Aproxima-se o segundo turno das eleições municipais. As propagandas de candidatos à reeleição insistem em afirmar maravilhas de suas administrações, das gerências estaduais e federal. Na contra-mão, seguem os trabalhadores, declarando greve e exigindo seus direitos, mostrando que nem tudo é um mar de rosas no Brasil da exploração e do desemprego.
Metalúrgicos
Os metalúrgicos de várias montadoras do Paraná e de São Paulo realizaram uma combativa greve durante a primeira semana de setembro. Foram mais de vinte mil metalúrgicos de braços cruzados. A tática foi a greve-pipoca. Cada dia uma fábrica era escolhida para parar, sem aviso prévio. Os metalúrgicos pediam entre 5 e 9% de aumento real. Inicialmente, o Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea) ofereceu 1,25% de aumento.
A greve terminou com muitas vitórias por parte dos operários. Os trabalhadores da Volks (SP), Volvo (PR) e da Renault (SP) tiveram reajuste salarial de 10% e um abono de R$1.600,00. Os dias de greve também não serão descontados dos trabalhadores. Já os trabalhadores da Volks do Paraná, permaneceram mais cinco dias em greve e conseguiram 11% de aumento salarial e abono de R$ 2mil. Os metalúrgicos da Honda, em Campinas (SP) conseguiram 14,95% de reajuste salarial.
Mal terminou a greve dos metalúrgicos das montadoras de carros, os metalúrgicos do setor de autopeças do ABC paulista decretaram greve geral por tempo indeterminado. Eles também reivindicaram 11% de aumento salarial. A paralisação durou alguns dias e as empresas acataram as exigências dos grevistas.
Professores
Os professores do Distrito Federal (DF) realizaram manifestação em frente à Câmara Legislativa do DF, no dia 16 de setembro. Eles prometem uma grande greve para o início de outubro. Eles reivindicam a implantação do Piso Nacional do Magistério e a aprovação do Plano de Carreira da categoria.
No estado de Goiás, a greve dos professores e funcionários da rede estadual, que durou 58 dias, acabou no dia 26 de setembro. A Secretaria da Fazenda do estado assumiu, em nome do governo, o compromisso de apresentar, para janeiro, um índice de reposição salarial compatível com as exigências da categoria.
Minas Gerais
No dia 22 de setembro, entraram em greve os médicos de São João Del Rei, Minas Gerais. A paralisação se estendeu até o dia 25 e teve 100% de adesão. A categoria reivindicou redução da jornada de trabalho e criação de uma carreira específica, além de aumento salarial. A redução da carga horária foi atendida e o Plano de Cargos, Carreiras e Salário encaminhado à votação, mas o aumento salarial foi rejeitado, uma vez que o Tribunal de Contas da União considerou que o "momento político inviabiliza o acréscimo de salários".
São Paulo
No último dia 15 de setembro paralisaram as atividades a Polícia Civil de São Paulo. Os policiais estão parados em São Paulo, Alumínio, Araçariguana, Mairinque, Catanduva e São Roque. Eles exigem reajuste salarial, melhores condições de trabalho e a saída do secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão. A paralisação é por tempo indeterminado.
No Grande ABC paulista, no último dia 29, 95% dos bancários realizaram paralisação de 24h. A paralisação é um ensaio para uma greve prometida pela categoria, caso a Federação Nacional dos Bancos não apresente uma proposta compatível com a exigência de aumento salarial de 13,23% e aumento no vale-alimentação e auxílio-creche, feita pela categoria. Eles também reivindicam melhores condições de trabalho, fim do assédio moral e pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) com valores fixos de 3 salários mínimos mais R$3,5mil.
Rio de Janeiro
Os servidores do judiciário do Rio de Janeiro estão em greve desde o dia 22 de setembro. A paralisação só acaba quando a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro votar o aumento salarial de 7,3%. A greve se estende pelo interior do estado. A adesão é de cerca de 90% dos 350 servidores, de acordo com a diretoria do Sind-Justiça.
Pernambuco
No dia 26 de setembro, os trabalhadores da saúde de Pernambuco decretaram greve geral por tempo indeterminado. No mesmo dia, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) entrou com uma ação judicial pedindo a ilegalidade da greve. A categoria ficou extremamente revoltada com a decretação da ilegalidade da greve, uma vez que eles não foram chamados pra negociar com o governo ainda.
A greve é eminentemente política. A categoria protesta contra a criação de Fundações privadas para administrar os hospitais públicos no estado. Os trabalhadores temem que a presença das Fundações represente a privatização dos hospitais públicos, já que esta foi a tendência verificada onde elas foram instaladas, como as universidades.
Mato Grosso do Sul
Os agentes penitenciários estão em greve desde o dia cinco de setembro. Eles são contra a Medida Provisória que aumenta a carga horária e as funções da categoria sem aumentar os salários. Metade dos agentes continua trabalhando por determinação judicial.
Roraima
Diversas categorias profissionais estão paralisadas. Os funcionários do Poder Judiciário entraram em greve no dia 20. Eles exigem 2,5% de aumento salarial e confirmação do Plano de Cargos e Salários. Além disso, querem o retorno de benefícios que foram retirados em 2007, como a jornada de 6h, remuneração de horas extras e plantões judiciais.
Os médicos paralisaram as atividades no dia 27 de setembro, exigindo a criação de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários, reajuste salarial de 36,3%, melhores condições de trabalho e convocação dos médicos aprovados no último concurso público.
Os funcionários do Detran aderiram ao movimento grevista no último dia 29 e exigem um acordo formal com o governo, garantindo que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários somente seja votado na Assembléia Legislativa após discussão com os trabalhadores. Eles também exigem reposição salarial de 59,62% e reajuste de 13,56%.