Mobilização dos operários da usina Jirau em Rondônia
Mesmo com as regalias garantidas aos bancos e montadoras de carros pelo gerenciamento vende— pátria de Luiz Inácio, trabalhadores do setor continuam tendo seus salários arroxados e seus direitos retirados como nunca. Em resposta, bancários em todo Brasil, assim como grande parte dos metalúrgicos do setor automobilístico, decretaram greve no mês de setembro.
Dia 23 de setembro, metalúrgicos das fábricas da Ford e da Volkswagen em Taubaté (SP) rejeitaram a proposta de 2% de aumento real e 1,5 mil reais de abono — apresentada pelo sindicato pelego, filiado à CUT e aliado aos patrões — entendendo ser pouco para os lucros exorbitantes obtidos pelas montadoras nos últimos três meses. Os operários exigiram 8,3% de reajuste, sendo 4,4% de reposição inflacionária e 3,7% de aumento real, mais um abono de 1,95 mil reais. Mesmo os pelegos dando por encerradas as negociações e tentado impor sua posição à categoria, operários continuaram de braços cruzados, desafiando a direção do sindicato cutista, que acabou atropelado pela base.
O mesmo aconteceu com operários das montadoras da Renault e da Volvo no Paraná, que depois de muita luta contra irrisórias propostas de patrões e sindicato oportunista — também filiado a CUT — conquistaram 3% de aumento real e abono de 2 mil reais, após treze duros dias de greve, encerrada no dia 16 de setembro. Já na Volkswagen / Audi em São José dos Pinhais, também no Paraná, os operários não tiveram a mesma felicidade e, graças às articulações maquiavélicas feitas pelo sindicato cutista, não foram incluídos no acordo. Dia 18 de setembro, eles foram ao Tribunal Regional do Trabalho exigir paridade nos reajustes para trabalhadores de todas as montadoras em greve.
Mais de três mil e quinhentos metalúrgicos comparecem à Assembléia da categoria no Paraná
No mesmo dia, nas cidades de São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, 60 mil empregados dos setores de autopeças, máquinas e equipamentos e componentes ferroviários cruzaram os braços exigindo reajuste de 6,53%, mais abono correspondente a um terço do salário médio do grupo.
Já os operários da Toyota, em Indaiatuba, e da Honda, em Sumaré, ambas em São Paulo, precisaram de apenas um dia de greve — iniciada em 14 de setembro — para conseguir um dos melhores reajustes cedidos à categoria em 2009: 10% equivalente à reposição do INPC mais 5,32% de aumento real.
Na GM, em São José dos Campos, operários também cruzaram os braços e rejeitaram a proposta de aumento da montadora. Eles exigem equiparação do acordo ao reajuste dado para trabalhadores da Honda e da Toyota, a exemplo da mobilização dos operários da Volks, no Paraná.
Por último, dia 24 de setembro, aproximadamente 1,6 mil funcionários da indústria metalúrgica Iesa, em Araraquara, entraram em greve reivindicando um abono de mil reais ou um reajuste maior em relação aos 4,66% que os patrões propuseram.
Em São José dos Campos, metalúrgicos que trabalham nas indústrias fabricantes de peças para a Embraer — Sobraer, Sopeçaero e Pesola, ambas do grupo belga Sonaca — entraram em greve no dia 25 de setembro reivindicando reajuste salarial e participação nos lucros de valor igual ou superior ao pago em 2008.
Bancários em greve
Bancários de São Paulo em Assembléia
A greve de bancários, iniciada dia 24 de setembro, paralisou 2,5 mil agências em todo Brasil no primeiro dia, contando com a mobilização de 29 mil trabalhadores somente em São Paulo, Osasco e região, onde estão concentrados os centros operacionais dos bancos no país.
