Daniel Levinao |
Mijael Carbone |
Leonardo Quijón |
Na edição 99 de AND anunciamos o fim da greve de fome realizada por 9 presos políticos mapuches. Dentre eles, Daniel Levinao, que teve o julgamento anulado. No dia 17 de dezembro, Daniel foi julgado pela segunda vez.
Daniel corroborou seu primeiro depoimento e outras testemunhas do caso também foram ouvidas. Os três juízes que analisaram o caso foram unânimes em declarar o jovem mapuche como inocente das acusações de “homicídio frustrado” contra um grupo de policiais. No primeiro julgamento, Daniel havia sido condenado a 12 anos de prisão. O outro acusado no mesmo caso, Paulino Levipán, teve a pena rebaixada para três anos e já está em liberdade.
Patrícia Troncoso, ativista da causa mapuche que também esteve presa e realizou várias greves de fome, acompanhou o julgamento e declarou:
– A manifestação de unanimidade dos juízes hoje, em Angol, mostra não só a mentira e as calúnias ditas pelos policias, mas também o modo de agir do Tribunal Oral Penal. (…) Muitas das provas foram fabricadas e inclusive periciadas às cegas, por isso terminaram jogando por terra a acusação contra este jovem mapuche. Outra conclusão a que podemos chegar com este resultado é que a violação processual é um fato sistemático e habitual em julgamentos contra o nosso povo. Não existe a igualdade perante a lei para o mapuche e ainda usam testemunhas sem rosto, que através da mentira acusam sem serem castigadas. Mas o pior é saber que para reverter decisões injustas é necessário arriscar a vida através de greves de fome. É pagar um preço muito alto pela justiça.
Daniel Levinao e Paulino Levipán fazem parte da comunidade mapuche “Wente Winkul Mapu”, que tem 2.500 ha e é mais uma das várias áreas recuperadas, que estavam em mãos de empresas florestais e grandes latifundiários. Desde a recuperação do território, os mapuches vêm sendo fustigados pela polícia e pelo Estado.
Mijael Carbone
Também no dia 17 de dezembro, Mijael Carbone, líder da comunidade mapuche Temucuicui e da Aliança Territorial Mapuche, se apresentou ao Tribunal de Angol.
Mijael estava na clandestinidade há meses, pois em agosto havia sido condenado injustamente a 7 anos de prisão por tentativa de homicídio contra um policial.
Com a recente anulação do julgamento que o condenou, Carbone se apresentou à justiça chilena. Agora, o werken (líder no idioma mapuche) precisa esperar um novo julgamento e está em prisão noturna domiciliar. O novo julgamento está marcado para 18 de fevereiro de 2013.
Leonardo Quijón
O jovem mapuche Leonardo Quijón abandonou a greve de fome iniciada no último dia 27 de novembro, após 19 dias de greve. Leonardo havia perdido mais de 6kg e sua saúde estava muito debilitada.
Essa era a segunda greve de fome que o jovem realizava em 2012. Na primeira greve, realizada entre outubro e novembro, havia sofrido uma parada cardíaca e foi internado em caráter de urgência, após não ingerir alimentos sólidos por 23 dias e líquidos por 4 .
Leonardo tem 20 anos e é perseguido político desde os 14, em consequência de sua ativa participação na luta por recuperação de terras do povo mapuche. Em 2009, com 17 anos, sofreu um atentado policial, que lhe deixou graves sequelas físicas e restos de projéteis que ainda estão em seu corpo.
No ano seguinte, foi acusado de “terrorista”. Em 2012, foi acusado do assassinato de um parceleiro. Quijón se entregou voluntariamente à justiça para provar sua inocência.
No dia 13 de dezembro, a justiça chilena recusou todos os pedidos de revisão do caso de Leonardo. O jovem, no entanto, em seu comunicado de abandono da greve, afirma que continuará exigindo um julgamento justo.