Mais um capítulo do calvário de um operário de Jirau

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Mais um capítulo do calvário de um operário de Jirau

Em audiência realizada no dia 28 de janeiro, foi concedida liberdade provisória ao operário de Jirau Raimundo Braga até a segunda etapa do julgamento, marcada para 15 de fevereiro. Raimundo foi preso em Porto Velho pela segunda vez em outubro do ano passado quando lutava por seus direitos trabalhistas. Há denúncias de possível participação de um ministro em ardil para incriminar o operário.

Raimundo Braga depôs em CPI do tráfico de pessoas, em Brasília

AND vem realizando ampla cobertura das greves e lutas operárias nas obras do PAC e, particularmente, do calvário do operário piauiense Raimundo Braga da Cruz Souza, desde seu aliciamento por um “gato” a serviço da construtora Camargo Corrêa, em sua cidade natal, Luzilândia. Repercutimos a denúncia da prisão ilegal e tortura sofrida pelo operário no canteiro de obras e na Casa de Detenção José Mário Alves da Silva (Pandinha) onde foi mantido preso por quase dois meses. Noticiamos seu julgamento e absolvição por absoluta improcedência da acusação.

Repercutimos o grande impacto de suas denúncias das torturas e maus tratos em Jirau à Comissão Parlamentar de Inquérito do Tráfico de Pessoas e à Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

Em outubro do ano passado, Raimundo teve que voltar a Porto Velho para participar de audiência trabalhista contra a Camargo Corrêa exigindo o pagamento de seus direitos trabalhistas e indenização. Nessa audiência, o juiz do trabalho Geraldo Rudio Wandenkolken, acolhendo a argumentação dos advogados do consórcio ESBR, Camargo Corrêa, Chesf e Eletrosul, tentou convencer Raimundo a desistir da ação. A Liga operária denuncia que, a partir de então, o juiz “entravou o processo (TRT-RO número 0000966-10.2012.5.14.0007) e não proferiu qualquer solução até a presente data (dia 24/01/2013)”.

Enquanto aguardava a solução de seu processo, Raimundo foi novamente preso em circunstâncias estranhas.

Ele havia se encontrado na rua com uma pessoa que conhecia superficialmente e que teria vínculos com a Camargo Correa e, quando regressava para o hotel onde estava hospedado, esta pessoa o acompanhou. No percurso essa pessoa se separou de Raimundo mas, segundo relatou o operário, voltou repentinamente, lhe pediu para segurar uma bolsa e sumiu. Surgiu então uma criança chorando, dizendo que a bolsa era dela e Raimundo imediatamente lhe entregou. Nesse momento, ele foi imobilizado por duas pessoas, acusado de roubo, a polícia também surgiu subitamente e efetuou a prisão. Na delegacia, como passe de mágica, apareceu uma faca de mesa que o delegado diz ter sido utilizada por Raimundo, lavrando um flagrante. Imediatamente, Raimundo foi levado para a Casa de Detenção José Mário Alves da Silva e mantido incomunicável por três dias.

A Liga Operária e outras organizações classistas e de defesa dos direitos do povo denunciam a nova prisão de Raimundo como uma armação amparada pelos ataques do Ministro Gilberto Carvalho, que desqualificou as justas greves por melhores condições de trabalho nas obras do PAC, taxando os operários de “bandidos e vândalos”. Segundo a Liga Operária, a conduta do ministro o coloca como suspeito de ser o mentor do ardil que resultou na prisão do Raimundo”. [fonte: http://www.ligaoperaria.org.br/1/?p=3502]

A Liga Operária argumenta que “as denúncias de aliciamento e tráfico de pessoas para as obras de Jirau tiveram grande repercussão e incomodaram o governo, particularmente o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que tinha tachado os operários de vândalos e bandidos e ordenado a repressão às greves das obras das usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte. “Não consideramos essa ação que houve lá como uma ação sindical ou uma ação de mobilização, mas um vandalismo, banditismo, e tem de ser tratado em termos de questão judiciária e policial”, afirmou Carvalho”. [fonte: ligaoperaria.org.br]

Em 28 de janeiro, ocorreu uma audiência em Porto Velho para julgar Raimundo Braga, que foi defendido pelos advogados membros da Associação Brasileira de Advogados do Povo, Ermógenes Jacinto e Felipe Nicolau, e contou com o apoio de Gustavo Dandolini, advogado da Comissão de Justiça e Paz de Porto Velho e representantes do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Frente aos prazos excessivos demandados para o julgamento, o juiz concedeu liberdade provisória a Raimundo. No dia 15 de fevereiro próximo ocorrerá uma nova audiência para julgar o caso.

Minas Gerais: matança nas obras tem primeiras vítimas de 2013

Assessoria de imprensa do STIC-BH – MARRETA

O operário Márcio Souza de Jesus, 47 anos, morreu na tarde de 24 de janeiro após sofrer queda no fosso de um elevador em uma obra realizada pela Construtora Engepam Engenharia, na Alameda das Acácias, próximo ao Clube Sírio Libanês, região da Pampulha, em Belo Horizonte. Márcio trabalhava no 12º andar da obra, o fosso do elevador não tinha o fechamento do vão de acordo com a exigência da portaria NR-18 e ele sofreu a queda de uma altura aproximada a 38 metros.

Essa foi aprimeira morte de um operário em um canteiro de obra de Belo Horizonte divulgada no ano de 2013, mas foi o terceiro acidente ocorrido nesse mesmo dia nos canteiros de obras da cidade. No outro caso, o operário José Liandro de Araújo, de 52 anos, ficou ferido após cair em um fosso de elevador, que também estava sem a devida proteção, quando trabalhava em uma obra da construtora Oliveira Fortes na Rua Wady José Alau, no bairro Ouro Preto. Com fratura na perna direita, ele foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro Risoleta Neves, em Venda Nova.

Nesse mesmo dia, o jovem operário Aron Junior do Carmo, 20 anos, passou mal enquanto operava o guindaste em uma obra no Bairro Betânia, na Região Oeste da capital e necessitou do socorro de bombeiros.

No dia 28, o operárioTiago Vasconcelos Coelho de Paula, de 19 anos, morreu ao cair de um andaime de uma altura de cerca de sete andares na obra de um condomínio na Avenida José Inácio Filho, Bairro Ingá, em Betim, região metropolitana de Belo Horizonte.

No ano passado foram registradas pelo menos 35 mortes de operários nos canteiros de obras de Belo Horizonte e Região, mas esses números oficiais estão muito abaixo da absurda mortandade de trabalhadores disfarçada de “acidentes de trabalho”.

Nesse ano já foram registradas diversas mortes de trabalhadores em diferentes regiões do país, entre elas estão a de um operário de uma obra da copa da FIFA, dia 23 de janeiro, que sofreu fulminante descarga elétrica na obra do Estádio do Grêmio, em Porto Alegre. O operário Araci da Silva Bernardes trabalhava em uma empresa terceirizada, a Epplan Construtora.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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