Mais greves agitam o Brasil e o mundo

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Mais greves agitam o Brasil e o mundo

E a crise mundial continua se alastrando por todos os continentes. Com os seguidos ataques aos direitos trabalhistas e o agravamento do quadro de desemprego as massas tem se erguido em lutas de resistência, transformando os locais de trabalho em trincheiras de luta contra a ganância patronal. AND segue mostrando mês a mês o crescimento da revolta popular e o volume de greves e agitações pelo mundo afora.
A exemplo do que vem acontecendo nas potências imperialistas, no Brasil, assim como nas demais semicolônias, os reflexos da crise continuam agravando as condições de trabalho das massas, que intensificam sua organização dia após dia.

Greves operárias

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Metalúrgicos do Maranhão

Em São Luiz do Maranhão, no dia 19 de junho, operários da maior indústria metalúrgica do estado, a Alumar, entraram em greve por tempo indeterminado exigindo um reajuste salarial de 8% e o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa, o que não acontece desde janeiro. Por meio de uma liminar expedida na noite do dia anterior o desembargador Américo Bedê Freire, do Tribunal Regional do Trabalho — cedendo às pressões dos patrões em aliança com o sindicato pelego — ameaçou multar o Sindmetal em 5 mil reais por cada dia em que os trabalhadores continuarem de braços cruzados. Na primeira manhã de greve, os metalúrgicos bloquearam estrategicamente a BR-135 em três pontos para reforçar sua posição e protestar contra o autoritarismo do Estado burocrático. O sindicato que representa a categoria calcula uma adesão à greve de 70% dos trabalhadores.

No dia 22 de junho, eletricitários de Furnas em todo país decretaram greve por tempo indeterminado após impasse em reunião com a Eletrobrás. Os operários reivindicam o cumprimento do acordo coletivo dos trabalhadores (ACT) com relação ao Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR).

No dia seguinte, operários da unidade da Perdigão de Lajeado no Rio Grande do Sul entraram em greve exigindo 7,8% de reajuste salarial. Para inaugurar as atividades os trabalhadores realizaram uma manifestação na porta da fábrica durante toda a tarde do mesmo dia. A greve terminou dez dias depois, quando os patrões, encurralados pela greve, cederam a todas as reivindicações da categoria.

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Metalúrgicos do ABC

No início de julho, após impasse com o patronato na negociação do PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), metalúrgicos de duas indústrias do ABC paulista — a Alcoa em Santo André e a Delga, em Diadema — também entraram em greve por tempo indeterminado.

Greve nos transportes

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Metroviários em Minas

Em Belo Horizonte, no dia 22 de junho, trabalhadores metroviários cruzaram os braços exigindo reajuste de perdas salariais de 12,07%, piso de três salários mínimos, adicional por produtividade e plano de saúde.

No Rio Grande do Norte, os trabalhadores rodoviários em assembléia geral no dia 23 de junho decidiram dar continuidade à greve estadual por reajuste salarial de 12% e segurança para motoristas, trocadores e passageiros, vítimas do crescente número de assaltos a ônibus na capital e no interior do estado.

Dia 1º de julho, ferroviários de Salvador pararam de trabalhar reivindicando reformas na estrutura do sistema, reajuste salarial de 12%, e a reestatização das linhas de trem, recém privatizadas.

Greve no setor da saúde

Dia 23 de junho, em todo o estado do Ceará, 14 mil servidores estaduais da saúde entraram em greve reivindicando o início das negociações de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários para a categoria. Na manhã do mesmo dia os trabalhadores realizaram um protesto em frente à secretaria estadual de saúde para reforçar sua posição.

Em Rondônia, com o fim do prazo estabelecido pela Justiça do Trabalho de Rondônia para que o Governo do Estado apresentasse uma contraproposta de revisão do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) dos servidores da saúde, a categoria volta a se mobilizar e já articula nova greve.

