Lutas de Libertação Nacional

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Lutas de Libertação Nacional

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Haiti
Porto Príncipe: escombros e protestos

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Protestos continuam no Haiti após um ano do terremoto

14 de janeiro: mais de dez manifestantes foram presos durante combativo protesto na capital haitiana. Centenas de pessoas foram às ruas e ergueram barricadas em toda Porto Príncipe.

A capital vem sendo convulsionada por massivos protestos desde o terremoto de janeiro de 2010, que destruiu grande parte da cidade.

Afeganistão
Resistência afegã derruba mais um helicóptero ianque

Com informações de jmalvarezblog.blogspot.com

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Flagrante da derrubada do helicóptero pela resistência Afegã

No dia 20 de janeiro a resistência afegã derrubou um helicóptero militar ianque em Alishang, distrito da província de Laghman. Tropas ianques atacavam um povoado em Alishang contando com cobertura aérea e receberam vigorosa resposta da resistência. Apesar das seis baixas de combatentes da resistência, o helicóptero ianque foi derrubado e as tropas invasoras se retiraram sem tomar o povoado.

Notas do Tribunal Mundial Sobre o Iraque

TMI (seção portuguesa)

Exército de Israel prossegue com genocídio palestino

Em Gaza, no dia 6 de janeiro, os serviços médicos do hospital recolheram os cadáveres de dois palestinos que foram mortos pelo exército israelense, perto da fronteira, a leste do campo de refugiados de Jabalia. No dia 8, soldados sionistas abriram fogo e mataram um jovem palestino de 25 anos, Kaldoun Sammoudi, que residia em Al-Yamun, próximo de Jenin.

Já no dia 11, Jamil Al-Najjar, um palestino de 25 anos de idade, foi morto e outros quatro ficaram feridos num ataque da aviação israelense em Khan Younis, Gaza.

Em 18 de janeiro, Amjad al-Zaanein, de 17 anos, foi morto e outros dois palestinos ficaram feridos, vítimas de uma incursão com tanques de guerra sionistas levada a cabo a norte de Jabaliya, em Gaza. Ao final do dia 20 de janeiro, as forças de ocupação sionistas mataram um palestino junto ao posto de controle de Mevo-Dotan, a sul de Jenin.

CIA comete genocídio no Paquistão

3 de janeiro – Aviões não tripulados pertencentes ao USA e comandados pela CIA, mataram no Paquistão, nos últimos 5 anos, 2043 pessoas, na sua maior parte civis, segundo um relatório do CNC, Centro de Monitorização de Conflitos. (ANI)

Mais ianques no Afeganistão

6 de janeiro – O secretário de defesa do USA, Robert Gates, aprovou o envio de mais 1400 militares para a guerra do Afeganistão. (Uruknet)


Tunísia, vão-se os anéis e ficam os dedos

Luiz Carcerelli

Um turbilhão sacudiu o Magreb. Desde meados de dezembro, manifestações cada vez mais decididas tomaram as ruas do país e, no dia 14 de janeiro, o presidente Zineel Adine Ben Ali, depois de 23 anos no poder, fugiu para a Arábia Saudita com uma tonelada e meia de ouro na bagagem. Imediatamente o primeiro ministro Mohamed Ghannouchi assumiu o governo e montou um novo gabinete tendo como presidente Fouad Mebazaa. Porém, as massas continuam nas ruas exigindo a extirpação de todos os resquícios do governo Ben Ali, inclusive os antigos ministros.

A “Revolução do Jasmim” (flor símbolo do país), como ficou conhecida, entra para a história como o primeiro levantamento popular a remover um tirano no mundo árabe. Não se tratando nem de uma “revolução islâmica”, nem tampouco de um golpe militar, este fato se reveste, por si só, de grande importância, tanto que causou grande alvoroço em toda a região do Magreb, particularmente na Argélia, Jordânia e Egito. No entanto, a falta de um partido revolucionário, que dirija o proletariado e seus aliados, aponta para o inevitável tráfico dos interesses das massas e para o realinhamento das classes dominantes mantendo o país no atraso e na submissão ao imperialismo.