No segundo dia de greve, a categoria realizou uma passeata que reuniu cerca de duas mil pessoas e percorreu o trajeto da praça Oswaldo Cruz até o prédio do Banco Real, próximo à estação Trianon do Metrô, na Avenida Paulista, onde funciona o escritório de Fábio Barbosa, presidente do Santander e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
No Rio de Janeiro, segundo o sindicato, no mesmo dia, 15 mil trabalhadores cruzaram os braços em 915 agências bancárias.
Para voltar ao trabalho, a categoria exige 10% de aumento real nos salários — além dos 4,5% relativos à inflação dos últimos 12 meses — participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários, acrescidos de 3.850 reais e também a inclusão na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de uma cláusula de proteção ao emprego em caso de fusão entre bancos.
Já a Fenaban (Federação nacional dos bancos) afirmou, por notas no monopólio dos meios de comunicação, que os trabalhadores não estão dialogando com os patrões. Mas de acordo com carta enviada aos patrões pelo Comando Nacional dos Bancários, à qual AND teve acesso, a posição da categoria é clara.
"Considerando que as assembléias gerais da categoria em todo o país ratificaram a posição do Comando Nacional de rejeitar a proposta por considerá— la insuficiente, decidindo deflagrar a greve por tempo indeterminado; considerando que essa entidade patronal tem afirmado pela imprensa estar preocupado com a "falta de negociação" e que o Comando "tem de dizer o que tem de melhorar"; o Comando Nacional dos Bancários, reunido em São Paulo na tarde deste sábado, 26 de setembro, reafirma que a proposta para atender às necessidades dos trabalhadores precisa contemplar aumento real de salário, melhoria da PLR, valorização dos pisos salariais, uma política de preservação dos empregos e mais contratações, melhores condições de saúde, segurança e trabalho, combate às metas abusivas e ao assédio moral, auxílio— educação e plano de previdência complementar para todos."
De acordo com o Comando Nacional de Bancários, nos cinco primeiros dias de greve, dobrou o número de agências paralisadas, chegando a 3,5 mil em todo país na sexta— feira, dia 26 de setembro.
Rondônia parou
Em 24 de setembro, os 10 mil operários que trabalham na construção das usinas Jirau e Santo Antônio, ambas no Rio Madeira, também cruzaram os braços exigindo aumento de salário, plano de saúde, hora extra e melhores condições de trabalho. A pauta de reivindicações foi reafirmada no dia seguinte (25) em passeata realizada pela categoria que percorreu a rua 7 de setembro, uma das maiores de Porto Velho.
— Eles nos tratam como cachorro. Não temos direito a nada, só os encarregados. Na hora do almoço nós ficamos em uma fila enorme no sol, e quando comemos já temos que voltar ao trabalho, sem descansar. Dizem que quando acabar a greve vamos todos ser demitidos. Saímos quase quatro da manhã de casa, e chegamos às oito da noite, pois são duas horas de viagem e essas horas não são contadas. Nós vamos parar, pois além de tudo, não aceitamos que os salários não sejam de acordo com o piso praticado em Porto Velho — afirmou um funcionário de Jirau que não quis se identificar, ao jornal Diário da Amazônia.
Menos de uma semana depois, pedreiros, carpinteiros, eletricistas, montadores, encanadores, apontadores, auxiliares de topografia e pintores, conquistaram um reajuste de 35% e voltaram ao trabalho, depois de acirrada batalha contra os patrões das bilionárias concessionárias Santo Antônio Energia (Santo Antônio) e Energia Sustentável do Brasil (Jirau).
Greve nos Correios
A greve dos Correios, iniciada no dia 16 de setembro, também foi uma das mobilizações proletárias que agitaram o Brasil. As exigências da categoria para voltar ao trabalho incluíam 41 reais de reajuste, além de um aumento linear de 300 reais no piso salarial, que é de 640.
Dez dias depois, pressionados pela mobilização dos trabalhadores, patrões da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) fizeram proposta prevendo aumento salarial de 9% válido para os dois anos, 2009 e 2010, retroativo a agosto, além de um reajuste linear de 100 reais sobre o piso do salário da categoria a partir de janeiro e outras pautas.