Dia 1º de julho, médicos da rede municipal de Belo Horizonte, fizeram nova paralisação reivindicando melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Segundo o sindicato que representa a categoria, a greve tem adesão de 70% dos servidores.

Greve na educação

Em Confresa, no Mato Grosso, professores da rede municipal estão em greve desde o dia 8 de junho reivindicando piso salarial nacional de R$ 1.132 mil estabelecidos na Lei Federal nº 11.738/08 e que, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), não está sendo cumprida pela gerencia municipal.

— Os profissionais de educação só sofreram ameaças de corte nos salários e de demissão até o momento por parte do Executivo Municipal, que nos tem tratado com truculência e ofensas — afirmou Alex Ferreira, diretor regional do sindicato.

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Professores de Jaboatão – PE

Em Jaboatão, Pernambuco, professores da rede municipal, de braços cruzados a mais de um mês, dia 1º de julho ocuparam o prédio onde funciona a sede da Secretaria Municipal de Educação e prometeram não sair até que a Prefeitura negocie com os trabalhadores. Eles reivindicam reajuste salarial e melhores condições de trabalho. De acordo com o sindicato que representa a categoria, a greve tem adesão de 80% dos professores do município.

Greve no serviço público

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Servidores públicos em Belo Horizonte

Também em Belo Horizonte, servidores municipais, incluindo médicos e professores, entraram em greve no dia 23 de junho, exigindo aumento do valor do vale-refeição de R$ 5 para R$ 15 e reajuste salarial de 26%.

No dia seguinte, servidores de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, decretaram greve por tempo indeterminado reivindicando reajuste de salários e benefícios que compensem os 46% de defasagem no período compreendido entre 1997 e 2007, constatado por estudo do Sindserv junto ao Dieese.

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Funcionários do INSS

No INSS, servidores em greve há quase um mês com adesão de 16 estados, realizaram manifestações em todo país no início de julho exigindo a redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais para 30 horas, sem redução da remuneração. Além disso, os trabalhadores exigem a incorporação da gratificação de funções aos seus vencimentos. Dia 1º de julho, no Rio de Janeiro, a categoria se reuniu na rua Pedro Lessa, no Centro da cidade, em frente ao prédio da Gerência Executiva do instituto para realizar uma manifestação. A PM interveio jogando bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra os servidores, que não se intimidaram e enfrentaram a polícia.

Em Brasília — onde a greve tem adesão de 65% da categoria — os trabalhadores realizaram manifestação no mesmo dia e trancaram com cadeados a porta da agência do Setor Bancário Norte, na região central da capital. Mais uma vez a polícia interveio e também houve confronto com os servidores.

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Funcionários da Sucom de Salvador

Novamente em Salvador, no dia 30 de junho, trabalhadores da Sucom (Superintendência de Controle e Ordenamento do Solo do Município) entraram em greve e ocuparam a sede do órgão no distrito de Bonocô. O superintendente da Sucom, Cláudio Silva tentou invadir o prédio enquanto era realizada uma assembléia geral e foi rechaçado pelos trabalhadores que jogaram ovos contra o carro dos engravatados que o acompanhavam e expulsou-os do local. Os servidores exigem 14% de reajuste, assistência médica e melhorias nas condições de trabalho.

A crise avança, as demissões continuam

E no mundo inteiro, encurralados pela crise, patrões atacam cada dia mais os diretos trabalhistas e colocam milhões de pessoas no olho da rua. No Brasil, segundo dados do ministério do trabalho, o número de desempregados no mercado formal já ultrapassa a faixa de 800 mil trabalhadores.

Em julho, a mineradora Vale do Rio Doceanunciou a demissão de mais 300 funcionários que se juntam aos outros 1,6 mil já desligados desde dezembro de 2008. No mesmo período, o minério de ferro, maior produto comercializado pela Vale, já sofreu redução de 44%.

