Mais de 150 famílias camponesas, do acampamento Zé Maria de Tomé, empreenderam brava resistência e obrigaram a Polícia Militar (PM) e o Poder Judiciário do velho Estado a desistirem da reintegração de posse, no dia 21 de novembro, no município de Limoeiro do Norte, no Ceará.
Na manhã deste dia, a PM havia montado um cerco com um bloqueio da principal estrada de acesso ao acampamento e estava preparando suas tropas para realizar uma truculenta ação de despejo. A ação contaria com o Batalhão de Polícia de Choque, a Companhia de Distúrbios Civis (CDC) e do Comando Tático Rural (Contar).
Sem intimidarem-se, os camponeses realizaram uma combativa manifestação com queima de pneus, enquanto advogados e apoiadores iniciavam negociações. Após muitas horas de resistência, as tropas policiais desmontaram o bloqueio e se retiraram, suspendendo, por enquanto, quaisquer ações de despejo contra o acampamento Zé Maria de Tomé.
O juiz Bernardo Lima Vasconcelos Carneiro, da 15ª Vara Federal de Limoeiro do Norte, que autorizou o despejo, ainda não se posicionou se irá manter a ordem.
De acordo com nota publicada no portal do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o acampamento Zé Maria de Tomé localiza-se em terras da união e tem considerável produção agrícola. As terras da união em questão são do Perímetro Jaguaribe Apodi, num projeto de irrigação que, de acordo com o jornal Brasil de Fato, teria sido destinado ao assentamento de camponeses sem terra, mas hoje encontra-se majoritariamente grilado por empresas nacionais e transnacionais.