No dia 19 de fevereiro, centenas de camponeses realizaram em Arari, Baixada maranhense, uma grande manifestação contra o cercamento dos campos públicos e em defesa do direito de lutar.
Durante o dia, antes do início do ato, uma assembleia popular que ocorreu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais contou com a presença de cerca de 120 camponeses e tinha como objetivo deliberar novas ações comunitárias.
Segundo nota emitida pelos Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão, a comunidade se organiza há aproximadamente dois anos para retirar com as próprias mãos as cercas e os búfalos que os latifundiários e grileiros, com apoio do governo do estado (gerenciado por Flávio Dino/PCdoB), colocaram nos campos alagados da Baixada, impedindo que os moradores tivessem acesso às áreas. Essas ações ocasionaram grande situação de fome, de êxodo rural e desequilíbrio ambiental.
Os camponeses que desfizeram as cercas devido a inércia do velho Estado denunciam a articulação do Judiciário, Ministério Público e polícias a serviço do latifúndio para dar cabo a um processo de criminalização que resultou na prisão de nove lavradores e processo sobre outras dezenas de trabalhadores.
Resistência se alastra
Ainda no estado do Maranhão, no dia 19/02 os moradores mais antigos da comunidade Cajueiro, na zona rural de São Luís, receberam uma nova ordem de despejo emitida pelo juiz Marcelo Oka, que favorece um monopólio do social-imperialismo chinês financiador da campanha eleitoral do governador Flávio Dino/PCdoB. Na comunidade vivem cerca de 500 famílias, parte delas residentes da área há mais de 40 anos que travam dura luta para permanecer na terra.
Os moradores da comunidade realizaram diversas ações de resistência contra a expulsão. Em agosto do ano de 2019, ocorreram a ocupação da Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão e diversos atos de solidariedade como o ato em frente ao Palácio Henrique de La Roque.
Seu Joca, 86 anos, um dos mais antigos moradores, que recebeu a recente ordem de despejo, afirma em entrevista à Comissão Pastoral da Terra (CPT) que “somente sairá do Cajueiro carregado”.
A área está sendo expropriada a fim de limpar o terreno para construção de um porto privado da empresa WPR São Luís Gestão de Portos e Terminais Ltda., atual TUP Porto São Luís S/A. Tal empresa pertence ao grupo WTorre, uma construtora de São Paulo que tem como objetivo ampliar o porto de Itaqui e aprimorar o escoamento do minério de ferro extraído pela Vale, minério exportado majoritariamente para a China.
O oportunista e reacionário Flávio Dino/PCdoB, na época em que concorria para governo do estado do Maranhão, foi financiado pela WTorre no valor que pode ser apurado de mais de R$ 250 mil. Em 2018 e em 2019 após eleito, junto ao seu secretário de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo, assinou os dois decretos de desapropriação, beneficiando o monopólio chinês e condenando ao despejo as famílias.