Rondônia
Latifúndio assassina mais um camponês em Rio Alto – Buritis
Com informações de resistenciacamponesa.com
No dia 04 de fevereiro de 2011, mais um camponês foi assassinado e outro gravemente ferido em uma emboscada quando voltavam para o município de Buritis.
Joãozinho, como era conhecido por seus companheiros, era uma das lideranças da área Rio Alto. Ele foi morto nas proximidades da ponte do rio Candeias, mesmo local em que os dirigentes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Élcio Machado e Gilson Gonçalves, foram assassinados após brutais torturas em dezembro de 2009.
A área Rio Alto está marcada desde o seu início pela violência do latifúndio contra as massas camponesas, pela inércia e conivência do velho Estado e seus órgãos com os crimes cometidos pelo latifúndio.
Segundo nota de denúncia publicada pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia, dias antes do assassinato de Joãozinho, camponeses moradores da área já alertavam que o latifundiário Dílson Cadalto rondava o local acompanhado por um grupo de pistoleiros.
Alagoas
Pistoleiros atacam acampamento em Porto Calvo
Camponeses mostram o que sobrou de um barraco
No dia 3 de fevereiro as 80 famílias acampadas à margem da AL-465, em terras do latifúndio Mato Grosso, município de Porto Calvo, sofreram o ataque de um bando de aproximadamente 20 pistoleiros fortemente armados.
O bando atacou o acampamento coordenado pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra – MLST, agrediu e feriu camponeses e destruiu barracos.
Severino Luiz da Silva, coordenador do acampamento, denunciou que os pistoleiros estavam em duas caminhonetes, um carro e duas motos, “todos comandados pelo fiscal de campo identificado como José Maria”, e dispararam muitos tiros contra o acampamento [fonte:gazetaweb.globo.com em 3 de fevereiro de 2011].
Processo sobre o latifúndio Cutrale é trancado
Em janeiro último a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou, por unanimidade, o trancamento do processo crime instaurado na Comarca de Lençóis Paulista, interior de São Paulo, contra todos os integrantes do MST acusados da “prática de crimes” durante a ocupação do latifúndio Santo Henrique Sucocitrico – Cutrale, entre 28 de setembro e 7 outubro de 2009.
250 famílias camponesas organizadas pelo MST haviam tomado o latifúndio Cutrale e foram alvo de odiosa campanha da reação por derrubarem pés de laranja da imensa monocultura do latifúndio voltada para exportação.
Em 2009, os ativistas e lideranças do MST tiveram prisão temporária decretada, que foi posteriormente convertida em prisão preventiva. Os decretos de prisões foram revogados em fevereiro de 2010, mas a decisão final sobre o habeas corpus e a absolvição dos acusados foi tomada em janeiro de 2011.
Pernambuco
Operários da Usina Catende bloqueiam BR 101 em Protesto
Com informações da Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste
No dia 22 de fevereiro os operários da Usina Catende que já há aproximadamente 10 dias paralisaram a moagem e decretaram greve motivada por atrasos no pagamento de salário (situação que se arrasta a quatro messes), dentre outras reivindicações, bloquearam um trecho da BR 101 na entrada do município de Palmares, cidade polo da região da Mata Sul Pernambucana, próximo à divisa com o estado de Alagoas por cerca de quatro horas, provocando um grande congestionamento.
A polícia militar, em conjunto com a polícia rodoviária federal, mobilizou helicópteros e tropa choque que abriu fogo manifestantes disparando balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, atingindo e ferindo dezenas de pessoas. Oito operários foram presos durante o protesto.
A dramática situação vivida pelos operários da Usina Catende e os camponeses do PA (Projeto de Assentamento) Miguel Arraes, é de escravidão, miséria e fome. Os “novos patrões” que administram a massa falida há 15 anos através da Cooperativa Harmonia e os sucessivos síndicos que por ela passaram deixaram um rastro de exploração e trabalho escravo, arruinando a economia do município de Catende, o que também repercute de maneira perversa em toda região.
Na esteira do fracasso da Cooperativa Harmonia, assumiu um interventor judicial, que ao invés de atenuar a insolvente situação da massa falida, sanar economicamente a Usina e melhorar as sofríveis condições de vida dos camponeses assentados e dos operários, tem intensificado a exploração, atrasando salários, incrementado as já volumosas dividas (passivos) da Usina e aprofundando a escravidão, a miséria e a fome.
Minas Gerais
Pela terra e pelo o fim do cativeiro do velho Estado
Os camponeses dos assentamentos de Janaúba, Jaíba, Pai Pedro e Porteirinha, denunciam o que chamam de “ditadura” do Incra, IEF e Emater, cujas políticas “escravizam, arruínam e desanimam os camponeses” do Norte de Minas.
Em nota eles denunciam a dura realidade enfrentada pelas famílias assentadas, que apesar de 26 anos de luta pela terra, como é o caso do Poço da Vovó, em Jaíba, não têm acesso à rede de abastecimento de água. “Os poços não funcionam ou a água é tão salobra, tem tanto calcário, que em poucos meses os canos estão entupidos pela calcificação!”, denunciam os camponeses.
“No União Santa Cláudia, em Pai Pedro, os camponeses, que já estão assentados no papel há 5 anos, têm de buscar água em carroças a distâncias de até 20 km! Até hoje o poço artesiano não foi perfurado dentro da área do assentamento. E várias famílias que estão nos lotes ainda esperam para ser legitimadas, o que está atrasando ainda mais a liberação dos créditos e dos projetos.”, prossegue a nota de denúncia.
Os camponeses ainda relatam que na área Mandassaia/Tracbel, em Janaúba, a situação é ainda mais grave: um técnico do Incra, em 2009 e 2010, levantou a situação de 32 famílias que estariam sob “processo administrativo”, procedimento que criminaliza os camponeses que não estão devidamente legalizados e regularizados, sendo constantemente ameaçados de serem expulsos de seus lotes. E em 2010, acompanhados pela polícia federal, técnicos do Incra expulsaram três famílias de seus lotes.
As famílias protestam, afirmando que “o Incra nunca cumpriu o que estabelece o contrato de assentamento, tudo é enrolado. E se não bastassem esses exemplos do que sofremos ainda têm a ditadura do IEF, que cortou nossos lotes pela metade”.
Os camponeses exigem o título da terra e convocam a população das cidades limítrofes para apoiarem a luta por: água para o Poço da Vovó; legitimação imediata de todas as famílias no União Santa Cláudia; liberação do Pronaf A para todos os camponeses que não receberam; fim da perseguição do IEF; anistia já para todas as dívidas; apoio para a legalização de todos os lotes; liberação imediata do crédito habitação; fim da ditadura, do cativeiro e das expulsões de camponeses de seus lotes; entrega do Título da Terra a todos que produzem nestas áreas.
Assinam o manifesto: Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Poço da Vovó, Associação dos Trabalhadores Rurais da Mandassaia, Associação dos Assentados do União Santa Claúdia, Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia.