Mapuches prometem radicalizar luta

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Mapuches prometem radicalizar luta

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A marcha foi confirmada para o dia 20

Após a perseguição desatada pelo Estado chileno no início do ano, o povo Mapuche conclama a radicalizar a luta por sua autodeterminação.

Em AND 102, noticiamos o início da onda repressiva que o Estado chileno estava infligindo ao povo mapuche. No final de janeiro, iniciaram-se mesas de conversação entre o governo e diversas comunidades originárias. Mas, no dia 28 de janeiro, mais de trinta lideranças se retiraram da mesa de “diálogo”.

Segundo os dirigentes, os problemas que afetam as comunidades mapuches, como o reconhecimento institucional dos povos originários, a desmilitarização da região da Auracanía – onde está a maioria das comunidades mapuche – e a libertação dos presos políticos não estavam sendo realmente discutidos.

Após o fato, o Estado voltou a perseguir os líderes e comunidades mapuches.

Julgamento viciado

No dia 29 de janeiro, o judiciário chileno condenou, em segundo julgamento, a três jovens líderes da resistência mapuche por tentativa de homicídio contra agentes da polícia chilena, em outubro de 2011.

Erick Montoya foi condenado a cinco anos, Rodrigo Montoya a 6 anos e Hector Nahuelqueo a 41 dias de prisão e pagamento de  multa.

Erick e Rodrigo Montoya haviam participado de uma greve de fome por 60 dias, em 2012, exigindo um novo julgamento. Erick não compareceu à leitura da condenação e assumiu a clandestinidade.

O dirigente da comunidade Wente Winkul Mapu, Daniel Melinao, afirmou à Rádio Bío-Bío que “como comunidade, decidimos apoiar este gesto de rebeldia frente à opressão do Estado chileno”.

No julgamento dos jovens, foram utilizadas as “testemunhas sem rosto”. O advogado de defesa, Nelson Miranda, afirmou que “este é um dos julgamentos mais escandalosos da história em relação à falta de provas”.

Mais prisões

No dia 30 de janeiro, a polícia incursionou pela comunidade Río Bueno, prendendo seis pessoas, dentre elas vários machis, líderes espirituais. Mesmo sem provas, elas são acusadas de um atentado incendiário a um latifúndio conhecido como Pisu Pisué, na mesma comunidade, ocorrido em 9 de janeiro.

A comunidade mapuche de Río Bueno acusa o Estado chileno de promover mais uma montagem, na tentativa de reprimir a luta pela recuperação territorial e cultural levada a cabo por esta comunidade.

Um dos líderes mapuche da região, Jaime Lefian, afirmou que o conflito tem ligações diretas com a reivindicação das comunidades pela não instalação de projetos hidrelétricos em seus territórios, já que estes são espaços espirituais.

Jaime afirmou ainda que o cenário pode piorar. Após as últimas perseguições, várias comunidades se reuniram e estão prometendo responder à altura ao Estado chileno.

De 2008 a 2011, a polícia chilena da região da Auracanía havia aberto 478 causas contra líderes e pessoas ligadas à causa mapuche. Em 2012, o raio repressivo aumentou consideravelmente e 309 novas causas foram abertas. Os dados foram coletados por uma assistente social a pedido de organizações sindicais patronais da Auracanía.

Greve de fome

Conforme AND 102 informou, Millacheo está em greve de fome desde 24 de dezembro de 2012. Ele pertence à comunidade mapuche Chequenco, de Ercilla, e foi julgado várias vezes, sendo considerado inocente em vários julgamentos. Ele se declara inocente e reivindica um julgamento justo.

Até o momento, Millacheo continua em greve e já perdeu mais de 12 kg.

Héctor e Ramon Llanquileo, que também estavam em greve de fome, abandonaram o protesto após 76 dias sem ingerir comida. Eles estavam com a saúde bastante debilitada.

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