Luta pela Terra

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Luta pela Terra

Rondônia

Pistoleiros disparam contra acampamento

O MST em Rondônia denunciou ameaças e ataques de pistoleiros contra camponeses acampados nas proximidades da BR 429, próximo ao município de Alvorada do Oeste. Os camponeses denunciam que os pistoleiros estão intimidando famílias que estão acampadas na região desde maio de 2009.

Em nota, o MST de Rondônia denunciou que, nas madrugadas dos dias 8 e 10 de outubro, cerca de sete pistoleiros armados atacaram o acampamento com rajadas de tiros de armas de grosso calibre.

Fazenda Santa Elina é cortada pelos camponeses

Com informações de resistenciacamponesa.com

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Camponês planta nas terras retomadas do latifúndio Santa Elina

No mês de outubro foi concluído o corte popular de parte da Fazenda Santa Elina totalizando 3.164 alqueires (correspondente a área denominada como Água Viva). Todo o processo do corte foi decidido, preparado e executado pelos próprios camponeses, organizados pelo Comitê de Defesa das Vítimas de Santa Elina – Codevise e pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental.

Vários camponeses foram envolvidos e se revezaram nas diversas tarefas. Enquanto uns operavam os equipamentos, outros preparavam a alimentação, outros carregavam água, abriam picadas, organizavam os marcos, etc. Durante quase dois meses de trabalho os camponeses se empenharam diariamente nessa tarefa.

A área foi cortada em cerca de 250 lotes de 8 alqueires  e cerca de mil alqueires de mata foram preservados. Assim que as linhas iam sendo abertas, recebiam o nome de um dos camponeses assassinados na resistência de 1995. E, a medida que as parcelas iam sendo cortadas, já era prontamente realizado o sorteio e a entrega dos lotes aos seus novos e legítimos donos.  O sorteio dos lotes foi realizado por grupos, por ordem de chegada ao acampamento e também entre as famílias dos remanescentes da resistência. 

Os camponeses já iniciaram o plantio e trabalham com fervor pela primeira colheita em suas legítimas terras.

Ceará

LCP do Nordeste realiza seminário sobre o corte popular

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Camponeses do Pentecostes, CE, celebram exitoso seminário
sobre corte popular promovido pla LCP do Nordeste

Enfrentando decididamente todas as dificuldades impostas pela pior seca dos últimos 26 anos que assola os campos no Ceará, nos dias 23 e 24 de outubro a Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste promoveu, na cidade de Pentecoste – CE, o Seminário do Corte Popular.

Cerca de 40 camponeses reunidos estudaram e debateram a experiência do corte popular das terras, a Revolução Agrária, e o assunto do momento: a farsa eleitoral.

Com a notícia do seminário os camponeses também anunciaram que, por decisão dos camponeses que tomaram as terras do antigo latifúndio Mulungu, ele passará a se chamar Área Revolucionária Manoel Coelho Raposo*, em homenagem ao poeta e militante comunista “que que dedicou sua vida pela causa das lutas do povo cearense. Será a primeira área cortada em Pentecoste e em todo o estado do Ceará, pois o Incra, “não realiza o corte no estado, devido a questão da água”, “pois os açudes seriam um problema” e blá  blá blá …. como consequência, os projetos de assentamentos no estado são um fracasso, e os trabalhos coletivos nunca deram certo.”

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*Manoel Coelho Raposo [1933-2009] foi membro do conselho editorial de AND. Poeta e publicista popular,  empreendeu a maior atividade cultural de caráter permanente do nordeste brasileiro, a Feira do Livro, que divulgou a literatura popular e revolucionária durante quarenta longos anos desde Fortaleza-CE. 

Norte de Minas Gerais

Camponeses do Trevo conquistam licença ambiental

Com informações do Comitê Velho Chico  

Os camponeses do Acampamento Trevo – Porto Agrário, no Norte de Minas, romperam o cerco ambiental e, através de forte articulação organizada pela Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres e a Associação Brasileira dos Advogados do Povo, e apoiados decididamente pela Fetaemg e pelo comitê de apoio aos camponeses formado por estudantes e operários de Montes Claros, conseguiram um acordo favorável às famílias, contra as ameaças de criação de um parque ambiental nas terras conquistadas da Fazenda Tábua/ Dois Rios, município de Juvenília, Minas Gerais, divisa com o estado da Bahia.

O acordo foi selado em reunião realizada no dia 20 de setembro de 2010 na sede da SUPRAM, em Montes Claros. A reunião foi presidida pelo Subsecretário Estadual do Meio Ambiente e contou com mais outros 20 representantes de instituições, entre estatais e outras, como conselheiros do COPAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente, SUPRAM, Ministério Público, Incra, Prefeitura de Juvenília, técnicos ambientais e advogados das famílias, além dos apoiadores.