PM de Cabral ataca profissionais da educação
Policial ameaça professores com sua arma
Na terça-feira, dia 8 de agosto, profissionais da educação de braços cruzados em todo estado do Rio de Janeiro, com o apoio de aposentados e estudantes, se reuniram em frente à assembléia legislativa durante a votação da incorporação do projeto Nova Escola, para exigir a implementação imediata do benefício e um plano de carreira para a categoria.
Ao final da votação, deputados aprovaram reajuste de 12% sobre 5 anos de serviço, a ser pago parcelado em sete anos aos profissionais.
Do lado de fora da Alerj, professores se revoltaram com o resultado da votação. Ainda segundo os profissionais, o plano de carreira não contemplou os profissionais com 40 horas de trabalho e sendo assim, a greve continuou por mais dois dias. O resultado de quase uma década de negociação, se resumiu à insignificância do benefício conquistado e mostrou claramente de que maneira esse Estado trata a educação pública e seus profissionais.
A polícia de Cabral agrediu os manifestantes, que enfrentaram a tropa de choque. Policiais atiraram bombas de efeito moral no meio da massa, ferindo várias pessoas. Um dos PMs chegou a sacar sua arma e ameaçar os profissionais.
Entre os 11 feridos estavam Luis Ricardo Pereira, de 38 anos, Agraçair Casanova Cunha, de 43, e João Paulo Taniato, de 25 e Gelson Almeida. Eles foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, onde esperaram horas por atendimento. Outro ferido foi o professor Cláudio Ciro Xavier, de 34 anos, que teve sua perna atingida pelos estilhaços de borracha provenientes da bomba. Através de seu blog (http://professorciro.blogspot.com) o educador relatou em tempo real o que estava passando por conta dos ferimentos e, nos dias seguintes, sua impressão sobre o violento ataque do Estado contra os professores. No hospital Souza Aguiar, o descaso não cessou.
"O Estado do Rio de Janeiro, que quer ser sede das Olimpíadas em 2016, jogou uma bomba em cima dos professores! Não temos planos de saúde e não apareceu um representante do Governo para ajudar. Um professor de Artes está com queimaduras de 2o grau. Dentre os professores que levaram borrachadas, com a explosão da "bomba de efeito moral", eu permaneço com um pedaço de borracha dentro de minha perna" — escreveu o professor em seu blog enquanto aguardava atendimento.
Em seguida, professor Ciro descobriu que teria que fazer uma minuciosa cirurgia para extrair pedaços de borracha que ficaram em sua perna, o que mais uma vez, dentre inúmeras outras até então, causou— lhe revolta, detalhada em seu blog consecutivamente.
— Quando você manifesta sua insatisfação, com promessas feitas e não cumpridas por parte de um político, e ainda é recebido com bombas, o que te resta fazer? Mesmo que tenham mandado reprimir os professores com bombas e violência, mesmo que não sejamos tratados com respeito e ainda que para ficar são, eu deva fazer uma cirurgia complexa, eu quero, quando tiver idade avançada, poder olhar para trás e saber que um dia eu lutei com os professores por uma causa nobre.
Para completar, o professor questiona as direções sindicais oportunistas e denuncia uma ausência de comando combativo à frente da desgastada categoria dos profissionais da educação, massacrada há anos por consecutivos gerenciamentos corruptos e fascistas no estado do Rio de Janeiro.
— Qual é o órgão que defende os trabalhadores em educação? A CNTE é uma entidade que representa os profissionais de educação em todo o país. A mesma está muito atarefada fazendo lobby junto aos parlamentares, a fim de aprovar um piso nacional. Aliás, estabelecer um piso único em um país com dimensões continentais como o Brasil, é muito arriscado. Não se pode comparar o custo de vida entre Brasília e o interior do Piauí. O que vai ser de nós professores que moramos em cidades onde o custo de vida é mais elevado? Quanto ao episódio ocorrido no Rio de Janeiro onde vários profissionais de educação foram vilipendiados e, literalmente, tiveram que derramar o seu sangue, apenas para manter os seus direitos, quais os pronunciamentos que a CNTE fez? Que providência tem tomado? Onde está a CNTE? — pergunta o profissional em seu blog.
