Latifundiário ameaça realizar massacre de índios em vídeo
“Se o Governo quer guerra, vai ter guerra. Se eles podem invadir, então nós também podemos invadir. Não podemos ter medo de índio não. Nós vamos partir pra guerra, e vai ser na semana que vem. Esses índios aí, alguns perigam sobrar. O que não sobrar, nós vamos dar para os porcos comerem”. Essa declaração é do latifundiário Luis Carlos da Silva Vieira, proprietário de terras no município de Paranhos, Mato Grosso do Sul, registrada em vídeo que provocou indignação em todo o país.
Nesse vídeo, Luis Carlos revela a preparação dos latifundiários da região para atacar os indígenas Guarani-Kaiowá, legítimos donos daquelas terras. O latifundiário, também conhecido como “Lenço Preto”, não oculta os planos de promover um massacre de indígenas e afirma que os latifundiários da região “tem muita estrutura e o Paraguai é bem pertinho e tem armas para vender”.
AND vem noticiando há várias edições a resistência dos povos Guarani-Kaiowá, que vivem historicamente naquela região. Eles foram expulsos das suas terras a partir da década de 1940 e lutam por sua retomada há décadas.
Nos últimos nove anos, mais de 270 lideranças Garani-Kaiowá foram assassinadas no Mato Grosso do Sul pelos bandos de pistoleiros a soldo do latifúndio.
Desde o início do mês passado os indígenas redobraram sua mobilização para defender a posse de suas terras. Há denúncias de que, no dia 11 de agosto, durante uma grande assembleia indígena, caminhonetes com cerca de 50 pistoleiros cercaram os Guarani-Kaiowá e abriram fogo. Durante duas horas, os indígenas foram perseguidos e internaram-se na mata.
Confronto entre índios e jagunços no Mato Grosso do Sul, 10/08/2012
O indígena idoso e deficiente Juan foi assassinado nesse ataque e teve o corpo levado pelos pistoleiros. Uma criança de 9 meses também foi assassinada e o indígena Eduardo Pires, de 50 anos, está desaparecido.
Em nota, os indígenas protestam contra a postura da polícia militar e da Força Nacional, que, além de não tomar qualquer atitude com os pistoleiros, acusaram os Guarani-Kaiowa de terem provocado o confronto.
“Os fazendeiros estão comprando armas de grande porte, munição e contratando pistoleiros do Paraguai. Sem contar com os pistoleiros da Sepriva (empresa de segurança privada)“ – denunciou uma liderança indígena à revista Caros Amigos de 20 de agosto de 2012.
Em 23 de agosto, os indígenas do acampamento Tekoha Arroio Kora denunciaram que receberam novas ameaças e que uma barraca foi destruída por pistoleiros da fazenda Porto Domingos, da qual o latifundiário Luiz Bezerra é reclamante. O pistoleiro, identificado pelos Gaurani-Kaiwá como Francisco Paraguai, teria ameaçado: “Vim avisar vocês que vão ser atacados e todos serão mortos”.
Os indígenas acusam o gerenciamento Rousseff de cumplicidade com o genocídio dos povos Guarani-Kaiowa e denunciam que, até o momento, a única atitude do governo foi enviar as forças de repressão para a área de conflito.
Rondônia: índio Kaxarari é assassinado por pistoleiros
João Oliveira da Silva Kaxarari foi assassinado na noite 26 de agosto no ramal da Mendes Junior, estrada que dá acesso ao sul do Amazonas, município de Lábrea. Segundo relato dos líderes indígenas, Ari e Zezinho Kaxarari, o índio assassinado já lhes tinha procurado para comunicar ameaças de morte que vinha sofrendo de latifundiários e grandes madeireiros.
Os indígenas denunciam invasões de suas terras por latifundiários para a criação de gado e monoculturas para a extração ilegal de madeira, furto de minério, etc.