Graças à mobilização dos camponeses e setores democráticos em sua defesa, o acordo ambiental determina que as terras da Fazenda Tábua/ Dois Rios serão destinadas à criação do Assentamento Trevo-Porto Agrário e que em vez dos 30% de Reserva Legal, como rege a lei de reserva ambiental em Minas Gerais, serão destinados 52% das terras para este fim e no restante será implantado o assentamento.

Desse modo, o Subsecretário Estadual do Meio Ambiente bateu o martelo favoravelmente aos camponeses.

Vira-se mais uma página desta luta e começa-se outra…

Bahia

Camponeses denunciam tortura e prisão de liderança

Com informações de resistenciacamponesa.com

O site Resistência Camponesa publicou a denúncia de um ataque contra a área Dom Helder Camara em Ilhéus – BA. A área foi invadida por policiais militares no dia 23 de outubro.

Os atacantes, valendo-se de argumentos religiosos contra os acampados (a maioria negros e seguidores do candomblé) humilhou e torturou homens e mulheres.

A nota assinada por Sérgio Bertoni denuncia que uma liderança do acampamento foi  algemada e arrastada até um formigueiro, onde ela foi atacada pelas formigas.

A nota ainda denuncia que o ataque à área foi deflagrado após a prisão de dois jovens na cidade de Ilhéus, e acrescenta que “os policiais teriam prometido aos jovens que se eles dissessem que no assentamento havia drogas, seriam libertados.” Denuncia também que levaram a liderança da área para a “delegacia onde ela foi encarcerada em um cela com homens, correndo o risco de ser violentada. Por sorte os presos parecem ter mais dignidade que certos policiais e nada fizeram com a companheira.”

Luta dos povos indígenas

Cacique Babau é libertado após cinco meses de prisão

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Em 17 de agosto último, o cacique Tupinambá da aldeia Serra do Padeiro, Rosivaldo Ferreira da Silva, conhecido como “cacique Babau”, foi libertado.

Praticamente nada foi divulgado pelo monopólio da imprensa, que dedica o mesmo ódio a todos os lutadores do povo.

Babau é uma combativa liderança indígena e lidera seu povo na luta pela terra. Ele foi alvo de intensa campanha de difamação e criminalização e foi preso em março deste ano junto ao seu irmão Givaldo Ferreira da Silva e, posteriormente, sua irmã Glicéria Tupinambá também foi detida com seu filho de 2 meses nos braços.

Tupinambás tomam latifúndio na Bahia

Tupinambás do Sul da Bahia iniciaram, no dia 11 de outubro, uma série de tomadas de terras em uma área de 47,3 mil hectares reivindicados como território original do seu povo nos município de Ilhéus, Una e Buerarema.

No dia 7 de outubro, a Polícia Federal havia realizado uma operação de desarmamento na região e prendeu um latifundiário no município de Pau Brasil.

Os Tupinambás têm denunciado seguidamente a ação de pistoleiros contra indígenas. Em 28 anos de conflitos entre índios e latifundiários na área, 20 lideranças indígenas foram assassinadas por bandos de pistoleiros.

Campos dos Goytacazes – RJ

Trabalho escravo nos canaviais

95 cortadores de cana-de-açúcar submetidos a trabalho escravo foram libertados em um cativeiro no latifúndio Marrecas, área da Erbas Agropecuária, em Campos dos Goytacazes – RJ no final de agosto último.

Em 24 de agosto, um grupo de fiscalização que reuniu o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal e Marinha do Brasil constatou as condições de trabalho dos cortadores de cana. Segundo denúncia publicada em reporterbrasil.com em 27 de setembro último eles foram arregimentados pelo “gato”* Valter Júnior Henrique Gomes em bairros da região.

Quando foram libertados, os cortadores de cana trabalhavam descalços, não tinham acesso à água potável, não havia instalações sanitárias nem locais adequados para as refeições. Os trabalhadores arcavam com a própria alimentação e outros gastos para sua manutenção.

A cana-de-açúcar colhida era vendida para a Usina Paineiras, em Itapemirim – ES.

Após a descoberta desse cativeiro e libertação dos 95 cortadores de cana, outros 35 trabalhadores buscaram a Procuradoria do Trabalho do Município de Campos dos Goytacazes e denunciaram serem explorados como escravos. Esse segundo grupo de cortadores de cana-de-açúcar também foi aliciado no interior da Bahia por um “gato”, a serviço do mesmo Valter Júnior, com a promessa de trabalho fácil e salário. Eles relataram que tiveram que pagar as despesas com a viagem, alugar casas na periferia de Campos dos Goytacazes e arcar com todas as despesas.

O “gato” Valter Júnior foi condenado e teve que pagar os direitos trabalhistas aos trabalhadores libertados, bem como os custos do seu retorno às suas cidades de origem.

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* Agenciadores de trabalhadores que atuam como intermediários de latifundiários, grandes empreiteiras, etc. Eles cumprem o papel de capatazes e são os agentes diretos dos verdadeiros contratantes e exploradores e, muitas vezes, se apropriam do dinheiro dos trabalhadores.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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