Em Minas Gerais, o Sindicato dos Professores da rede privada entrou no dia 1º de julho com ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para que seja revogada a demissão de 20% dos professores, anunciada pela direção do Centro Universitário UNI-BH. No total foram demitidos 127 professores, número que pode chegar a 200 se somadas as homologações já marcadas e as que chegam aos poucos.

Em Curitiba, no Paraná, o grupo Boshde componentes automotivos anunciou no dia 19 de julho a demissão de 900 trabalhadores e a interrupção de todas as atividades até o dia 28 do mesmo mês.

No USA, a indústria de sementes e produtos para agricultura Monsanto Company anunciou que até 2010 irá demitir 900 trabalhadores em todo mundo.

No setor siderúrgico, a companhia anglo-holandesa Corus anunciou no dia 26 de junho um corte de quase 15% do seu efetivo, o que equivale a dois mil empregos. Os trabalhadores demitidos se juntam a outros 3,5 mil já desligados pela Corus desde o final de 2008.

Na Suíça, o grupo industrial Sulzer anunciou no dia 24 de junho a demissão de 1.400 funcionários na Europa e nas Américas até 2011. A empresa que conta com mais de 12 mil trabalhadores divulgou um comunicado alertando que as condições de trabalho de quem ainda está empregado “vão continuar piorando nos próximos meses, e não se espera uma melhora ou recuperação rápida”.

Na Inglaterra, o banco estatal britânico Lloyds Banking Group, anunciou o corte de 2,1 mil trabalhadores que se juntam a outros 7 mil já demitidos desde a fusão entre Lloyds TSB e HBOS aprovada pelos acionistas no outono passado.

Na França, a petrolífera Total anunciou a demissão de cerca de 900 operários que participaram de uma greve que foi duramente criminalizada pela imprensa local. Em protesto contra as demissões, os operários ameaçam convocar uma greve que se consolidada resultará no fechamento de algumas fábricas e a operação de outras com capacidade reduzida.

Também na França, a indústria de pneus Michelin anunciou o desligamento de 1,8 mil trabalhadores nos próximos três anos, sendo 1.093 ainda em 2009. Enquanto isso, a Continental, principal concorrente da Michelin já divulgou a interrupção das atividades em fábricas na França e na Alemanha, além de um número ainda não estimado de demissões.

Pelo mundo, patronato é rechaçado pelas massas

Grandes potências imperialistas, também encaram a revolta e a combatividade das maiores vítimas dessa crise: trabalhadores pobres, oprimidos, porém organizados e de braços cruzados.

No dia 2 de julho, mais de 200 mil estudantes, secundaristas e universitários com o apoio de professores e servidores, tomaram as ruas de 70 cidades da Alemanha para protestar “contra a precarização das instituições do país que está reduzindo o sistema educacional às ruínas”.

— Eu estou protestando porque as condições de trabalho em meu emprego pioraram inteiramente, do mesmo modo que as condições para secundaristas e universitários. Há menos e menos professores empregados, embora as exigências que nos são feitas cresçam continuamente — afirmou a professora Brigit, que participava da manifestação em Berlim.

Na Inglaterra, trabalhadores metroviários cruzaram os braços no inicio de julho reivindicando reajuste salarial, melhores condições de trabalho e mudanças nas questões disciplinares internas. A paralisação aconteceu em 9 das 12 linhas do metrô de Londres e como de praxe, foi severamente desqualificada pelo monopólio dos meios de comunicação inglês.

Operários ameaçam explodir fábrica na França

Trabalhadores da fábrica de autopeças New Fabris, que fornece componentes para os carros franceses da Renault, Peugeot e Citroën, realizaram um grande protesto no dia 13 de julho na sede da empresa emChâtellerault.

Eles ameaçavam explodir a fábrica se seus principais clientes não indenizarem os trabalhadores demitidos com 30 mil euros cada um.

As lideranças do movimento anunciaram que, caso a Renault e o grupo PSA Peugeot-Citroën não pagassem a indenização pedida por cada um dos 366 empregados, bombas de gás conectadas entre si seriam detonadas levando a fábrica pelos ares.

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