No dia 17 de dezembro, um tunisiano de 26 anos de idade se suicidou, ateando fogo ao próprio corpo em praça pública. Tratava-se de Mohamed Bouazizi, desempregado, graduado na universidade, que se viu obrigado a ganhar a vida como ambulante, vendendo frutas e legumes. Teve suas mercadorias roubadas pela polícia e acabou com a própria vida. Sua atitude foi o estopim para a onda de protestos que varreu o país. Milhares de pessoas  tomaram as ruas contra o desemprego generalizado, corrupção no governo e falta de oportunidades. Em Sidi Bouzid, terra natal de Bouazizi, um jovem se suicidou se eletrocutando quando subiu em um poste de alta tensão gritando: “Não à miséria e ao desemprego!“. Os protestos se generalizaram e o governo respondeu com prisões, fechamento de escolas e universidades e toque de recolher. Finalmente, em 15 de janeiro, Ben Ali saiu do país e se refugiou na Arábia Saudita.

Os números oficiais da ONU dão conta de mais de 70 mortos nas manifestações, sete suicídios por protesto e 40 mortos em batalhas nas prisões. Mais de dez mil presos fugiram das prisões.


Povo do Egito se agiganta nas ruas

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Multidões protestam na principal praça do Cairo

No Egito, as manifestações contra o lacaio do imperialismo Hosni Mubarak se radicalizaram poucos dias depois de o povo da Tunísia ter colocado o gerentão Ben Ali para correr.

Os protestos foram especialmente vigorosos na cidade do Cairo, capital do país, em Alexandria e em Suez. No Cairo, manifestantes derrubaram o portão do edifício do ministério das Relações Exteriores e invadiram o local. Em Suez, lançaram coquetéis molotov contra prédios públicos e contra o escritório local do Partido Nacional Democrático, a facção política do “presidente” Hosni Mubarak.

Mais de uma dezena de pessoas morreram nesse que foi um dos maiores levantes do povo egípcio nos últimos 30 anos. A reação do Estado egípcio, o mais próximo do USA no Norte da África, foi tão feroz que em um único dia de protestos em Suez 70 pessoas ficaram feridas. No mesmo dia, no Cairo, nada menos do que mil manifestantes foram presos no “Dia de Fúria” da população (prisões que, além de infames, foram também ilegais, segundo denúncia de várias organizações de defesa dos “direitos humanos”).

Acossada, a administração Mubarak bloqueou o funcionamento de ferramentas tecnológicas que vinham sendo úteis para a organização, agendamento e convocatória de manifestações, sobretudo para a juventude rebelde. Primeiro foi o site Twitter, e depois o Facebook, após circular a informação de que nada menos do que 90 mil pessoas usaram esta ferramenta da internet para se mostrarem dispostas a se juntar aos que já estavam nas ruas enfrentando a polícia para fazer valer a autoridade das massas e exigir a saída de Mubarak.

Todo este ânimo do povo do Egito para fazer Mubarak correr não impede que o imperialismo e os oportunistas de plantão corram para que sua administração seja logo substituída por outra tão ou mais amiga dos criminosos reunidos na grande quadrilha auto-intitulada “comunidade internacional”, sempre com o apelo às “eleições livres” como remédio para todos os males – desde que o mal maior, que consiste na dominação neocolonial e na exploração sem limites do povo pelos monopólios, permaneça intocado.

É isto o que, infelizmente, ora acontece na Tunísia e parece ser o que vem se desenhando na Argélia, outro país do Norte da África que vem sendo varrido por manifestações populares no esteio das retumbantes marchas do povo tunisiano. Na Tunísia, a nova administração chegou a manter vários ministros remanescentes da administração anterior, cujos cabeças foram escorraçados do país pelas massas insurretas.


Imperialismo divide o maior país da África em dois

Em meados de janeiro deste ano, a região do Sudão do Sul realizou um referendo de fachada convocado há exatos seis anos pelo imperialismo, nos “acordos de paz” de janeiro de 2011 chancelados pela ONU entre o governo local e os rebeldes separatistas, para sacramentar uma velha reivindicação do USA, da Grã-Bretanha e de Israel: a divisão do maior país africano em dois.

