponeses defendem suas terras em Itamaraju
315 famílias camponesas organizadas pelo MST ocupam as terras do latifúndio Toca da Onça, em Itamaraju, a 743 quilômetros de Salvador – BA.
No final do mês de julho, policiais tentaram realizar um despejo violento e encontraram resistência dos camponeses que repeliram um trator cuja função era derrubar as casas. A ordem de reintegração de posse apresentada pelos policiais era datada de 13 de setembro de 2010.
— Estamos em clima de guerra e não vamos sair daqui enquanto não for dada uma terra para nós. Na lei ou na marra, nós vamos entrar. Não tem mais discussão — declarou Vera Lúcia Almeida, uma das coordenadoras das famílias acampadas ao jornal O Globo de 28 de julho de 2011.
No dia 31 de julho, cumprindo ordens de José Carlos Torres, um dos que reclama ser proprietário do latifúndio Toca da Onça, um trator investiu contra os 130 barracos e começou a derrubá-los. Imediatamente as famílias se organizaram e atearam fogo no trator e rasgaram os pneus com facões.
O acampamento já tem casas construídas há bastante tempo. Lá as famílias criam e educam seus filhos e plantam a sua roça que possui cerca de 20 hectares de mandioca, milho, feijão, tomate, abóbora, maxixe, coentro, cebola e outras culturas.
Campos dos Goytacazes – RJ
Ex-funcionários de usina querem terra
No dia 13 de julho, cerca de 150 famílias de ex-funcionários da usina Sapucaia, localizada em Campos dos Goytacazes, no Norte do estado do Rio de Janeiro, tomaram parte da área onde estão as instalações da usina, um latifúndio de mais de 10.700 hectares de terras consideradas improdutivas pelo Incra.
Um grupo de 25 famílias organizadas pelo MST também ocupou uma porção das terras da usina em 1º de agosto.
A usina Sapucaia está fechada desde o fim de 2009. Ela paralisou as atividades por dívidas com fornecedores e cerca de 10 mil funcionários.
Ainda assim, na segunda quinzena de agosto, a justiça decidiu que as terras da usina Sapucaia não são improdutivas, rejeitando a avaliação do Incra. A Superintendência Estadual do Incra no Rio de Janeiro manifestou que entrará com um recurso contra a decisão.
Os ex-funcionários e camponeses permanecem acampados em barracas de lona nas imediações da usina e mantém-se mobilizados.
São Paulo
Policiais despejam famílias em Americana
No dia 8 de agosto recebemos, no correio eletrônico do jornal, a notícia de que 350 famílias organizadas pelo MST realizaram um protesto e denunciaram a tentativa de ação policial contra os camponeses que ocupam as terras onde está instala a usina Açucareira Esther, no município de Americana – SP. Com uma liminar datada de 2009, policiais militares tentaram expulsar as famílias de suas terras.
De acordo com os camponeses, a usina se instalou em terras que pertencem ao Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS e explora a monocultura da cana-de-açúcar em seus mais de quatro mil hectares.
Desde 2002 os camponeses reivindicam aquelas terras públicas e, na última tentativa de a conquistarem foram violentamente expulsos pela PM.
Novas famílias têm se dirigido para a área e, organizadas, afirmam que permanecerão nas terras até que a conquistem definitivamente.
Na manhã do dia 30 de agosto, policiais cercaram a área e realizaram o despejo das cerca de 600 famílias acampadas. Os policiais militares, com costumeira truculência, destruíram os barracos das famílias que tiveram que se deslocar para o assentamento Milton Santos, próximo à área da usina Esther. Apoiadores das famílias em luta emitiram comunicado denunciando a ação policial e manifestando solidariedade aos camponeses que lutam há anos por aquelas terras.
Minas Gerais
Novo crime de pistoleiros contra quilombolas
A Coordenação Nacional da CPT emitiu nota denunciando novo ataque do latifúndio contra os quilombolas de Brejo dos Crioulos, território localizado nos municípios de Varzelândia, São João da Ponte e Verdelândia, Norte do estado de Minas Gerais.
Segundo a nota, na madrugada de 20 de agosto “o ‘segurança’ do fazendeiro Raul Ardido Lerário, dono de um dos maiores latifúndios dentro do território quilombola, Roberto Carlos Pereira desferiu duas facadas no quilombola Edmilson de Lima Dutra (conhecido por Coquinho) que foi transferido em grave estado de saúde ao hospital da cidade de Brasília de Minas.
O agressor está foragido e, segundo informações, trabalha há mais de 12 anos para o citado fazendeiro. Ele já havia feito ameaças de morte a outros moradores, entre os quais a Zé do Mário”.
A CPT ainda ressaltou que essa tentativa de assassinato não foi um fato isolado.
“Empregados do mesmo fazendeiro assassinaram, em 2009, Lídio Ferreira Rocha, irmão de Francisco Cordeiro Barbosa – Ticão, vice-presidente da Federação Quilombola e liderança local.”
Os quilombolas de Brejo dos Crioulos lutam há 12 anos pela conquista de suas terras e, como denunciou a CPT, os latifundiários “têm contratado pistoleiros armados que ameaçam constantemente os quilombolas. São muitos os casos de ameaças e até quilombolas foram baleados”.
O processo de reconhecimento do Território Quilombola Brejo dos Crioulos está, desde abril desse ano, nas mãos da Casa Civil aguardando uma assinatura.
“Enquanto as autoridades competentes tardam em resolver os problemas… o latifúndio continua atentando contra vida de quem luta em defesa de seus direitos”, finaliza a CPT em sua nota datada de 22 de agosto de 2011.
Trabalho escravo
Juíza determina que se mantenham cativos em latifúndio
Com informações do blog do Sakamoto
A juíza Marli Lopes Nogueira, da 20ª Vara do Trabalho do Distrito Federal, atendeu a um mandado de segurança movido pela Infinity Agrícola suspendendo um resgate de trabalhadores vítimas de trabalho escravo em um latifúndio de cana-de-açúcar no município de Naviraí – MS.
O grupo móvel de fiscalização, formado por auditores do trabalho, procurador do trabalho e policiais federais, estava retirando 817 pessoas – das quais 542 migrantes de Minas Gerais e Pernambuco e 275 indígenas de diversas etnias – por estarem submetidas a condições degradantes de trabalho quando veio a surpreendente decisão da juíza.
Por fim, a juíza declarou que “a interdição está causando prejuízos irreversíveis, já que desde a data da interdição a cana cortada está estragando e os trabalhadores e equipamentos estão parados”. E proíbe, inclusive, que a Infinity venha a ser relacionada na “lista suja” do trabalho escravo, cadastro do governo federal que mostra os empregadores flagrados cometendo esse crime.
De acordo com Camilla Bemergui, coordenadora da operação de resgate dos trabalhadores, a Infinity já havia sido inserida na “lista suja” desde dezembro de 2010 por conta de uma libertação de 64 trabalhadores em outra usina de cana do grupo, em Conceição da Barra – ES, ocorrida em 2008. Porém, conseguiu uma liminar judicial retirando-a da lista em fevereiro desse ano.