No dia seguinte, confirmando as palavras do professor Ciro, por decisão do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação, diretores e outros oportunistas, distribuíram flores aos PMs na porta do Palácio Guanabara.
Classismo X Capitulação
A luta dos professores de Pernambuco
Geraldo Couto – Coletivo de Luta dos profissionais em educação de Petrolina
Os profissionais da educação em Pernambuco também passam maus bocados com as manobras feitas pela gerência estadual para fazer passar uma coisa por outra. Para dizer que o piso nacional (950,00) da categoria estava em vigor no estado, a gerência do PSB incorporou benefícios duramente conquistados ao piso da categoria, numa tentativa de dizer que estava cumprindo a lei.
Em janeiro de 2009 houve o reajuste do piso nacional pela câmara dos deputados e pelo Senado Federal em 19,2%, o que fixou o salário dos professores em R$ 1132,40. Mais uma vez o governo se negou a reajustar os salários argumentado que "os reajustes são anuais", portanto, novo reajuste "só no mês de outubro".
Tal situação levou à deflagração da greve no mês de julho último. A Assembléia Geral da categoria, com mais de 1.500 trabalhadores, decidiu que as aulas previstas para reiniciarem, após recesso, no dia 09 julho não retornariam, decretando a greve.
A luta dos professores unificou todos os setores da educação e os pais dos alunos. A pauta de reivindicações entregue aos representantes do governo continha os seguintes itens: cumprimento do pagamento do piso salarial; contratação de professores; revisão do plano de cargos e carreira, convocação dos aprovados no último concurso para professores, técnicos administrativos e educacionais, realizado em 2008
Após as mobilizações, o governo manteve a recusa em negociar. As perseguições e pressões sobre os trabalhadores foram intensificadas. Foram descontados os dias parados durante a greve, para a reposição das aulas foram contratados professores substitutos e vários profissionais estão respondendo a inquéritos administrativos.
O Sindicato oportunista silenciou— se. Mais uma vez a decisão de luta e combatividade da massa trabalhadora foi traída pela capitulação de uma direção oportunista. O Sindicato dos Trabalhadores na Educação de Pernambuco – SINTEPE capitulou. E por trás da capitulação do SINTEPE e do silêncio diante das perseguições aos grevistas intensificadas após o fim da greve estão as disputas e acordos entre PSB/PT dentro do cenário que se desenvolve para o processo eleitoral do próximo ano.
Trabalhadores persistem na luta e recebem reforço
Com o retorno as aulas a Gerência Regional de Educação — GRE pólo Petrolina tentou conduzir ao cargo de diretora da Escola Padre Maurílio Sampaio outra pessoa em substituição a professora Rosana Genovez Mateus que foi afastada de suas funções como punição pelo seu posicionamento durante a greve. Segundo o relato da própria Rosana: "a comunidade, ao tomar conhecimento dos fatos, reagiu, não aceitando a indicação da diretora vinda de Petrolina". Os alunos fizeram uma manifestação na escola contra a permanência da interventora. Encaminharam, com o apoio dos pais, um abaixo— assinado expressando seu rechaço a atitude da GRE e exigindo que a gestora da GRE resolvesse o problema, o que até o momento não ocorreu. A escola ainda se encontra sem diretoria, porém não se permitiu que mais este intento do governo em perseguir e punir grevistas tivesse êxito naquela escola.
Mesmo sem o SINTEPE os trabalhadores da educação de Pernambuco seguem na luta contra as perseguições (muitos estão respondendo a inquérito administrativo), mas, com base no que aconteceu em Santa Maria da Boa Vista, pode— se afirmar com certeza que conta com o apoio e o reforço dos alunos e dos pais, ou seja, apoio e reforço do povo em sua justa luta em defesa da educação no Estado.