Em 6 de outubro completaram-se 20 anos do massacre de milhares de prisioneiros políticos, ocorrido no Irã, no verão de 1988, pelo regime islâmico. Entre os mártires desse assassinato em massa estão muitos comunistas, democratas, patriotas e ativistas progressistas de todas as organizações políticas do Irã. Uma manifestação foi marcada para esta data, promovida por 3 grupos revolucionários, democráticos e antiimperialistas: Grupo de Mulheres 8 de Março (iranianas e afegãs) — Inglaterra; Ativistas das Guerrilhas Fadaii, em Londres e a Organização Democrática Antiimperialista de Iranianos na Inglaterra. A nota abaixo data da eleição de Mahmud Ahmadinejah para presidente do Irã e conta a história deste massacre:
No verão de 1988, após oito anos de devastação e guerra reacionária entre o Irã e o Iraque, o agudizamento da crise econômica e o aumento do descontentamento da massa contra a República Islâmica, o regime aceitou a derrota na guerra contra o Iraque. O regime, que utilizou a guerra para consolidar seu domínio fascista, sentindo vulnerabilidade à crítica e diante da intensificação da luta popular começava, sob as ordens diretas do Aiatolá Khomeini, uma campanha de eliminação de prisioneiros políticos por todo o país. O regime, que encheu as prisões com dezenas de milhares de jovens militantes, comunistas e revolucionários começou, em julho de 1988, o extermínio de prisioneiros políticos. Muitos que já haviam cumprido pena na prisão e sofreram anos de torturas e isolamento, ou haviam sido libertados, foram recapturados e executados.
O extermínio continuou até setembro último e início de outubro. Não há números exatos dos assassinatos. Em anos recentes quando dezenas de ex-prisioneiros políticos estavam habilitados para trazer de volta as estatísticas da população nas prisões, no período em que estavam presos, foi feita uma estimativa de 18.000, para ser o total mais exato, daqueles executados num período de dois a três meses.
A extensão da crueldade e da barbaridade a que o povo iraniano e, em particular, os prisioneiros políticos foram submetidos sob o regime da República Islâmica são indescritíveis num pequeno espaço, mas vêm mais e mais sendo documentada pelos sobreviventes, amigos e familiares daqueles que foram executados nos últimos anos. O tormento e a crueldade contra as mulheres e, em particular, mulheres grávidas e mulheres com bebês e crianças são alguns dos macabros episódios na história do nosso povo, se não do mundo.
Os dados desse período de brutalidade e barbárie estão absolutamente separados de outros, que apontam dezenas de milhares de execuções como parte das ordens judiciais e punições ordenadas e praticadas antes, durante e após esse período. O recorde do regime em execução de militantes, trabalhadores, minorias nacionais desde o início da subida ao poder até julho de 1988 eleva-se a dezenas de milhares de assassinados.
O Irã, nos últimos 18 anos,
tem sido palco de um intenso
crescimento da oposição
e irrupção da luta da massa
Nos últimos 15 anos, a cada ano, companheiros, familiares e amigos reunem-se em túmulos de alguns dos exterminados no verão de 1988, num lugar conhecido como "Khavaran", para lembrarem seus amados. Estas reuniões são constantemente atacadas pela polícia e milícias do regime. Este lugar se tornou conhecido publicamente como o "Golzare Khavarn", que significa que o jardim do Khavaran é um lugar onde as flores crescem.
Em seguida a esse crime contra o povo do Irã, o regime assumiu que com isto acabaria com toda a oposição e impediria a militância entre os povos oprimidos do Irã. De qualquer forma, o Irã, nos últimos 18 anos, tem sido palco de um intenso crescimento da oposição e irrupção da luta da massa.
Em julho de 1999, em seguida às eleições do liberal Mullah Khatami à presidência, quando pensou-se ser ele uma válvula segura para o regime e para obstruir o aumento dos movimentos radicais, o movimento dos estudantes iranianos iniciou uma onda de luta militante pela democracia e contra o regime.
Khatami, (o sorridente fala-mansa Mullah) pessoalmente, ordenou a rápida e violenta repressão ao movimento dos estudantes que conduziram à revolta de 6 dias (conhecida como Levante Estudantil de 9 de Julho). Estes estudantes aprenderam mais sobre a vida e a política nestes dias do que aprenderiam em anos de vida acadêmica. Mais de 1500 foram presos e condenados a longas sentenças. Entretanto, o movimento estudantil continuou a adotar posições mais radicais e rejeitou mais e mais todos os grupos de poder. Hoje, há ainda muitos nas prisões resistindo à tortura e ao isolamento.
As últimas falsas eleições, que foram concluídas com a eleição de Mahmoud Ahamadinejad como novo presidente, indica que o regime está mais uma vez preparando amplos ataques contra o aumento da militância dos trabalhadores, mulheres, estudantes, minorias nacionais, povos indígenas e outras seções de povos oprimidos do Irã.
Ahamadinejad é bastante conhecido como uma pessoa que não só divide responsabilidades por crimes cometidos contra o povo do Irã com todos os outros membros do regime, como também é especialmente conhecido por ter participado dos planos e assassinatos dos prisioneiros políticos e do assassinato em série de personalidades intelectuais e progressistas. Ele é um dos responsáveis pelo planejamento e assassinato no exterior do Dr. A. Gasemlou e outros líderes do Partido Democrático Curdo, no incidente Mikonos, na Alemanha.
A eleição de Mahmoud Ahamadinejad como novo presidente é um sinal de que a contradição se intensificará; de que o movimento revolucionário no Irã deve se preparar mais do que nunca para encarar o regime da República Islâmica.
É neste contexto que as celebrações do massacre de prisioneiros políticos este ano se reveste de um maior significado para levar adiante uma maior unidade e coordenação para elevar o apoio para com os presos políticos do Irã e erguer a voz de sua resistência em nível internacional.
Grupo de Mulheres 8 de Março (iranianas e afegãs) — Inglaterra
Ativistas das Guerrilhas Fadaii, em Londres
Organização Democrática Antiimperialista de Iranianos na Inglaterra.