Oeste da Líbia foi bombardeada pela OTAN em julho
Em outro artigo, focado no colapso financeiro, coloquei em dúvida que o império esteja no fim, inclusive porque ainda é o poder militar que sustenta o dólar. Nessa linha, a oligarquia financeira perpetrou mais um latrogenocídio, para alijar da Líbia um regime cujo crime, na visão imperial, foi, durante 41 anos, melhorar as condições de vida de seu povo.
2Em 24 de agosto de 2011, a NATO (organização composta pelas potências imperiais e satélites), relatou ter, nos últimos cinco meses, realizado 20.121 missões aéreas, incluindo 7.597 bombardeios. Não mencionou quantos mísseis destruidores lançou sobre alvos na Líbia, nem o número de mortes de civis, inclusive crianças, nem ter destruído a infraestrutura, escolas, hospitais etc.
3 Essa é a “ação humanitária” alegada pelos sucessores de Goebbels. O atual período faz lembrar os anos 30, e as agressões hitleristas contra uma sucessão de países vitimados. Estavam os países centrais em depressão, ganhavam espaço o fascismo e novas empreitadas colonialistas.
4 Uma diferença é que, então, a Alemanha nazista afetava estar de lado contrário ao dos controladores da City de Londres. Isso não era bem verdade, porque Hitler adorava a oligarquia britânica, a qual, de resto, patrocinou a ascensão dele ao poder. Banqueiros ligados à finança mundial complotaram para derrubar o chefe do governo, Kurt von Schleicher, ex-chefe do Estado-maior, apoiado por setores sociais com excelente plano de recuperação econômica, muito melhor que as idéias de Keynes.
5 A oligarquia jogou a carta de Hitler, que prometera e cumpriu atacar a União Soviética. Hoje, não há dúvida: os continuadores do nazismo estão todos do mesmo lado, reunidos na OTAN.
6 Estas são algumas das razões pelas quais a Líbia foi covardemente violentada:
Primeira: ter Gaddafi convertido em ouro dólares das reservas líbias e posto esse ouro a salvo de banqueiros estadunidenses; ademais, propôs que os países africanos passassem a realizar transações internacionais através de moeda própria a ser criada regionalmente;
Segunda: ter a Líbia sido considerada, principalmente antes da agressão, presa fácil do ponto de vista militar. Ademais, as divisões tribais deveriam facilitar o êxito da subversão financiada e superarmada pelas potências hegemônicas e executada por tropas especiais de numerosos países. Não contaram com a resistência do grosso da população, que apoiava o regime de Gadafi, incomparavelmente mais democrático do que as “democracias” ocidentais. Nessas, o sistema representativo não representa os eleitores, mas, sim, quem os controla. Eleições periódicas e o pluripartidarismo não passam de engodos.
Terceira: ter Gaddafi facilitado a tarefa criminosa da OTAN, ao fazer, desde há alguns anos, concessões às potências hegemônicas pensando em aliviar pressões. Isso acentuou a fraqueza da vítima, como aconteceu também no caso do Iraque, país demográfica e militarmente muito mais poderoso que a Líbia (antes de ser massacrado). Ainda por cima, os sistemas antimísseis do Iraque eram britânicos e foram desativados pelos detentores dos códigos dos chips.
Quarta: o objetivo de praticar o genocídio contra a Líbia, como ponto de partida para guerra mais ampla, estendendo à Síria e ao Irã o teatro das operações. Há setores da oligarquia anglo-americana influenciando o Pentágono no sentido de desencadear guerra de maior porte, inclusive como válvula de escape face a movimentos de cidadãos norte-americanos e britânicos (entre outros) revoltados por terem consciência de que estão sendo sugados e enganados pela oligarquia.
Quinta: em conexão com o projeto de guerra, testar a China e a Rússia, passivas desde a capitulação, i.e., ao não vetarem a resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Sexta: privilegiar as companhias do cartel anglo-americano e afastar as chinesas, russas e indianas do petróleo líbio.
7Dir-se-á: “por que a França participou tão ativamente, tendo suas FFAA, junto com as britânicas, feito a maior parte do trabalho sujo?” Respondo: desde Napoleão, à exceção da era De Gaulle, a França sempre foi manipulada pela oligarquia britânica e depois anglo-americana. Além disso, Sarkozy é ligado a essas oligarquias e a elas deve sua carreira política.
8 Falando nisso, elas massacraram D. Strauss-Kahn, que seria candidato à presidência da França, com o objetivo também de forçá-lo a deixar a direção do FMI, pois DSK incomodou o império ao, entre outras coisas, apontar que não existem as alegadas reservas de ouro dos EUA.
9 O Estado policial dos EUA e serviços secretos foram acionados para prender DSK, em Nova York, de forma humilhante e injusta. Depois, ele ficou em prisão domiciliar, foi substituído no FMI por uma apaniguada de Sarkozy e, só após mais de três meses, acaba de ser liberado para retornar à França, por não haver provas das infames acusações que determinaram sua prisão, efetuada com arbitrariedade nunca antes vista.
10É sob o impacto de tantas e tão contundentes demonstrações de indecência, que se aproxima o décimo aniversário, em 11 de setembro, de outra conspiração criminosa: a implosão, planejada pelos oligarcas, das torres gêmeas de Nova York, para, junto com outras mentiras, aterrorizar as pessoas e condicioná-las a ver os “islâmicos” como inimigos e causadores do terror.
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*Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. [email protected]