Iraque
Manifestantes exigem trabalho
Com informações da seção portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque – TMI
Manifestantes tomam as ruas reoltados com a corrupção e o desemprego
No dia 6 de fevereiro a polícia disparou contra centenas de manifestantes no distrito de al-Hamza, na província iraquiana de Al-Diwaniya, matando uma pessoa e ferindo outras quatro.
O incidente ocorreu após o parlamento iraquiano ter divulgado um comunicado condenando o uso da violência contra os manifestantes no Egito, apelando ao “respeito pelos direitos humanos”.
Os manifestantes exigiam que o governo iraquiano garantisse os serviços básicos. Além de exigirem emprego, os manifestantes carregavam lâmpadas e pequenos sacos de açúcar para simbolizar as suas reivindicações por alimentos e energia elétrica. O sistema de cartão de racionamento inclui apenas os itens de primeira necessidade como trigo, arroz, farinha, e o governo estuda cortar o abastecimento alimentar para apenas quatro itens.
O sistema de cartão de racionamento foi adotado no Iraque após o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado, em 1990, a Resolução nº 661 que impunha sanções econômicas ao país após a invasão do Kuwait.
Em dezembro de 2010, a ONU levantou oficialmente as sanções contra o Iraque. Estima-se que o financiamento do governo para a caderneta de racionamento em 2010 tenha atingido cerca de 2,9 bilhões da dólares.
Um dos manifestantes, Mohammed Hassan, 31, disse à al-Sumaria News que a polícia prendeu alguns manifestantes, e acrescentou que a manifestação continuaria no dia seguinte até que as exigências fossem atendidas.
Outras testemunhas disseram que os manifestantes atiraram pedras contra a polícia, queimaram pneus e bloquearam a estrada principal da área durante mais de duas horas.
Enquanto isso, Dakhil Sihyoud, um responsável local na província de Al-Diwania, disse à al-Sumaria News que a polícia disparou tiros para o ar para dispersar os manifestantes, bloqueando a estrada principal, que ele chamou de “internacional” por ligar a parte sul do Iraque ao centro do país, e que “o governo da província ia se reunir com os manifestantes para ouvir as suas reivindicações”.
Nove mortos em manifestações no Iraque
No dia 19 de fevereiro, nove pessoas morreram e 47 ficaram feridas, quando centenas de manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança em Sulaimaniya, cidade na região curda do norte do Iraque, segundo o Dr. Raykot Hamed Salih, um médico da cidade.
Dezenas de manifestantes atacaram a sede do Partido Democrático do Curdistão na cidade e destruíram móveis e computadores no interior do edifício, disseram à CNN fontes da polícia em Sulaimaniya.
Testemunhas disseram à CNN que as forças de segurança curdas, conhecidas como peshmerga, abriram fogo para dispersar os manifestantes.
Os manifestantes estavam revoltados com a corrupção, a qualidade dos serviços básicos e o desemprego, disse Salih.
O Partido Democrático do Curdistão é chefiado por Massoud Barzani, um homem poderoso na região.
O Iraque, como muitos dos seus vizinhos, tem sido agitado por protestos populares desde as manifestações que derrubaram o líder da Tunísia, no mês passado.
Na cidade de Kut, no dia 18 de fevereiro, na parte leste do Iraque, pelo menos uma pessoa foi morta a tiros e outras 55 ficaram feridas, incluindo quatro policiais, quando os seguranças privados e as forças de segurança iraquianas abriram fogo contra centenas de manifestantes em frente ao gabinete do governador, disseram fontes hospitalares.
Policiais de Kut, que fica 110 km ao sul de Bagdá, disseram à CNN que cerca de dois mil manifestantes exigiam a renúncia do governador da província de Wasit, Latif Hamed, acusando-o de corrupção.
Alguns dos manifestantes tentaram forçar a entrada para o gabinete do governador, enfrentando os guardas de segurança privada, disse a polícia. Depois do tiroteio, a situação degradou-se rapidamente e os manifestantes ficaram ainda mais revoltados. Dezenas de manifestantes invadiram de novo o gabinete do governador e destruíram móveis no interior e deixaram o prédio em chamas. Outro grupo de manifestantes dirigiu-se à casa do governador, tendo-a incendiado também.
A polícia de Kut disse à CNN que Hamed não estava na cidade quando os manifestantes atacaram o seu escritório e a casa.
Os manifestantes gritavam “Abaixo o (primeiro-ministro Nouri) Al-Maliki, abaixo a corrupção, fora com os ladrões!” Outros sustentavam uma faixa que dizia: “Oito anos de sofrimento, onde estão as suas promessas?”, referindo-se ao governo iraquiano que assumiu o poder após a invasão de 2003.
No dia 18, em Falluja, centenas de manifestantes marcharam em direção ao edifício da Câmara Municipal e do gabinete do presidente exigindo a sua renúncia e do chefe do conselho da cidade, por causa da corrupção e da sua incapacidade em fornecer serviços básicos à população.
Pela primeira vez desde que começaram as manifestações em todo o país, há mais de duas semanas, a TV estatal Iraqiya mostrou imagens da manifestação de Kut e apelou para os protestos serem feitos de “forma pacífica e sem violência”.
Afeganistão
Prisioneiro afegão morre em Guantânamo
O prisioneiro de guerra Awal Gul, um afegão que estava preso há nove anos sem acusação nem julgamento, morreu nas masmorras de Guantânamo. Seu corpo foi enviado para o seu país, onde cinco mil pessoas acompanharam o funeral, no dia 7 de fevereiro, em Najmul Jihad, na região de Jalalabad. Aparentemente, a sua morte foi resultado dum ataque cardíaco após realizar exercícios físicos.
25 toneladas de bombas limpam do mapa cidade afegã
Em outubro de 2010, uma unidade militar chefiada pelos ianques reduziu a pó uma aldeia afegã no vale do rio Arghandab, em Kandahar, sob o pretexto de ela estar tomada por talibãs.
É o sinal mais recente de que o general David Petraeus, o ícone da contra-insurgência, está levando a cabo uma guerra frustrante com níveis de violência surpreendentes.
Após duas tentativas frustradas em tomar a aldeia que resultaram em baixas ianques e afegãs, o exército do USA decidiu arrasar a aldeia. Deu ordem para uma carga em linha de minas de remoção, utilizando explosivos lançados por foguetes para abrir um caminho até ao centro de Tarok Kolache.
E isto foi o princípio. No dia 6 de outubro ocorreram novos ataques aéreos de A-10s e B-1s combinados com poderosos foguetes lançados de terra, para bombardear a aldeia.
Após submeterem a aldeia Tarok Kolache a cerca de 25 toneladas de bombas e foguetes, os ianques afirmaram que não houve baixas civis. Somente os foguetes têm um raio de ação de cerca de 50 metros, porquanto a possibilidade de atingir pessoas que se encontrem perto é elevada em qualquer ataque.
Somente no final de janeiro as casas dos aldeãos começaram a ser reconstruídas e a população está revoltada. Muitos tiveram suas vidas arruinadas.