A separação do Sudão do Sul foi “aprovada” por 99% dos votantes da região. O índice foi classificado pelos porta-vozes do imperialismo como uma “vitória esmagadora”. Antes de ser objeto de suspeição por parte da “comunidade internacional”, como em tantas ocasiões se fez quando o resultado das urnas não saiu exatamente como as potências planejavam, os 99% de votos angariados pelos colonizadores a favor do “sim” foram objeto de comemoração. Nem a estranha proporção de mais de 100% de comparecimento às urnas (em algumas regiões o número de votos excedeu em centenas o número de eleitores registrados) foi suficiente para arrefecer o entusiamo mal contido dos cabeças do projeto neocolonial na África com a separação do Sudão do Sul.

O Egito e o Sudão eram um só país até 1956, quando o imperialismo britânico mexeu os pauzinhos para a “independência” ao fomentar o regionalismo sudanês mediante uma contra-propaganda segundo a qual apenas o governo egípcio, e não a própria Grã-Bretanha, era o carrasco explorador e responsável pela agonia das massas esfaceladas pela rapina colonial.

Advertências do presidente Saddam

Logo após a invasão do Iraque por parte do USA, o presidente Saddam Hussein escreveu uma carta aos “líderes” árabes – apesar das profundas divergências que com eles tinha – então reunidos em uma cúpula no próprio Sudão, advertindo que o imperialismo ianque estava tentando dividir o seu país em três mini-estados: um curdo, ao norte, um sunita, na região central, e um xiita, no sul, e que “estava chegando a vez de seus países no plano de larga escala para quebrar os estados árabes e tomar o controle do petróleo da região”.

Saddam lembrou ainda que a estratégia ianque para o Iraque era apenas a matriz para planos congêneres do USA para dividir outros países árabes, o que Bush já vinha fomentando com o próprio Sudão. O apoio declarado de Obama à separação do Sudão do Sul, bem como as promessas do chefe ianque de “prosperidade” para o povo local, nada mais são do que o prosseguimento dessa política. Na mesma carta, Saddam ressalta que esta política de fragmentação das nações árabes do Oriente Médio e da África corresponde a “uma estratégia sionista, que vigora há duas décadas, elaborada por Oded Yinon nos anos 80”.

Plano Yinon

Referia-se ao chamado Plano Yinon, empreendimento de longo prazo tripartido entre o USA, a Grã-Bretanha e o Estado ilegítimo de Israel, que visa redesenhar o mapa do Oriente Médio e da África Oriental para assegurar a dominação sionista e garantir os interesses econômicos dos monopólios ianques e britânicos. O Sudão do Sul “independente” já aparecia, por exemplo, em um mapa elaborado pela revista ianque The Atlantic, ilustrando um artigo intitulado “Depois do Iraque: como o Oriente Médio vai ficar” (tradução livre).   

O processo específico de divisão do Sudão está particularmente relacionado aos interesses das transnacionais ianques do setor de petróleo. A região concentra 80% das reservas de petróleo sudanesas, é um dos raros lugares do mundo onde há grandes reservas minerais inexploradas e atualmente vem sendo alvo de uma grande ofensiva por parte dos capitalistas da China revisionista, a ponto de Pequim ter aberto um consulado em Juba (capital do sul) em 2008 e a estatal chinesa de petróleo CNPC ter financiado a criação de um centro de informática na universidade local.


Povo argelino em rebelião

No sábado, dia 22 de janeiro, cerca de 50 manifestantes ficaram feridos após um feroz ataque da polícia contra um protesto popular na capital da Argélia, Argel, no episódio mais sangrento desde que os bairros operários se levantaram e tomaram as ruas de várias cidades do país contra a opressão.

Até helicópteros e caminhões foram usados para tentar fazer retroceder os protestos contra a gerência de Abdelaziz Bouteflika, velho lacaio da França, a metrópole disfarçada à qual as classes dominantes argelinas jamais deixaram de servir,  não obstante a farsesca “independência” de 1962. Carros vêm sendo queimados e lojas vem sendo destruídas em meio à fúria das massas.

Na Argélia, os preços dos alimentos estão disparando rumo à total incompatibilidade com os salários dos trabalhadores. Como na Tunísia, o atual levante do povo, embora espontâneo, ainda está demasiadamente à mercê da instrumentalização por parte de partidos eleitoreiros, e carece de politização para que suas consequências possam ir além das promessas vazias dos paus-mandados de Paris.

Mas a centelha revolucionária pode ser percebida na juventude insurreta, animada para a luta, cansada de tanta exploração e humilhação e altiva mesmo diante da intimidação dirigida à ela pela repressão semicolonial.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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